Pacientes internados no Huse aguardam por vaga no Hospital de Cirurgia
A rotina do casal Genisson de Jesus Silva e Helma Barros foi totalmente modificada nos últimos 12 dias. Após uma queda de cavalo, enquanto fazia um trabalho na cidade onde mora, Muribeca, o auxiliar de serviços gerais quebrou o fêmur e foi internado no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse). “Fico a semana toda com ele e no sábado uma prima vem me cobrir. Nossos filhos estão com a avó, até que as coisas se organizem e a vida volte ao normal”, contou a esposa.
Ele já passou pelos procedimentos iniciais, mas agora aguarda uma transferência para o Hospital de Cirurgia, unidade que é referência para a realização do procedimento cirúrgico que necessita. “Estou sendo bem tratado aqui, mas é muito desgastante essa espera. Não vejo a hora de me operar”, disse Genisson, que faz parte de uma estatística que, nos últimos meses, tem preocupado a gestão do Huse.
“Além da superlotação, o Hospital está enfrentando uma congestão. Os pacientes dão entrada, são preparados para o procedimento cirúrgico, com exames pré-operatórios e todas as exigências que fazem parte do fluxo de transferência, mas o Cirurgia não oferta a vaga e eles ficam ‘presos’ aqui”, explicou a coordenadora do Núcleo Interno de Regulação do Huse (NIR), a enfermeira Jalcira Izidro. Hoje, são 70 pessoas nesta situação, mas os números podem aumentar a cada dia.
“São 47 pacientes ortopédicos e outros 27 entre procedimentos neurológicos, vasculares e da clínica médica. Foram abertas 16 vagas para transferência no final de semana, mas a situação ainda é crítica, uma vez que não há a rotatividade necessária. Entram mais pacientes que saem; a conta não fecha”, informou a coordenadora, lembrando que o Hospital de Cirurgia voltou a operar, porém, de forma bastante limitada.
“Não há outra solução imediata. É preciso regularizar essa retaguarda, que vem com problema há meses, ou o Huse vai continuar abarcando todas as consequências”, lamentou Jalcira Izidro. Além do desgaste psicológico dos pacientes alguns seguem internados há dois meses, a estrutura do Hospital de Urgências fica comprometida, pois há o aumento no consumo de medicamentos e insumos, bem como o desgaste dos profissionais.
No censo da manhã desta segunda-feira, 3, a Área Vermelha estava com 27 pacientes (capacidade para 16), 81 na Azul (com 55 leitos, sendo 35 poltronas e 20 macas) e 92 na Verde Trauma (que comporta 53).