A dinâmica da produção agrícola de Sergipe em 2023 :: Por Marcio Rocha
No ano de 2023, Sergipe destacou-se em diversos aspectos da produção agrícola, conforme indicam os dados recentemente divulgados pelo IBGE. De acordo com os dados, o valor ultrapassa surpreendentes R$ 2.37 bilhões de movimentação. O que é uma soma muito auspiciosa para o estado. A produção de milho, cana-de-açúcar e laranja, em particular, merece uma análise mais detalhada devido às suas implicações econômicas e regionais significativas. Afinal, R$ 1.6 bilhão vieram somente do milho, laranja e cana, mostrando um posicionamento importante do estado em nível nacional.
Milho
Em 2023, Sergipe alcançou uma produção impressionante de 874.463 toneladas de milho, marcando a segunda maior safra da história do estado desde que os registros começaram em 1974. Este aumento não só reforça a posição de Sergipe como um dos principais produtores do Nordeste, mas também destaca sua importância crescente no cenário agrícola nacional. Do valor total da produção agrícola sergipana, o milho respondeu por R$ 1.021 bilhão.
Analisando os resultados dos últimos anos da produção de milho, a cultura mostra uma trajetória de recuperação e crescimento robusto após um período de declínio acentuado em anos anteriores, entre 2014 e 2016 e outra queda drástica em 2018. Isso pode ser atribuído a uma combinação de fatores como melhorias nas técnicas de cultivo, investimentos em tecnologia agrícola e condições climáticas favoráveis. Este sucesso reflete a resiliência e a capacidade de adaptação dos agricultores sergipanos.
Laranja
Por outro lado, a produção de laranja apresentou uma tendência de declínio constante ao longo da última década, com a produção caindo para 394.859 toneladas em 2023. Este número coloca Sergipe como o quinto maior produtor nacional, movimentando R$ 368 milhões na atividade, mas ainda assim é uma queda significativa em relação aos anos anteriores. A produção caiu muito até 2018 e de lá em diante teve crescimento até 2022 e uma leve queda em 2023. Entretanto, o que preocupa é estarmos nos aproximando de uma colheita de metade do auferido em 2014. A produção local caiu significativamente.
A queda na produção de laranja pode ser preocupante, pois impacta não só os agricultores diretamente envolvidos na citricultura, mas também a economia local de áreas rurais que dependem dessa produção. As razões para esse declínio podem incluir doenças nas plantações, como o greening dos citros, além de alterações no clima e na disponibilidade de água.
Implicações Econômicas e Sociais
A agricultura em Sergipe, com seu foco em produtos como milho, cana-de-açúcar e laranja, não é apenas uma questão de produção de alimentos, mas também um vetor crucial para o desenvolvimento socioeconômico. A volatilidade observada na produção destes itens essenciais pode ter repercussões diretas sobre a estabilidade financeira dos agricultores e sobre a segurança alimentar da região.
Além disso, a diversificação das culturas e a adoção de práticas agrícolas sustentáveis emergem como estratégias necessárias para mitigar os riscos associados às flutuações do mercado e às mudanças climáticas. Investimentos em pesquisa agronômica, infraestrutura e capacitação de produtores são essenciais para garantir que Sergipe continue a crescer e a prosperar no setor agrícola.
Cana-de-Açúcar
A cana-de-açúcar também tem um papel destacado na economia agrícola de Sergipe, contribuindo com R$ 253 milhões em valor de produção em 2023. Este cultivo é crucial não apenas pela produção de açúcar, mas também pelo seu papel na geração de bioenergia, especialmente o etanol, o que o torna um pilar para a sustentabilidade energética do estado.
No entanto, a cana-de-açúcar enfrenta desafios semelhantes aos da citricultura, com questões relacionadas ao manejo do solo, uso eficiente da água e controle de pragas. As políticas de incentivo à produção sustentável e ao uso de tecnologias avançadas são fundamentais para manter a viabilidade deste setor vital. Entre 2015 e 2019 houve queda significativa na tonelagem produzida, com retomada de crescimento leve entre 2020 e 2023, chegando às 2.476.045 toneladas colhidas.
Outras culturas, completam o excelente valor apurado pela produção agrícola sergipana, seguindo por ordem mandioca, batata doce, coco, abacaxi, arroz, banana, manga, maracujá, limão, tomate, tangerina, mamão, feijão, goiaba, amendoim, melancia e fava. Somando cerca de R$ 720 milhões, essas atividades agrícolas também são importantes para a economia sergipana, principalmente por serem baseadas, em sua maioria, em regiões que dependem da agricultura para sustentar seu povo.
Mas é importante atentar para as três principais plantações do estado, aos dados de 2023 reforçam a importância de um planejamento agrícola estratégico e adaptativo em Sergipe. Enquanto o milho demonstra um potencial de crescimento promissor, a cana-de-açúcar e a laranja servem como lembretes das vulnerabilidades que ainda precisam ser endereçadas. Neste contexto, a colaboração entre governo, instituições de pesquisa e agricultores é fundamental para garantir que o futuro agrícola de Sergipe seja tanto próspero quanto sustentável.