Intercâmbio entre Rede Solidária de Mulheres de Sergipe e Aliança Kirimurê reafirma a luta por sustentabilidade, território e autonomia
Entre os dias 12 e 14 de maio o projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, uma iniciativa da Associação das Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai), com apoio da Petrobras e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), realizou um intercâmbio com a Aliança Kirimurê, na Ilha de Itaparica, na Bahia. A atividade reuniu mulheres que fazem parte do projeto Rede de diversas comunidades em uma travessia de conexão com saberes, territórios, experiências e práticas sustentáveis.
Foram três dias de vivências marcadas por trocas, aprendizado coletivo e fortalecimento das lideranças femininas. As participantes conheceram de perto o trabalho desenvolvido pela Aliança Kirimurê, uma rede formada por mais de 200 famílias, sendo 80% de mulheres marisqueiras e de pescadoras artesanais, que atuam em 20 comunidades do território pesqueiro da Baía de Todos os Santos (BTS).
Durante o intercâmbio, as mulheres de Sergipe ouviram sobre a pesca artesanal, a aquicultura comunitária, comercialização coletiva e fortalecimento de cadeias produtivas baseadas na economia solidária e no cuidado com o meio ambiente.
“O projeto tem uma proposta de revolução, de autonomia, de força, de voz. A Rede se faz na presença de todas, mesmo diante das dificuldades do dia a dia. Estar com as mulheres da Aliança foi mais que um intercâmbio: foi um reencontro com a potência coletiva”, afirmou Mirsa Barreto, coordenadora do projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe.
Para Adriane Araújo, uma das mulheres que fazem parte do projeto Rede, o Intercâmbio possibilitou momentos para ampliar horizontes. “Conhecer diversas mulheres foi uma oportunidade para ampliarmos nossos horizontes e aprender boas práticas que podemos adotar em Sergipe. Foi muito bonito, inclusive na dimensão espiritual. Foi uma experiência profunda, que nos conecta à ancestralidade”, disse Adriane.
Para as mulheres da Aliança Kirimurê, o encontro reafirmou a importância da construção de redes de resistência, afeto e pertencimento. Através de rodas de conversa foi possível conectar lutas e vivências que atravessam fronteiras, mas que compartilham o mesmo horizonte, o fortalecimento da mulher como sujeito central das transformações em seus territórios.
“Trocar experiências com outras mulheres, escutar histórias e dores, foi um momento único. Durante todo o tempo senti que estava voltando para casa, ouvir mulheres é nos encher de coragem para seguir”, compartilhou Rosania Siqueira, integrante da Aliança.
Para Sophie Reynac, também da Aliança Kirimurê, Rede é espaço de circulação, de partilha, de vida. “Isso só se constrói quando existe abertura, confiança e desejo de caminhar juntas e compartilhar momentos assim como outros projetos que tem o mesmo intuito que nossa Rede é grandioso”, resumiu, Sophie.
A experiência finalizou na Reserva Venceslau Monteiro, onde a natureza e a ancestralidade se fizeram presentes. No espaço, as mulheres puderam refletir sobre suas trajetórias e o papel que ocupam na transformação de suas famílias e comunidades.
O intercâmbio reafirmou o compromisso da Rede Solidária de Mulheres de Sergipe com a valorização dos saberes tradicionais, a construção de autonomia econômica e a luta por territórios sustentáveis. Ao cruzar as águas que ligam Sergipe à Bahia, as mulheres também cruzaram histórias, afetos e estratégias para seguir resistindo, criando e cultivando um outro mundo possível, um mundo onde as mulheres seguem semeando o futuro.