Braquiterapia: 160 sessões serão realizadas na oncologia do Huse
Há 14 anos o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) realizava sessões de braquiterapia com um mesmo equipamento. Esse tratamento é destinado a pacientes da oncologia, que têm câncer do colo de útero. Depois que uma sonda apresentou defeito, no mês de outubro do ano passado, o serviço precisou ser interrompido parcialmente. Após uma intensa procura pela peça, vendida exclusivamente no exterior, o Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Saúde (SES) conseguiu comprar a sonda nos Estados Unidos e fez o compromisso com a população de restabelecer o serviço num prazo de 60 dias contados a partir da aquisição da sonda. Segundo o secretário de estado da saúde, Almeida Lima, a procura por essa peça e a importação do produto comprovam o compromisso do Governo em garantir atendimento à população. “No Brasil nenhuma empresa vendia essa sonda, mas procuramos no exterior com o único intuito de assegurar o tratamento no Huse. Fizemos a promessa do retorno da terapia, e cumprimos”, afirmou.
Com a retomada do serviço, o setor de oncologia do Huse vai ter capacidade para realizar até 160 sessões de braquiterapia por mês. Uma das pessoas beneficiadas é a dona de casa Maria Aparecida Melo, de 56 anos. Ela é moradora do município de Aquidabã e uma vez por semana vem para Aracaju. Ela é uma das vinte mulheres que realizam o tratamento de braquiterapia na oncologia do Huse. Há dois anos, após exames de rotina, ela descobriu que tinha câncer de colo de útero. Desde então, ela realizou uma cirurgia para a retirada do útero e começou no ano passado as sessões de radioterapia no Huse. Ainda em meados de 2016 ela iniciou mais uma etapa do tratamento, desta vez com sessões de braquiterapia, um tratamento que emite radiação localizada e precisa, importante para o tratamento desse tipo de câncer.
Nesta semana dona Maria Aparecida retomou o tratamento. Ela vai fazer três sessões e após ser avaliada pelos médicos vai passar para uma nova etapa da terapia. “Já passei por muita coisa durante este período, por coisas, inclusive, até mais dolorosas como a quimioterapia onde vi meu cabelo cair junto com a minha vaidade. Hoje estou numa fase mais tranquila e fico muito feliz que vou poder dar continuidade ao meu tratamento. Tenho fé em Deus que a chegada dessa peça vai melhorar muito minha qualidade de vida”, disse a dona de casa.
Em uma situação muito semelhante, a também dona de casa Lucileide Batista, moradora do município de Arauá, viaja duas horas para a realização semanal de braquiterapia no Huse. Ela descobriu um câncer no útero há quatro anos que se espalhou para o ovário. Após a cirurgia para a retirada do útero, ela passou por sessões de quimio e radioterapia e inicia agora mais uma etapa do tratamento com a braquiterapia. “Estou muito ansiosa por fazer essa terapia e ao mesmo tempo estou muito confiante. Tenho certeza que minha melhora vai ser certa com a chegada desse equipamento. Mal posso esperar para voltar à normalidade na minha vida, voltar a trabalhar e fazer as coisas que mais gosto”, falou animada Lucileide batista.
Mesmo com a interrupção parcial do serviço, dona Maria Aparecida disse que nunca ficou desassistida e sempre vinha a Aracaju para ser examinada pelos médicos. “Eu tenho muita sorte. Todos os médicos e enfermeiros sempre foram muito atenciosos comigo. Mesmo sem fazer a braquiterapia, vinha para o hospital para ser acompanhada pelos médicos. Cheguei, inclusive, a realizar sessões de radioterapia para não piorar minha situação. Hoje só tenho a agradecer a todos eles por isso”, disse Maria Aparecida.

Waldhenice Ferreira, médica da radioterapia do Huse, afirma que não houve desassistência mesmo com a parada do serviço (Foto: SES/SE)
Ela também destaca que apesar deste acompanhamento médico, com a retomada do serviço em alguns casos os pacientes precisem realizar novos exames para detalhar melhor a evolução da doença. “Não existe motivo para pânico, é natural que alguns médicos, a depender do caso, solicitem uma avaliação mais detalhada do paciente até mesmo para administrar corretamente a radiação que vai ser passada. Por isso, é preciso tratar essa solicitação médica com muita tranquilidade e naturalidade, pois estamos lidando com uma doença muito difícil de combater em todo o mundo”, explicou a médica radioterapeuta.
De acordo com a física médica Katiúcia Bonfim, a braquiterapia é essencial para o avanço no tratamento das pacientes com câncer de colo de útero. “Este tipo de terapia é muito semelhante à teleterapia que também fazemos aqui no Huse. O diferencial é que, nos casos das pacientes com câncer de colo de útero, o tratamento é mais localizado, agindo de forma mais direta na área a ser tratada. E foi justamente essa sonda, que faz com que a fonte radioativa seja levada até o local que vai ser tratado, que apresentou defeito, por isso o serviço precisou ser suspenso”, explicou Katiúcia Bonfim.
Katiúcia Bonfim explica também que, em média, as pacientes passam por quatro sessões de braquiterapia para cuidar da doença. “Com uma sessão por semana, em um mês, as pacientes já podem ser encaminhadas para uma nova etapa. Apesar de ser um tratamento que gera um pouco de constrangimento às pacientes por ser feito em uma posição ginecológica, ele tem um alto poder de combater este tipo de câncer por agir diretamente no foco a ser tratado. Por isso, vemos que com a chegada da sonda, o estado de Sergipe vai garantir mais qualidade de vida a estas mulheres”, disse a física médica.