Pneumologista do Huse alerta para o uso de cigarros eletrônicos e os riscos à saúde
Os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vape, têm um formato similar a um cigarro, mas também podem vir em forma de caneta ou parecidos com um pen drive. Embora tenham sido introduzidos no comércio como uma alternativa para os cigarros convencionais, seu uso se popularizou, especialmente entre os jovens, que fazem consumo em shows, festas e demais ambientes.
Pneumologista do Huse alerta para o uso de cigarros eletrônicos e os riscos à saúde (Foto: SES/SE)
O pneumologista do Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), Saulo Maia, faz um alerta aos jovens sobre os riscos do uso do cigarro eletrônico e a ingestão de substâncias liberadas na fumaça. “Essa absorção pode causar desde problemas simples, irritação da garganta, sinusite, faringite e desencadear processos alérgicos como asma e rinite, tosse crônica ou outros quadros”, afirma o especialista. Por isso, o médico alerta que, diferente do que é divulgado pela indústria tabagista, o cigarro eletrônico é tão nocivo quanto o cigarro comum.
O uso exagerado, assim como o cigarro convencional, pode causar lesões no pulmão que são detectadas pela mudança na aparência do órgão e podem causar insuficiência respiratória. A insuficiência respiratória aguda é um dos quadros que o paciente pode desenvolver devido a inalação de substâncias tóxicas presentes no cigarro comum ou eletrônico. Nesses casos, quando é realizada uma radiografia do pulmão em pacientes com insuficiência respiratória, nota-se as mudanças na cor do pulmão.
Os produtos químicos do cigarro eletrônico podem causar pneumotórax espontâneo, pneumonite de hipersensibilidade e outros tipos de pneumonia que fazem com que o paciente tenha falta de ar, tosse prevalente, precise de oxigenoterapia e muitas vezes tendo a necessidade de ser entubado e ir para ventilação mecânica.
Tabagismo
O tabagismo é um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil. Geralmente, as doenças causadas pela dependência de nicotina são preveníveis. No país morrem em torno de 220 mil pessoas por doenças relacionadas ao tabaco. É um número expressivo, mas, quando a pessoa não fuma ou deixa de fumar, independente do tempo de cigarro, previne essas doenças.
O uso do cigarro eletrônico também não é uma alternativa ao cigarro comum. Não existem trabalhos científicos que comprovem o benefício da pessoa que é fumante usar o cigarro eletrônico para sair do cigarro tradicional e que seria uma via para deixar o tabagismo. Pelo contrário, os estudos estão apontando que ele seja uma porta de entrada para pessoa que nunca fumou, começar a fumar, se tornando fumante do cigarro tradicional.
Substância
Uma das principais diferenças entre o cigarro comum e o cigarro eletrônico é a composição. No cigarro tradicional são encontradas entre 4 mil e 4.700 substâncias tóxicas, entre elas a nicotina, que é o que causa dependência. A substância também é encontrada no cigarro eletrônico. Os malefícios dos outros produtos químicos são câncer, doenças cardiovasculares, infarto, hipertensão arterial, bronquite crônica, enfisema, impotência sexual.
Além da nicotina, que tem nos cartuchos dos cigarros eletrônicos há outras substâncias químicas, como formaldeído, acroleína, produtos orgânicos voláteis, metais pesados. Não sabendo ainda a proporção de quantas substâncias químicas tem porque o cigarro eletrônico está sendo introduzido no mercado agora e há uma mudança de cartucho para cartucho. Na população mais jovem, o que torna o cigarro eletrônico mais atrativo do que o cigarro comum são as essências e aromatizantes. Muitas vezes são utilizados extrato de frutas, baunilha, menta, café e chocolate.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a comercialização e a importação do cigarro eletrônico, e o produto só é adquirido aqui no país de maneira irregular.