"Boquim é um municÃpio exemplar no enfrentamento e no combate ao aedes aegypti"
Criançada atenta: ?esse mosquito? aí educa (Foto: Divulgação Secom/PMB)
“Sem conhecer a prática dos demais e respeitando o modo de cada um atuar, creio que Boquim pode, sim, ser um município exemplar no enfrentamento e no combate ao aedes aegypti, naquilo que envolve planejamento, comunidade e educação”, diz a assistente social Dilma Fontes, secretária municipal de Saúde.
E não há muito segredo nisso. Numa ação conjunta com as Secretarias de Obras, Urbanismo e Serviço de Utilidade Pública e de Educação, servidores da administração municipal, alunos, professores e pais se misturam aos demais membros da comunidade e dão de pernada no mosquito. Considerando ainda a significativa agregação do Conselho Municipal de Saúde.
“Isso está na programação da Secretaria de Saúde, na visão do Controle Social e, sobretudo, na exigência pessoal do prefeito Jean Carlos que tem demonstrado um grande envolvimento com essa questão”, diz a secretária.
“Recentemente, o Ministério da Saúde destinou recursos para os municípios e o que veio para Boquim tem nos ajudado, em muito, a incrementar nossas ações”, diz Dilma. Conheça, nesta entrevista com ela, como é a filosofia de trabalho boquinense.
Confira entrevista com Dilma Dávila Fontes, secretária de Saúde de Boquim
Em Boquim a dengue, a chikungunya, a zika e a microcefalia são uma preocupação?
Dávila Fontes - Sem dúvida, mas bem enfrentadas. Essas doenças hoje são problemas gravíssimos de saúde pública em todo o país. E nós, enquanto um município de aproximadamente 30 mil habitantes, compreendemos que temos um papel importante a cumprir no enfrentamento desta situação.
Dilma Fontes: o segredo está em envolver estudantes (Foto: Divulgação Secom/PMB)
E como a Secretaria Municipal de Saúde está desempenhando esse papel?
DF - Com bastante seriedade e com muito compromisso da gestão e de nossos profissionais de saúde, a Secretaria tem intensificado as ações de combate ao mosquito aedes aegypti. Damos muita atenção às ações educativas, com foco na informação e orientação. Estamos trabalhando as escolas, por entender que o estudante tem um grande poder de transformação perante a sociedade e ao seu núcleo familiar. Com o apoio da rede de ensino municipal, temos priorizado as escolas, sejam elas públicas ou particulares. E intensificamos nossos trabalhos de campo, através dos nossos agentes de endemias e da Secretaria de Obras, Urbanismo e Serviço de Utilidade Pública.
(Foto: Divulgação Secom/PMB)
De que forma a Secretaria de Obras, Urbanismo e Serviço de Utilidade Pública entra nesse contexto?
DF - Semanalmente, em dias de terça e quinta, fazemos mutirões com visitas às residências. A Saúde delimita uma localidade, os agentes de endemias entram com atividades de campo e, com um olhar de alerta, identificamos possíveis focos do aedes aegypti, além de estimularmos a população para o enfrentamento ao vetor e a Secretaria de Obras faz o recolhimento do lixo.
É possível medir a receptividade da família boquinense a esta ação da Secretaria da Saúde?
DF - A população tem acolhido bem. É solidária e partícipe nas nossas orientações e recomendações. Tem colaborado bastante conosco. A conclusão a que chegamos é a de que sem esta colaboração não conseguiríamos muito e pouco teríamos sucesso. Até porque, na questão da dengue, chikungunya, zika e da microcefalia o que mais nos preocupa é a noção de responsabilidade não só do poder público, mas muito mais da população.
No exercício de 2015, houve muita incidência de dengue no município?
DF - Tivemos poucos casos. Foram 45 notificados de dengue, mas só 16 deram positivos - ou 35,55%. De modo que aconteceram de forma controlada. Diríamos que Boquim se encaixa na condição de um município de médio risco, numa gradação de baixo, médio e alto risco. É situação teoricamente confortável, mas não poderemos esperar chegar ao alto risco para tomar providências. Devemos, todos, Governo e cidadãos, manter a vigilância.
Este médio risco se manteve nos primeiros 70 dias de 2016?
DF - Sim, vem se mantendo. Notificamos 50 casos de dengue e 20 de chikungunya, mas nenhum confirmado até agora. As notificações aparentemente altas simbolizam que estamos mais atentos. As medidas que adotamos são para barrar o índice de infestação do mosquito, evitando assim uma eventual ida ao alto risco. Com a ajuda de todos e firmes em nosso trabalho, vamos impedir que a situação saia do controle.
