Preço do aço dispara e prejudica economia :: Por Marcio Rocha
Márcio Rocha (Foto: Arquivo Pessoal)
O insumo com preço elevado está criando uma condição de desabastecimento, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Para 84% das construtoras, há dificuldade para conseguir comprar e receber aço para seus empreendimentos. Os empresários do setor culpam a indústria siderúrgica pelos problemas, relacionando diretamente à instabilidade no preço do produto. Para reduzir essa dificuldade, os representantes do setor sugeriram ao Governo Federal a redução no imposto sobre importação do aço, com a finalidade de diminuir a condição alegada por eles de desabastecimento.
Empresários do setor em Sergipe, em conversa com a coluna, informaram serem reféns do oligopólio que domina o mercado nacional, e acreditam que a sugestão da CBIC de redução dos impostos seria um caminho prático para equilibrar a relação de consumo, aumentando a oferta aceira no país. Segundo eles, as dificuldades para a compra do aço estão provocando o atraso das obras, porque além da carestia no valor do produto; que acumula elevação de preço de 130% nos últimos 12 meses; e a demora para entrega, não existe competitividade no mercado para que possam encontrar melhor preço para execução de seus trabalhos.
O presidente da CBIC, José Carlos Martins, foi claro ao dizer que “as siderúrgicas estão fazendo terrorismo, cada mês colocando uma tabela no mercado com 8, 10, 15% de aumento”. Ou seja, nessa condição condicionante, as empresas do setor têm sofrido bastante para conseguir honrar os seus contratos, pois investem cada vez mais recursos na compra de um único produto, que é essencial para a atividade. E a saída, neste momento seria promover um equilíbrio de preços no mercado interno com a abertura de facilidades para a entrada de aço estrangeiro no país, aumentando a oferta de compra.
No Brasil, apenas três empresas controlam o mercado de aço para a construção civil, o que em uma economia em expansão torna-se um contrassenso por ser um oligopólio e oligopsônio ao mesmo tempo. Considerando que elas exercem o poder de mercado, controlando do modo que desejam o processo produtivo, mantendo não somente a indústria da construção como refém, mas outras atividades que também possuem alta demanda, como a de bens de consumo e a automotiva. É necessário expandir o mercado para que a construção volte a elevar sua produtividade. Uma das principais consequências da inconstância do preço de um dos principais insumos para a construção está no abandono de obras públicas contratadas. Pois a variação da precificação do aço impede que os contratos sejam cumpridos dentro dos preços licitados.