Precisamos salvar vidas, mas também salvar quem as mantém :: Por Marcio Rocha
Marcio Rocha (Foto: Arquivo pessoal)
Uma grande preocupação dos líderes mundiais é como recuperar a economia depois que a pandemia passar, como passaram tantas outras, a exemplo da gripe espanhola, da primeira pandemia de coronavírus (SARS-COVID), entre outras. Países com grande lastro financeiro terão dificuldades para isso, mas conseguirão passar com mais facilidade que o Brasil. Nosso país, devastado pela corrupção, hoje sofre com a falta de capacidade para administrar como será a vida depois que passar a quarentena. A realidade de Sergipe não é diferente. Teremos problemas quase insolúveis, devido à completa paralisação da atividade econômica.
O setor terciário é o que mais sofre com esse impacto, pois é quem mais emprega sergipanos. São quase 410 mil pessoas que trabalham na iniciativa privada, do total de 615 mil pessoas empregadas no estado, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), divulgada pelo IBGE no final do ano passado. Com as atividades suspensas, sendo mantidas apenas as atividades essenciais, movimentação de riquezas foi à bancarrota e isso está atravancando toda a cadeia produtiva do estado. Algo precisa ser feito para evitar que além de vidas, percamos como possamos mantê-las.
Fiz um estudo com base nos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do comércio e serviços do estado, para entender melhor os danos na economia do estado no setor. Somente nesta semana, o comércio perdeu aproximadamente 562 milhões de reais em circulação de riquezas. Ou seja, são R$ 80.3 milhões por dia que deixam de circular no comércio. Nesse montante, estão inclusos os salários e todo o valor adicionado, o que acende a luz de alerta para uma questão que precisa ser tratada com urgência, o desemprego.
A temeridade é que se não houver um programa eficiente de distribuição de renda para as pessoas mais pobres, em caráter de urgência, além de planos para salvação das empresas, demoraremos a nos recuperar dessa crise de saúde e econômica. Não creio que o estado tenha sofrido algo desse tipo em sua história, mas é necessário que além de proteger as vidas das pessoas, se garanta o ambiente de negócios para que o contingente de desempregados dispare de forma descomunal. Se as atividades se mantiverem interrompidas por um mês, a economia sergipana perderá 2.2 bilhões de reais somente no comércio e serviços.
A situação requer que o governo federal tenha um plano realmente eficiente para ajudar as empresas nesse momento acroático, além de medidas de Estado e Município que consigam aliar a preservação da vida, mantendo o distanciamento social de modo equilibrado com a retomada das atividades comerciais, para evitar maiores danos ao quadro econômico já combalido de Sergipe.