Aracaju (SE), 26 de setembro de 2025
POR: Alessandro Santos Monteiro
Fonte: Agência de Notícias Alese
Em: 24/09/2025 às 17:51
Pub.: 25 de setembro de 2025

Alese promove Sessão Especial sobre saúde mental e valorização da vida das mulheres

Alese promove Sessão Especial sobre saúde mental e valorização da vida das mulheres - Foto: Joel Luiz / Agência de Notícias Alese

A Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), por meio da Procuradoria Especial da Mulher (PromuAlese), em parceria com a Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SPM), realizou nesta quarta-feira, 24, no Plenário da Casa, a Sessão Especial “Setembro Amarelo e a Valorização da Vida das Mulheres: identificar os sinais e fortalecer estratégias de prevenção”. O encontro reuniu autoridades, especialistas e representantes de entidades civis em uma ampla reflexão sobre a saúde mental, a prevenção ao suicídio e a valorização da vida, com atenção especial às mulheres sergipanas.

A mesa foi composta pela deputada e Procuradora Especial da Mulher na Alese, Maisa Mitidieri (PSD); pela deputada Linda Brasil (Psol); pela secretária de Políticas para as Mulheres de Sergipe, Danielle Garcia, representando o governador Fábio Mitidieri; pela juíza coordenadora da Mulher do Tribunal de Justiça de Sergipe, Juliana Martins; pela secretária municipal do Respeito às Políticas para as Mulheres de Aracaju, Elaine Oliveira, representando a prefeita Emília Corrêa; pela promotora de Justiça, Cecília Nogueira Guimarães, representando o Ministério Público de Sergipe; pela diretora de Saúde e Bem-Estar da Secretaria de Estado da Mulher, Viviane Goston; e pelas psicólogas convidadas, Dra. Maiana Félix de Carvalho Castro e Dra. Marília Meneghetti Bruhn.

Maisa defende o cuidado permanente com a saúde mental das mulheres

Na abertura da Sessão Especial, a deputada e Procuradora Especial da Mulher na Alese, Maisa Mitidieri, enfatizou que o trabalho da Procuradoria não se limita ao enfrentamento da violência doméstica, mas também inclui pautas fundamentais como saúde mental e bem-estar feminino.

“O Setembro Amarelo é um mês simbólico e de extrema importância, em que trazemos à tona a discussão sobre a prevenção ao suicídio, mas o nosso compromisso com essa pauta é permanente e vai muito além do calendário. Sabemos que muitas mulheres enfrentam uma sobrecarga diária: são mães, profissionais, cuidadoras, estudantes, provedoras. É uma rotina intensa que, muitas vezes, não dá espaço para o autocuidado, para a escuta de si mesmas. Essa pressão constante pode levar ao esgotamento físico e emocional, e, em casos mais graves, ao adoecimento mental e até ao suicídio. Por isso, precisamos estar atentas. Precisamos identificar os sinais de alerta, criar uma rede de apoio e garantir que essas mulheres saibam que não estão sozinhas”, afirmou.

A deputada também destacou a necessidade urgente de romper com o silêncio que ainda cerca o tema do suicídio.

“Existe um tabu histórico que faz com que muitas pessoas tenham receio de falar sobre suicídio. Mas é justamente o silêncio que agrava o sofrimento e impede que as pessoas busquem ajuda. Nós precisamos fomentar o diálogo em todos os espaços, no trabalho, nas escolas, nas famílias. Precisamos oferecer escuta qualificada, orientação e caminhos de acolhimento. O Centro de Valorização da Vida (CVV), por exemplo, é uma ferramenta fundamental nesse processo. A Procuradoria da Mulher tem buscado cumprir esse papel com responsabilidade, fortalecendo as ações de prevenção e ampliando o acesso à informação e ao cuidado. Cuidar da saúde mental é também cuidar da vida”, completou.

Luana destaca que saúde mental precisa ser pauta contínua e integrada às políticas públicas

A coordenadora da PromuAlese, Luana Duarte, ressaltou que a campanha do Setembro Amarelo deve ultrapassar os limites do mês de setembro e se transformar em um compromisso contínuo de todos os setores da sociedade.

“Mais do que uma campanha pontual, o Setembro Amarelo é um chamado urgente à responsabilidade coletiva. Precisamos falar sobre saúde mental o ano todo, com seriedade e empatia. A mulher, quando adoecida emocionalmente, carrega um impacto que reverbera na família, no ambiente de trabalho, nas relações sociais. Por isso, estamos empenhadas em fortalecer as redes de cuidado e em integrar a temática da saúde mental às políticas públicas de enfrentamento à violência e de promoção da igualdade. É necessário enxergar a mulher em sua totalidade, com suas dores, necessidades e potencialidades. E é fundamental dizer: pedir ajuda não é sinal de fraqueza, é ato de coragem. É o primeiro passo para transformar uma realidade de dor em uma possibilidade de recomeço”, declarou.

Danielle cobra ações baseadas em dados e união entre instituições para prevenir o suicídio

Representando o Governo do Estado, a secretária Danielle Garcia reforçou a necessidade de que as ações voltadas à saúde mental estejam fundamentadas em dados técnicos e em uma articulação efetiva entre os poderes.

