Carnaval: cuidados simples com a casa evitam que o mosquito faça a festa
Antes de arrumar a mala para curtir os dias de Carnaval, a confeiteira Rosângela de Araújo Gama faz um check list mais importante que o dos itens da viagem: ela fiscaliza, cuidadosamente, todos os ambientes da casa que possam acumular água e se tornar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da Dengue, Febre Chikungunya e Zika Vírus – esta última doença ainda sendo confirmada como uma das causas da Microcefalia em bebês.

Pneus e recipientes que acumulam água são prato cheio para o Aedes (Foto: Arquivo SES/FHS/SE)
“Tenho esse cuidado semanalmente. A lavanderia é sempre coberta, os vasos de planta são com areia e a água dos cachorros é trocada todos os dias. Quando vou viajar, esse ‘ritual’ é ainda mais criterioso”, garante.
Apesar de parecer simples, a atitude de Rosângela é essencial para conter a proliferação do mosquito especialmente no verão, época em os riscos aumentam, como explica a coordenadora do Núcleo de Endemias da Secretaria de Estado da Saúde, Sidney Sá.
“As chuvas irregulares associadas às altas temperaturas do período intensificam a reprodução do vetor. E ainda temos uma característica do Aedes que agrava a situação: os ovos dele podem durar até 450 dias, mesmo em um local seco”, alerta.
Se neste intervalo de tempo a área receber água novamente, o ciclo se inicia e o mosquito vira adulto em poucos dias. Por isso, os cuidados em feriados prolongados também devem ser reforçados. Para acabar com o problema, a solução é só uma: limpeza aliada à prevenção.
“Esta é a principal arma. Se cada pessoa se tornar um vigilante da sua casa, da sua rua, da sua comunidade, será mais fácil vencer esse batalha”, orienta Sidney Sá, ressaltando um dado importante: cerca de 82% das larvas estão em reservatórios de água residenciais, o que reafirma o papel essencial de cada cidadão.
“É cumprir aquelas regras que todo mundo já conhece: não deixar água limpa e parada, tampar e limpar bem os reservatórios, manter pneus, garrafas e outros recipientes bem guardados. Até o pratinho da geladeira pode ser um criadouro”, ensina a coordenadora.
Rosângela sabe bem disso. Além de cuidar da casa, incentiva os vizinhos a também fazer o mesmo. “Na minha família todo mundo já teve Dengue. Sentimos na pele as consequências e temos consciência do nosso papel”, acrescenta.
Brigada Itinerante
Como forma de otimizar o combate ao mosquito vetor, o Governo do Estado conta com o trabalho dos agentes de endemias da Brigada Itinerante. O grupo cumpre um cronograma pela interior sergipano, levando em conta os resultados obtidos por cada município no Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa) e no Levantamento do Índice do Aedes (LIA).
“A SES utiliza esses dados como ferramenta de avaliação para a programação da Brigada Itinerante, que é o reforço do Estado na luta contra o mosquito. Também recomendamos que as prefeituras utilizem o resultado obtido pelo LIRAa e pelo LIA para programar e intensificar as ações de combate e prevenção ao Aedes aegypit, principalmente nas localidades onde os índices deram mais elevados”, esclarece Sidney Sá.
Apenas nos meses de janeiro e fevereiro, período que corresponde ao primeiro ciclo de 2017, foram vistoriados 34,83% dos imóveis do Estado. Nesta semana, os municípios de Siriri, Riachão do Dantas e Santa Luzia do Itanhy receberam os agentes. No mês de março, outros 12 municípios receberão o trabalho dos agentes de endemias: São Cristóvão, Japaratuba, São Domingos, Simão Dias, Aquidabã, Lagarto, Monte Alegre, Carira, Cumbe, Salgado, Capela e Macambira.
Dados atualizados
De acordo com o Informe divulgado semanalmente pela Secretaria, através do Núcleo Estratégico (Nest), até a Semana Epidemiológica nº 7, há o registro de 128 casos prováveis de Dengue, com 39 confirmações até o momento. Já a Chikungunya registrou 53 notificações, com 27 casos da doença confirmados. O Zika Vírus, até agora, foi o que menos notificou casos: foram 10 suspeitas, com apenas cinco confirmações até agora.