Avanços tecnológicos na medicina são abordados durante congresso em Aracaju
Evento reuniu mais de 800 participantes em palestras e minicursos que estudaram e debateram o uso de novas tecnologias em práticas médicas, como exames e cirurgias
Como a robótica, a inteligência artificial e outros avanços tecnológicos podem colaborar para uma medicina melhor? Muitas respostas para estas perguntas estão sendo trazidas e debatidas no Congresso de Inovação e Tecnologia em Medicina, promovido pela Universidade Tiradentes (Unit), que foi aberto na noite desta quarta-feira, 30, e será encerrado nesta sexta, 1º. O evento reúne 90 palestrantes e cerca de 800 alunos das escolas médicas da Unit Sergipe, da Fits Goiana e de outras instituições de ensino do estado.
O congresso foi aberto com a palestra do médico e cirurgião Siva Vithiananthan, professor da Harvard Medical School e chefe do Departamento de Cirurgia do Cambridge Health Alliance (CHA), em Boston (EUA). Ele falou sobre o uso e aperfeiçoamento da cirurgia robótica e não-invasiva, a partir de sua experiência na prática e no ensino de cirurgias bariátricas e laparoscópicas. Para Siva, que nasceu no Sri Lanka (sul da Ásia) e construiu toda a sua carreira acadêmica e profissional nos EUA, esta técnica está evoluindo gradualmente para as cirurgias de precisão, em um processo que pode ser acelerado e potencializado com a inclusão da inteligência artificial.
“Acho que a cirurgia minimamente invasiva está aqui e os brasileiros já estão adaptados. Espero que algumas das coisas que vou contar sejam notícias velhas para vocês, mas acho que é hora de realmente pularmos da cirurgia minimamente invasiva para a cirurgia de precisão. É um processo gradual, mas com a inclusão da IA, as coisas vão ser um pouco mais rápidas. Acho que é um momento emocionante para viver e ser um cirurgião. Vocês e o Brasil estão bem ali conosco, e mostrei aqui alguns brasileiros famosos que estão nesse espaço”, conta o professor do CHA.
Vithiananthan acredita ainda que eventos como o promovido pela Unit ajudam a fortalecer a educação médica e aprimorar a pesquisa de alta tecnologia na América Latina, favorecendo a entrada dos jovens estudantes na medicina de ponta. “Estas conferências lhes permitem pensar grande, além dos seus horizontes normais, para que possam ser os novos líderes nesta tecnologia. A América Latina sempre contribuiu para a inovação cirúrgica e muitos dos líderes cirúrgicos nos Estados Unidos são latinoamericanos. Queremos continuar isso e ser parte dessa viagem. Eu quero que todos os jovens atuem nisso e venham aqui com uma mente aberta para que eles possam ser parte da liderança do futuro”, destacou.
Entre as atividades do Congresso de Inovação e Tecnologia em Medicina, estão minicursos, apresentações orais e mesas-redondas sobre o desenvolvimento, a aplicação e a eficiência das mais recentes inovações tecnológicas na área médica, incluindo a inteligência artificial. “Ele tem por objetivo mostrar uma variedade de procedimentos e processos e técnicas inovadoras não somente para o ensino, ainda na graduação, mas principalmente depois de graduado. Esse tipo de conhecimento se adquire na maioria das vezes quando o aluno já fez a graduação e vai para a residência. O que nós fazemos aqui durante a graduação é mostrar que existem essas ferramentas, que eles podem usá-las e que isso ajuda muito, principalmente, a definir suas especializações”, define o coordenador do curso de Medicina da Unit em Aracaju, professor Dalmo Correia Filho.
Para a professora Juliana Cordeiro Cardoso, presidente da comissão organizadora do Congresso, a inovação tecnológica é um tema transversal em todas as profissões, não sendo diferente na Medicina. “O que a gente quis trazer é como essa inovação impacta a vida dos médicos, quais são as ferramentas que estão à disposição deles para fazer mais e melhor. A ideia foi essa. É entender a inovação que está passando por toda a sociedade, como ela impacta na vida dos nossos futuros médicos e dos médicos que já estão aqui”, destaca.
Para o evento em Aracaju, também foram convidados professores e especialistas das universidades federais de Sergipe (UFS), São Paulo (Unifesp) e Fluminense (UFF), entre outras. Haverá ainda uma palestra que será transmitida em tempo real para a Unit, direto do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
“Nós entendemos que a inovação e a tecnologia são algo presente em nossos dias e em todas as áreas. O que a gente tem feito muito é oportunizar aos alunos esse tipo de vivência, como a que eles têm em um hospital americano, por exemplo. A inteligência artificial que está aí já está embarcada em vários equipamentos que esses futuros alunos utilizarão nas suas vidas profissionais. O que precisa fazer é oportunizar essa integração entre eles”, afirma o vice-reitor da Unit, professor Jouberto Uchôa de Mendonça Júnior.