“Setembro nos convida a refletir, mas a ação precisa ser permanente. Precisamos parar de enxergar o adoecimento mental como um problema individual e começar a encará-lo como uma questão de saúde pública que exige políticas intersetoriais, investimentos e compromisso institucional. Quantas mulheres estamos perdendo por falta de acolhimento, de informação ou de acesso a serviços básicos? O trabalho que temos realizado na Secretaria é alicerçado em parcerias estratégicas, como com a Alese e a PromuAlese, que vêm demonstrando um compromisso real com a causa. A prevenção só é efetiva quando é baseada em dados concretos, em estudos científicos e em escuta ativa das realidades locais. Não se trata de achismos, mas de políticas públicas estruturadas, sustentáveis e sensíveis às realidades das mulheres sergipanas”, destacou.

Linda propõe política estadual de saúde mental com foco na realidade das mulheres

A deputada estadual Linda Brasil trouxe uma reflexão profunda sobre a vulnerabilidade mental das mulheres diante da sobrecarga cotidiana, especialmente daquelas em situação de vulnerabilidade social.

“Vivemos em uma sociedade em que a mulher é, muitas vezes, invisibilizada em seu sofrimento. São as responsabilidades acumuladas, o cuidado da casa, dos filhos, dos familiares, e ainda a expectativa de ser produtiva no trabalho, de estar bem o tempo todo. Isso é exaustivo. O adoecimento psíquico da mulher precisa ser debatido de forma séria, estruturada e empática. Aqui na Alese, apresentamos o Projeto de Lei nº 276/2025, que visa instituir a Política Estadual de Saúde Mental em Sergipe. Esse projeto tem como objetivo consolidar uma rede de atenção à saúde mental acessível, contínua e eficaz, voltada especialmente para as mulheres. É preciso garantir condições dignas para que nenhuma mulher tenha sua dor ignorada ou banalizada. Valorização da vida é também garantir dignidade, cuidado e acesso à saúde em sua integralidade”, pontuou.

Elaine reforça importância da escuta ativa e presença institucional nos territórios

A secretária Elaine Oliveira enfatizou a importância de estar próxima das mulheres em suas realidades, ouvindo, acolhendo e orientando.

“Não há política pública eficaz se ela não estiver presente no território, nos bairros, nas comunidades. Por isso, a atuação da nossa Secretaria se dá com os pés no chão, ouvindo as mulheres onde elas estão. Já percorremos diversos bairros levando rodas de conversa, campanhas de conscientização e escuta ativa. Muitas vezes, o simples fato de ser ouvida pode mudar uma vida. As mulheres precisam se sentir vistas, respeitadas, amparadas. E isso se dá por meio do diálogo, da presença institucional e do fortalecimento das políticas públicas. A prevenção ao suicídio também passa por mostrar que existe rede, que existe amparo, e que ninguém está sozinha diante da dor”, afirmou.

Marília aponta invisibilidade do sofrimento feminino e propõe voz às dores silenciadas

Em sua palestra, a Doutora em Psicologia Social Marília Meneghetti Bruhn chamou a atenção para a invisibilidade do sofrimento mental das mulheres, muitas vezes silenciado por fatores sociais e culturais.

“A saúde mental das mulheres é impactada por múltiplas camadas de opressão: machismo, racismo, desigualdade socioeconômica, violência. São fatores que se acumulam e criam contextos de extrema vulnerabilidade emocional. O sofrimento dessas mulheres muitas vezes não é reconhecido, e, pior, é minimizado. Precisamos dar voz às dores silenciadas. Falar sobre saúde mental não é apenas tratar de doenças, mas promover bem-estar, respeito e dignidade. Quando abrimos espaço para que as mulheres falem de suas angústias, suas ansiedades e suas dores, criamos possibilidades de reconstrução, de superação e de fortalecimento. E isso é essencial para promover uma sociedade mais justa, igualitária e saudável”, explicou.

Maiana alerta para o aumento dos casos de suicídio e destaca importância da atenção básica

A psicóloga Maiana Félix apresentou dados epidemiológicos atualizados e preocupantes sobre tentativas de suicídio e lesões autoprovocadas entre as mulheres.

“É alarmante observar o crescimento dos índices de tentativas de suicídio no Brasil, principalmente entre as mulheres. Os dados mostram que mais de 90% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais que, em sua maioria, podem ser tratados. Isso torna ainda mais urgente a necessidade de ampliar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento adequado. Temos observado um dado positivo: as mulheres, em geral, têm procurado mais ajuda profissional, o que indica uma maior abertura para o cuidado. Porém, é necessário que essa ajuda esteja disponível, seja humanizada e acessível”, disse.

Maiana acrescentou que também é importante lembrar que a prevenção começa na atenção básica, nos serviços de saúde da família, nas escolas, no ambiente de trabalho. Além disso, serviços como o CVV, que atende gratuitamente pelo número 188, oferecem escuta acolhedora e já salvaram inúmeras vidas. Falar salva. Ouvir também. E garantir políticas públicas de cuidado é responsabilidade de todos nós.

Encerramento

A Sessão Especial foi encerrada em clima de acolhimento e reconhecimento. A deputada Maisa Mitidieri homenageou as convidadas da mesa, entregando buquês de flores como gesto de gratidão pela contribuição ao debate e pelo trabalho desenvolvido em defesa da saúde e dos direitos das mulheres. Em seguida, no hall da Alese, os presentes participaram de um coffee break de confraternização, embalado pela apresentação do Coral da Alese (Corales), ocasião em que também foram entregues certificados aos participantes.

O evento reforçou o papel da Assembleia Legislativa de Sergipe como espaço de diálogo e promoção de políticas públicas voltadas à saúde integral das mulheres, destacando que o cuidado com a saúde mental é uma responsabilidade coletiva e deve ser trabalhado ao longo de todo o ano.


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