Da crise ao otimismo: passos que devemos seguir :: Por Marcio Rocha
Marcio Rocha - Imagem: arquivo pessoal
É necessário entender que ao longo dos últimos anos, Sergipe foi abatido severamente por uma crise econômica sem precedentes para a renda das famílias e cofres do Estado, com o abatimento que a população sofreu de 2016 até os dias atuais. As famílias, segundo pesquisas da Fecomércio, tiveram sua renda diminuída, devido aos fatores que provocaram o encolhimento do número de pessoas empregadas no estado, o que implica na redução de receita circulante nas atividades econômicas. Naquele ano, segundo o Ministério do Trabalho, 15.653 sergipanos perderam seus postos de trabalho, o que provocou um grande impacto na movimentação de riquezas no estado. Em 2017, o número foi menor, mas o desemprego atingiu mais 1.381 pessoas.
O ano de 2018 já foi marcado pela retomada do crescimento do número de pessoas empregadas no estado, pois foram gerados 841 novos postos de trabalho no ano. Isso é um sinal de que a economia já começa a apresentar resultados mais brandos em termos de recuperação. Contudo, no somatório dos anos, a gravidade permanece em voga em nosso estado. Temos que recompor o otimismo do estado e de seu povo, buscando a geração de oportunidades, sendo o incentivo à criação de empresas uma dessas oportunidades, por meio do incentivo à criação de empresas. Serão essas que irão recolocar as pessoas de volta ao mercado de trabalho, aumentando o grupo da população economicamente ativa do estado, elevando a circulação de receitas para o Estado e dando mais dignidade para os sergipanos terem orgulho de viver no menor estado do país, mas com potenciais extremos para se tornar um dos mais prósperos.
Não existe uma fórmula específica para gerar emprego. A classe política apresenta projetos, propostas e discussões, mas falta ação em conjunto, considerando que uns defendem os projetos de seu interesse, em detrimento de outros apresentados. É necessário que se faça um estudo aprofundado do mecanismo de geração de emprego, principalmente nos setores que mais projetam a economia sergipana. Os setores de Serviços, Agropecuária e Turismo. Investir no agronegócio eleva a oferta de produto para a indústria, que elevando sua produção escoa para o comércio, que atende o consumidor. E aí, nesse contexto, tendo o próprio empregado como consumidor, pois é o trabalhador que vai levar sua renda para movimentar a economia, o que fecha o ciclo produtivo de forma positiva, elevando Sergipe como um estado bom para se viver.
O momento atual demanda mais atenção para o estímulo por meio da redução da carga tributária das empresas, para que estas tenham condições de oportunizar a abertura de novos postos de trabalho. Promover o incentivo às microempresas, pois são elas as principais promotoras do emprego em todo o país. Os investimentos em tecnologia e inovação serão fundamentais para que tenhamos novas oportunidades de negócio para o estado. Em tempos da evidência do alto desenvolvimento tecnológico, temos um dos potenciais celeiros de incubação e aceleração de startups do Brasil, o Inova + Sergipe, desenvolvido pela Fecomércio em parceria com diversos atores do cenário local. A junção das entidades empresariais, com os agentes públicos tem dado resultados alvissareiros para os empresários inovadores, e isso poderá vir a ser a redenção da economia do nosso estado em médio prazo.
Melhorar o ambiente de negócios é fundamental para que Sergipe consiga dar uma guinada para o crescimento, seguindo em ritmo acelerado oportunizando de maneira elevatória o nível de emprego. Para isso é necessário que haja o diálogo entre representantes de classe empresarial e poder público das três esferas, para que em conjunto, consigam encontrar soluções para problemas crônicos que afligem a economia há décadas, mas são tratados com paliativos e não com soluções eficazes. O alinhamento do estado, municípios e união com a classe empresarial pode provocar uma transformação superlativa, um verdadeiro axioma do desenvolvimento.
Parcerias público-privadas são essenciais para diminuir a oneração dos cofres públicos com aparelhos que podem ser concedidos à iniciativa privada, a exemplo do Batistão, Rodovias, juntamente com grandes obras de estruturação, que poderiam transformar para melhor a realidade dos sergipanos, assim como as Centrais de Abastecimento, espaços públicos de uso coletivo de alta rotatividade, como os Teatros Atheneu e Tobias Barreto, por exemplo, a Orla da Atalaia e parques estaduais, além de equipamentos abandonados, a exemplo do hoje infame Hotel Palace e o Centro de Convenções do Estado. Arranjos nas PPP’s podem constituir oportunidades para grandes obras de infraestrutura, promoção do turismo e fomento da economia.
Os investimentos na economia criativa, nas unidades de cooperação e arranjos produtivos locais, devem ser feitos de forma parceira entre poder público e grandes empresas, pois se multiplicariam as unidades fabris pequenas pelos municípios do interior, alimentando as microrregiões e centros urbanos com uma maior variedade de produtos, dando competitividade para as empresas e trazendo preços mais convidativos para o consumidor.
Trabalhar na capacitação profissional das pessoas, preparando os trabalhadores para setores intensivos de mão de obra, também é importante. Para sair da crise e chegar ao otimismo, urge uma política de qualificação de médio e longo prazo, em três partes: educação de base, educação profissionalizante e educação empreendedora. Esses pilares formarão um estado com a economia mais sólida e mais pujante nos próximos anos. Os resultados não serão imediatos, mas serão sentidos gradativamente, com a elevação do número de pessoas recolocadas no mercado de trabalho.
Por Marcio Rocha
Recebido em 09/08/2019 10:50, publicado em 25/08/2019 13:28
Contato: Marcio Rocha - marciorocha@fecomercio-se.com.br
Marcio Rocha - Imagem: arquivo pessoal