Aracaju (SE), 23 de novembro de 2024
POR: Marcio Rocha
Fonte: Marcio Rocha
Em: 12/05/2023 às 19:12
Pub.: 12 de maio de 2023

A Embratur realmente funciona? :: Por Marcio Rocha

Marcio Rocha - Foto: Arquivo Pessoal

Marcio Rocha - Foto: Arquivo Pessoal

Marcio Rocha*

O Brasil é um país rico em recursos naturais e culturais, com destinos turísticos deslumbrantes e diversificados, como praias, florestas, cidades históricas e monumentos icônicos. No entanto, o país não está entre os 40 destinos internacionais mais visitados do mundo. Isso indica uma falha grave na promoção do Brasil como destino turístico no mercado externo, o que tem impactado negativamente a economia, considerando que o turismo é um setor importante para o país.

A Embratur, órgão responsável pela promoção do turismo brasileiro no exterior, tem sido criticada por sua ineficiência em cumprir o seu papel. A falta de investimento em campanhas de publicidade, a falta de incentivos fiscais para empresas turísticas e a falta de planejamento estratégico têm afetado a imagem do Brasil como destino turístico, o que tem prejudicado os negócios e a economia do setor.

Alia-se a isso, para depreciar ainda mais o país no mercado internacional, o custo alto do transporte aéreo para Brasil, a falta de infraestrutura para atendimento aos turistas, pois temos muitas belezas naturais e destinos muito interessantes, que não possuem capacidade nenhuma de recebimento, devido à ausência de investimentos em infraestrutura. Isso tudo ainda, sem levantar a péssima imagem que o Brasil tem no exterior, como a violência urbana em alto grau, principalmente na porta de entrada do país, o Rio de Janeiro.

É ainda mais vergonhoso para a Embratur, o atestado de ineficiência de seu trabalho ao vermos que ministérios de relações exteriores de países estrangeiros orientam aos viajantes de seus países quando vão ao Brasil, em seus sites institucionais. O da Alemanha informa claramente: “o risco de se tornar vítima de um assalto ou outro crime violento é significativamente maior no Brasil que nos países da Europa Ocidental”. Onde está a Embratur para provar o contrário disso?

Comparando com outros países do mundo, o Brasil tem ficado para trás. Em 2022, por exemplo, foram registrados apenas 2,8 milhões de desembarques em território brasileiro de passaportes estrangeiros, enquanto a França, o destino de turismo mais popular do mundo, recebeu mais de 117 milhões de pessoas no mesmo período. Esse dado indica uma diferença gritante entre a promoção de um destino turístico eficiente e inovador e a falta de esforços que tem caracterizado a Embratur. O Brasil inteiro recebe menos turistas que uma única cidade japonesa, Osaka, que teve 8.4 milhões de visitantes.

É importante destacar que o orçamento da Embratur em 2022 foi de 315 milhões de reais, valor bastante considerável. Entretanto, o retorno sobre esse investimento não foi compatível com o montante destinado. Ao dividir o orçamento pela quantidade de visitantes estrangeiros, temos um custo médio de cerca de R$ 112 por turista, o que é um valor elevado quando consideramos que esse é apenas um dos muitos custos envolvidos no turismo.

Outra questão que precisa ser levantada é a retirada de 5% dos recursos do Sesc e do Senac para financiar a Embratur. Essa medida é inconstitucional, pois o objetivo central dessas instituições é oferecer serviços de turismo social e capacitação profissional, respectivamente. Essas iniciativas são essenciais para permitir que as pessoas mais pobres no Brasil consigam se deslocar pelo país e conhecer sua rica diversidade cultural. Além disso, o Senac oferece cursos de qualificação para os profissionais do setor, o que contribui para a excelência no atendimento aos turistas estrangeiros e nacionais.

Diante desse cenário, é urgente que o Brasil invista em políticas públicas destinadas a promover o turismo no país, gerando empregos e renda, além de proporcionar oportunidades para que as pessoas conheçam as belezas naturais e culturais do Brasil. Para isso, é necessário que o governo acate as demandas dos setores envolvidos com o turismo e que sejam criados mecanismos que possam resolver os entraves que prejudicam o desenvolvimento do setor.

*Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.


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