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Aracaju (SE), 19 de julho de 2025
POR: José Lima Santana
Fonte: José Lima Santana
Em: 18/07/2025 às 15:06
Pub.: 18 de julho de 2025

A taxação "trumpista" :: Por José Lima Santana

José Lima Santana*

José Lima Santana (Imagem: Arquivo Pessoal/José Lima Santana)

Não quero, nem devo discorrer sobre questões políticas que envolvem sujeitos da vida político-partidária, político-administrativa ou judiciária brasileira, nesses tempos tão conturbados da vida nacional, especialmente em face da polarização que se acentuou nos últimos anos, entre dois blocos que têm se digladiado nas urnas. 

Quero, como cidadão brasileiro, refutar a posição do espalhafatoso, para dizer o mínimo, presidente dos Estados Unidos da América, em anunciar, em carta endereçada ao presidente brasileiro, mas postada em seu endereço virtual, e não enviada diplomaticamente, como deveria ser, a taxação de 50% sobre produtos nacionais a serem importados por empresas norte-americanas. 

O que estamos vendo é a arrogância, a prepotência da ainda intitulada superpotência econômica e militar do mundo, cuja preponderância não se sabe até onde poderá ir, diante de um mundo que precisa respirar novos ares, sem que, com isso, se venha a ter que alijar o país do Tio Sam do processo de reestruturação da ordem mundial. Ou alijando-o. Depende. Os ciclos da História mostram a ascensão e a queda dos Impérios, desde a Suméria mesopotâmica. 

O mote da arrogância “trumpista” é uma intromissão nos assuntos internos brasileiros. Não somos o quintal dos Estados Unidos. Nunca fomos, embora, em certo tempo tenebroso que vivemos, lá atrás, alguns pareciam entender que sim. Nenhum país soberano é quintal de outro, mesmo os países ditos pequenos, ou seja, economicamente pobres, muitas vezes explorados pelo neocolonialismo globalizante. 

O Brasil pode, na visão do hemisfério Norte, ser terceiro-mundista ou em desenvolvimento, como queiram, uns ou outros, mas não é um paisinho qualquer. Longe disso. É pena que alguns dos nossos governantes, ao longo de nossa história, não tenham agido como deveriam, na afirmação do nosso país no concerto das Nações. Alguns dos nossos mandatários deixaram a desejar. Não precisamos de gente desse tipo, como não precisamos de gente que vive arrotando bravatas, dizendo infantilidades pela boca. 

A soberania é imperiosa para qualquer Estado independente. Como já afirmava Georg Jellinek, na Alemanha do século XIX, os elementos constitutivos do Estado são povo, território e governo. Esses elementos são considerados essenciais para a existência do Estado, sendo o povo o elemento humano, o território o elemento material e o governo o elemento político, que deve assegurar a soberania. 

Não é o presidente aloprado de um país quem deve dizer o que deve ser feito por qualquer outro país, intrometendo-se de forma ridícula nos assuntos internos, que não competem a ninguém além do próprio aparato político-constitucional do outro país. Respeite-se a autodeterminação dos povos. 

Arvorar-se em ser o “Xerife” do mundo não cabe mais, se é que um dia coube, aos Estados Unidos, ou a qualquer outro país, China, Rússia ou o diabo a quatro. Se os norte-americanos elegeram um “Xerife”, que fiquem com ele. O mundo não precisa dele. Muito menos o Brasil. 

Almejar ser o “mandachuva” com intromissão em país alheio, como se fosse o seu próprio território, só cabe mesmo na cabeça alaranjada do tresloucado republicano de ocasião, pois, na verdade, ele não pertence, por ideologia, a nenhum partido lá deles. 

Um adendo, que considero importante: a raiva, se posso dizer assim, do presidente norte-americano contra o presidente brasileiro dá-se, talvez, por conta do discurso deste na reunião dos BRICS, ao falar no anseio desse grupo em criar uma nova forma de garantir as transações comerciais, substituindo o dólar como moeda-padrão. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o padrão tem sido esse, o dólar. É hora, sim, decorridos 80 anos, de os países buscarem outro modo de garantir suas transações comerciais. 

Considero que, embora fosse o anfitrião, o presidente brasileiro deveria ter deixado a fala para a China ou a Rússia, por exemplo. Nem sempre Davi tem em mãos a funda e a pedra para acertar Golias. Grosso modo falando, o mesmo ocorreu com o governador João Alves Filho, em 2003, quando ele, em nome dos demais governadores, aqui em Aracaju, protestou contra o governo federal, que, à época, queria implementar uma reforma tributária, que prejudicava alguns Estados. A raiva do presidente de ontem, que é o de hoje, recaiu sobre João, que pagou um preço tão alto, a ponto de prejudicar sob vários aspectos o seu projeto de reeleição, em 2006. 

A soberania brasileira deve ser defendida contra quem quer que seja. O alaranjado disse, na última terça-feira, que taxava o Brasil porque podia. Pode mesmo. Mas, não pode nos governar.

*Padre (Paróquia Santa Dulce dos Pobres – Aruana - Aracaju), advogado, professor da UFS, membro da ASL, da ASLJ, da ASE, da ADL e do IHGSE.


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