O Brasil é o principal entrave do próprio crescimento econômico :: Por Marcio Rocha
Em tempos de inflação cada vez mais alta, subindo aceleradamente desde o período mais complexo da pandemia e com o setor produtivo ficando parado por vários meses, deixando a conta para chegar agora, percebemos o quanto o Brasil é um país cada vez mais caro e difícil para que as pessoas consigam se manter e sobreviver. Muito se fala sobre algo chamado de “Custo Brasil”. Vamos descomplicar a economia e entender melhor o que é isso e como isso impacta nas nossas vidas?
O Custo Brasil é a maneira popular à qual se refere ao conjunto de problemas estruturais, trabalhistas, burocráticos e econômicos que travam o processo de crescimento econômico do mercado. Esse fator faz com que os preços dos produtos sejam mais altos e levem o mercado nacional a um processo de baixo desenvolvimento, atravancando assim a geração de emprego e renda para as pessoas, a criação de novos negócios e dificultando a sobrevivência empresarial no país. Vale lembrar que nove em cada 10 empregos brasileiros são oriundos da iniciativa privada.
Incentivos fiscais para determinados grupos de setores empresariais brasileiros, como a desoneração da folha de pagamento, renúncia fiscal para alguns, excesso de carga tributária para outros, além do famigerado custo do transporte, principalmente decorrente do preço alto do combustível, impedem que as empresas invistam mais e trabalhem um maior processo de crescimento e geração de emprego. Se a empresa não cresce, não terá mais trabalhadores contratados, simples e direto.
O Brasil é um país cujo Código Comercial data de 1850, época em que o universo comercial era completamente diferente da atualidade e isso é o maior problema que as empresas enfrentam, já que não há segurança jurídica para sua atuação. Não é à toa que existem bilhões de processos nas justiças do trabalho e comum envolvendo as empresas. Ter um novo Código Comercial é essencial para que o país suba nos trilhos do desenvolvimento e consiga seguir em direção ao crescimento real, não ficar somente com o popular “voo de galinha”, saindo do chão e pousando um metro adiante. Crescer somente 1%, 2% anuais é muito pouco para um país com o potencial industrial, comercial, de serviços e principalmente de turismo e extrativo mineral que o Brasil tem.
Elementos que formam o Custo Brasil: custo do dinheiro elevado, diante dos valores absurdos que são pagos em juros de empréstimos para as empresas e pessoas físicas; algumas falhas ainda existentes na legislação trabalhista; a muito baixa qualidade da educação do povo brasileiro, que infelizmente não é preparado desde cedo para saber gerir sua vida financeira, a total falta de infraestrutura para a população, como transporte, eletrificação, saneamento básico, telecomunicação; a baixa remuneração destinada ao trabalhador, pois a média salarial não atinge nem três salários mínimos; a insegurança jurídica e burocracia excessiva pela falta de um Código Comercial e desequilíbrio fiscal, pois isso afeta as relações de trabalho, meio ambiente, tributação, regulação econômica e comércio exterior. E indo além, chegamos à baixa qualidade dos serviços públicos.
Para o Brasil reverter esse quadro e deixar de ser o principal entrave do próprio desenvolvimento são necessárias ações diretas como simplificar a carga tributária; trabalhar a modernização e ampliação das obras de infraestrutura; estimular o surgimento de novos negócios e atração de investimentos; diminuir urgentemente o custo do dinheiro, ou seja financiamentos, crédito direto ao consumidor, taxas de juros reduzidas; e investir na educação de base fundamental, estendendo-se até a qualificação profissional.