Não houve nenhuma notificação de microcefalia?
DF - Graças a Deus, não. Não tivemos e esperamos não ter. E estamos mantendo uma atenção especial sobre todas as nossas gestantes.
O município tem uma boa infraestrutura de unidades de saúde a serviço destas informações?
DF – Temos sim. A gestão do prefeito Jean Carlos tem investido muito na estruturação de Unidades Básicas de Saúde - UBS. Hoje, em praticamente em toda a zona rural - povoados e comunidades - nós as temos. Aqui na sede tem a Clínica de Saúde da Família, e estamos construindo mais uma UBS na zona urbana e reformando e construindo a de dois povoados. Em termos de infraestrutura, a população de Boquim está bem-servida.
Agentes em ação nas comuindades: Boquim sabe combater pela raiz (Foto: Divulgação Secom/PMB)
O boquinense faz a parte dele, depois da orientação, ou não cuida bem dos seus quintais, beirais, vasos, lixos, entulhos?
DF - Há uma parcela que descuida, mas a expressa maioria compreende e contribui. Com relação a esta situação, acreditamos que o Ministério Público tem um papel fundamental, por isso nós da Secretaria de Saúde e do Conselho Municipal de Saúde procuramos o promotor da cidade, tentando estabelecer parceria e apoio nestas ações. No dia 1º de abril, por exemplo, realizaremos um evento grande, como forma de uma chamada geral para a população, com o envolvimento do MP e da Secretaria de Estado da Saúde para explanar a situação da vigilância epidemiológica do nosso Estado. Nisso, vamos envolver todos os profissionais de saúde, diretores de escolas, igrejas, CDL e sociedade civil em geral. Nossa intenção é alertar a população dos riscos e perigos que nós todos estamos correndo. Queremos fortalecer, mais ainda, esta colaboração da população que já é real.
A senhora tem fundamentos de que a educação formal, a escolar, seja um bom instrumento no enfrentamento à dengue e seus correlatos?
DF – Temos garantias disso. Recentemente, fizemos reuniões com os diretores de escolas para envolvê-los, porque achamos que a participação da escola, dos seus gestores, do aluno e dos pais, potencializa tudo. Nós trabalhamos, inclusive, as escolas particulares, que também são responsáveis, e também educam. Posso garantir que estamos tendo receptividade excelente na rede de ensino em nosso município. A educação é um espaço extraordinário. Nós estamos falando com e para mais de 4 mil pessoas, só de estudantes. Imagine o sentido disso junto a pais e aos demais familiares. Vamos do maternal ao terceiro ano do ensino médio.
Criançada atenta: ?esse mosquito? aí educa (Foto: Divulgação Secom/PMB)
A senhora veria Boquim como um município-exemplo para os demais de Sergipe nesta luta contra a dengue?
DF - Sem conhecer a prática dos demais e respeitando o modo de cada um atuar, creio que Boquim pode, sim, ser um município exemplar no enfrentamento e no combate ao aedes aegypti, naquilo que envolve planejamento, comunidade e educação. Isso está na programação da Secretaria de Saúde, na visão do Controle Social e, sobretudo, na exigência pessoal do prefeito Jean Carlos, que tem demonstrado um grande envolvimento com essa questão.
O Governo Federal faz algum aporte específico para esta atividade de combate ao mosquito e as suas consequências, secretária?
DF – Sim, faz. Recentemente, o Ministério da Saúde destinou recursos para os municípios e o que veio para Boquim tem nos ajudado, em muito, a incrementar nossas ações.
“O Conselho compartilha das ações. Ele é pluridemocrático, como manda a legislação, com representação dos diversos segmentos da sociedade, e temos uma relação muito harmoniosa”
E como tem sido o papel do Conselho Municipal de Saúde nesta questão toda?
DF – Tem sido o melhor possível. O Conselho compartilha das ações. Ele é pluridemocrático, como manda a legislação, com representação dos diversos segmentos da sociedade, e mantemos uma relação muito harmoniosa. A ele, prestamos contas das ações desenvolvidas e da aplicação dos recursos, que são públicos. O Controle Social colabora, contribui e participa da elaboração das diretrizes do sistema local de saúde. Nessa questão de saúde pública que estamos vivenciando, o Conselho tem sido muito presente. O presidente Alan Santana vem contribuindo de forma relevante para o fortalecimento da saúde local. É um servidor da Secretaria Municipal de Saúde, psicólogo do CAPS e uma pessoa extremamente competente e envolvida com a questão pública.
(Foto: Divulgação Secom/PMB)