Aracaju (SE), 29 de abril de 2025
POR: Almeida Lima
Fonte: Almeida Lima
Em: 16/07/2018 às 21:00
Pub.: 16 de julho de 2018

A saúde nua e crua - Parte II :: Por Almeida Lima

...As manobras dessa figura medíocre tinham por objetivo atropelar a gestão da saúde, pois a sua alma, de tão mesquinha, doía ao ver a nossa gestão cumprindo a meta de “fazer mais, com menos”...

 

Almeida Lima*

Almeida Lima - (Foto de arquivo: Rosevelt Pinheiro/Agência Senado)

Almeida Lima - (Foto de arquivo: Rosevelt Pinheiro/Agência Senado)

Já afirmei que a terceirização foi das piores maldades de Rogério Carvalho contra a saúde dos sergipanos (A saúde nua e crua – Parte I). Foram esses contratos que mais contribuíram para anular a capacidade de financiamento da saúde. Embora seja uma prática danosa, o governo insiste em mantê-la, mesmo sendo uma atitude contraditória, pois, se a sua pregação é a de um estado falido, sem dinheiro para investimentos, para pagar aos fornecedores e nem mesmo ao servidor, por que continuar a jogaro dinheiro público no lixo?

Abro um parêntese para um relato: quando da posse eu afirmei que iria “fazer mais, com menos”. Sabia ser difícil. O caos estava generalizado e o descrédito era absoluto .Decidi enfrentar com um choque de gestão cujos fundamentos acentuaram a presença de autoridade, de seriedade, de melhoria dos serviços, resultando o sentimento de credibilidade e esperança.

Era preciso fazer, e foi feito. Mas a reação de quem perdia privilégios também foi imediata e impiedosa. Ela se manifestava no rádio, na TV, nos artigos e notinhas da imprensa desonesta. Na mesma vala se somaram os adversários políticos blasfemando ao lado de gente invejosa: aqueles que tiveram oportunidade de fazer e nunca fizeram. Resisti por todo tempo sem fraquejar nem atender a interesses espúrios, por mais pressão que houvesse, embora sempre contasse com o apoio de Jackson Barreto para as mudanças.

Lastimável é que inúmeras pressões partiam de elementos desprezíveis do próprio governo, embora as mais medonhas fossem de Belivaldo Chagas. As manobras dessa figura medíocre tinham por objetivo atropelar a gestão da saúde, pois a sua alma, de tão mesquinha, doía ao ver a nossa gestão cumprindo a meta de “fazer mais, com menos”.

Em maio de 2017 apresentei uma proposta para encerrar os contratos de terceirização dos serviços de limpeza (Multserv), de segurança (Sacel) e de mão-de-obra (Embrapes). Os serviços passariam a ser realizados por administração direta e a economia mensal seria de R$ 3.242.621,22 (três milhões, duzentos e quarenta e dois mil, seiscentos e vinte e um reais e vinte e dois centavos), equivalentes a R$ 38.911.454,64 (trinta e oito milhões, novecentos e onze mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e sessenta e quatro centavos) em um ano. Teria sido um grande tento. Um golpe contra a sangria do dinheiro da saúde, mas as manobras de Belivaldo Chagas não permitiram esse ganho.

Com R$ 58 milhões de reais, valor da economia em um ano e meio, daria para construir o Hospital da Criança (R$ 22.000.000,00), e realizadas as reformas e ampliações dos hospitais de Glória, Itabaiana, Socorro, Estância, Huse e Maternidade Hildete Falcão. Revoltante e execrável o comportamento de Belivaldo Chagas que impediu a execução desse projeto, privando a população de receber os benefícios de uma rede hospitalar qualificada.

Assim, comprova-se o quanto a terceirização é danosa. A saúde está totalmente terceirizada. São mais de cinquenta contratos, enquanto que, nessa única hipótese, são apenas três. Rogério Carvalho criou as três famigeradas fundações para a gestão da saúde. Hoje elas servem apenas para contratar as terceirizações. A sangria financeira iniciada por Rogério Carvalho teve continuidade com Belivaldo Chagas. Não sem razão ambos são aliados fidagais e, juntos, numa dupla perfeita, igual às que batem uma boa pelota, administram a saúde pública de Sergipe, pois é fato que Rogério Carvalho voltou a ser o maior indicador dos comissionados para a secretaria de saúde e suas fundações.

Sempre disse que o problema da saúde era de gestão, e não de orçamento. Hoje estou mais convicto e quem contesta essa afirmativa é porque, ou desconhece essa realidade, ou defende outros interesses. No mais, algumas cabeças imbecilizadas precisam entender que, no caso concreto da saúde pública estadual, além da existência dessa famigerada terceirização, deve-se considerar dois fatores: primeiro, que o governo não libera para a saúde o valor constitucional mínimo de 12% da receita líquida do estado, e; segundo, a existência de um passivo financeiro enorme deixado pela dinastia Rogério Carvalho, cujo débito precisa ser liquidado gradativamente para que não haja corte no fornecimento de insumos e medicamentos.

Na continuidade deste artigo (Parte III), abordarei o outro fator determinante para a estruturação da saúde que é a adoção de uma política baseada em fundamentos que venham a contemplar as necessidades do povo.


*É advogado, ex-deputado estadual e federal, ex-prefeito de Aracaju, ex-senador e ex-secretário de Estado da Saúde de Sergipe.

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