Governo lacra bomba de captação de água em propriedade agrícola de Malhador
O governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), vem realizando, semanalmente, há quase um mês, reuniões com agricultores do município de Malhador, situado na região Agreste, e adotando, em comum acordo, medidas emergenciais para atenuar os efeitos da escassez hídrica que afeta a cidade. Hoje, a barragem da Deso que capta água para abastecer a cidade está com exíguos 61 metros cúbicos, quando o necessário seria 82 para funcionar ininterruptamente por 24 horas.
Após exaustivas conversas, acordos significativos foram firmados, a exemplo da proibição de plantação de novas culturas, irrigação de forma alternada - uma espécie de rodízios entre os irrigantes -, além de se reduzir, ao máximo, a irrigação das culturas já instaladas, e aquelas culturas mais resistentes à ausência de água seriam suspensas suas irrigações, a exemplo de macaxeira, inhame, entre outros. Além disso, o agricultor que não cumprisse o que fora acordado, teria sua bomba de captação de água utilizada para molhar a plantação, lacrada de forma provisória.
Nesta quinta-feira, 12, em Malhador, após reunião com todos os agricultores, membros dos comitês das três bacias hidrográficas de Sergipe e técnicos da Superintendência de Recursos Hídricos do Estado, o governo teve que tomar medidas mais contundentes e lacrou uma bomba de um agricultor que desobedeceu às regras.
“Como nós tínhamos falado em reuniões anteriores, aqueles produtores que não cumprirem com o que foi pactuado, teriam suas bombas de captação lacradas e, por tanto, interditadas provisoriamente. Recebemos uma denúncia que um certo agricultor estaria desobedecendo ao acordo, estava irrigando todos os dias. Infelizmente, deslocamos a Polícia Ambiental à propriedade do cidadão para realizar o lacre provisório. Essa atitude mais enérgica serve para os demais que não andarem dentro do que foi acordado”, revelou o diretor da Superintendência de Recursos Hídricos do Estado, Pedro Lessa.
O secretário de Estado de Meio Ambiente, Olivier Chagas, não pôde comparecer à reunião, deixou uma nota afirmando que a medida era necessária para garantir o abastecimento humano de água ao povo de Malhador.
“O governo tem sido exaustivo no diálogo. A crise tem se alastrado e nem todo mundo tem colaborado. Por conta disso, algumas medidas mais contundentes foram adotadas, no sentido de buscar lacrar bombas de captação de água de alguns irrigantes que não estão cumprindo com os acordos. A medida serve para que a gente garanta o abastecimento humano em Malhador. Nosso papel tem sido o de gestão, seguindo a orientação do nosso governo, de gestão democrática e compartilhada, ouvindo as pessoas, mas chega um momento, devido à necessidade da seca, e nem todo mundo está cumprindo o que a gente acertou. Tivemos que tomar algumas medidas mais rígidas, porque se fazem necessárias”, afirmou.
A secretária de Agricultura do município, Josefa Meneses, disse que vê a medida com tristeza, mas entende o procedimento. “É algo que nos deixa triste, mas, por outro lado, alimenta a nossa esperança de melhorar o abastecimento para todos”.
O agricultor que teve a bomba lacrada possui uma propriedade de 4,5 hectares, com plantações de batata e macaxeira.
Novo encaminhamento
Ainda na reunião desta quinta, ficou acordado com os demais agricultores que as irrigações serão feitas à noite, isto é, ao invés do dia, os agricultores passariam a molhar as plantações à noite, obedecendo à alternância estabelecida anteriormente, evitando a evaporação instantânea, como ocorre à luz do sol.
