Ações do Governo do Estado promovem e fortalecem sergipanidade
Iniciativas de valorização da cultura material e imaterial de Sergipe promovem o orgulho de ser sergipano dentro e fora do estado
Os elos que ligam os que nascem ou escolhem Sergipe como lar se manifestam nas danças, nas músicas, na culinária, vivências, história e traços compartilhados, que se somam para formar a identidade do povo sergipano - Foto: Igor Matias
No dia 24 de outubro é celebrado o Dia da Sergipanidade, data que enaltece a cultura, os costumes e as particularidades dos sergipanos e sergipanas. Os elos que ligam os que nascem ou escolhem Sergipe como lar se manifestam nas danças, nas músicas, na culinária, vivências, história e traços compartilhados, que se somam para formar a identidade do povo sergipano. Para reforçar essa identidade, o Governo do Estado investe em ações diversificadas que contribuem para manter vivas as artes, gostos e características da gente sergipana.
Prova disso é o Programa de Registro de Patrimônio Vivo da Cultura Sergipana, que visa incentivar e impulsionar a atuação cultural de pessoas que tradicionalmente mantêm e salvaguardam aspectos relevantes da cultura de Sergipe. Em março deste ano, os primeiros beneficiados pela ‘Lei dos Mestres’ foram diplomados pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), passando a receber uma bolsa vitalícia no valor de dois salários mínimos. Os mestres da Cultura Popular de Sergipe beneficiados foram: Tonho Preto, Orlando do Couro, Tia Madá, Beto Pezão e Mestra Zefinha.
De São Cristóvão, na região metropolitana de Aracaju, Maria Madalena Santos, conhecida como Tia Madá, é mestra do Samba de Coco da Ilha Grande - Foto: Igor Matias
De São Cristóvão, na região metropolitana de Aracaju, Maria Madalena Santos, conhecida como Tia Madá, é mestra do Samba de Coco da Ilha Grande. Aos 79 anos, ela é uma guardiã da tradição passada por seus tataravós e ficou feliz com o reconhecimento do Estado. “Danço e canto desde criança. Há mais de 30 anos resgatei essa cultura lá na ilha, comecei a chamar o pessoal para voltar a brincar”, disse. Atualmente, 20 pessoas compõem o grupo fixo, formado por adultos e crianças. “Sempre peço: não deixem acabar, porque se deixarmos a cultura da gente acabar, se acaba tudo. Tudo que a gente faz é cultura, a festa, os folguedos, o São João, é muito bonito”, completou.
Para Tia Madá, manter a história e tradição do Samba de Coco da Ilha Grande a conecta ainda mais a Sergipe. “Para mim, Sergipe é o melhor lugar do mundo, já estive em muito lugar, mas aqui é o melhor. O sergipano é uma pessoa que aconchega muitas coisas boas. Sergipe recebe sempre as pessoas de braços abertos”, avaliou.
Em agosto deste ano, o governador Fábio Mitidieri assinou o decreto para liberação de R$ 127.080,00 para a Funcap, com o objetivo de fortalecer o Programa de Registro do Patrimônio Vivo da Cultura Sergipana. Com isso, foram disponibilizadas novas vagas para que mais mestres dos saberes populares sejam reconhecidos como Patrimônio Vivo da Cultura Sergipana e também recebam a bolsa mensal de incentivo à cultura.
Nascido em Santana do São Francisco, o artesão e escultor José Roberto Freitas, conhecido como Beto Pezão, é reconhecido nacionalmente por suas peças moldadas no barro - Foto: Igor Matias
Nascido em Santana do São Francisco, em 1952, o artesão e escultor José Roberto Freitas, conhecido como Beto Pezão, é reconhecido nacionalmente por suas peças moldadas no barro. Também contemplado com a Lei dos Mestres, Beto Pezão conta da satisfação pelo olhar da gestão estadual para a cultura sergipana. “Fiquei muito feliz, outros governos fizeram alguma coisa, mas não como este. Agradeço ao governador, que é um cara bom, humilde, legal, pois é muito gratificante ser reconhecido”.
Beto começou a trabalhar no Carrapicho, povoado de Santana do São Francisco, por volta dos 6 anos. Em 1972, passou a morar na capital, Aracaju, e, hoje, aos 71 anos, se orgulha em levar o nome de Sergipe por todo o mundo. “Comecei a fazer o pezão em 1972, o ‘pezão’ nasceu aqui em Aracaju. Em 52 anos, já fiz mais de 50 mil peças. Tenho clientes de Aracaju, de São Paulo, do Rio, Brasília, Belo Horizonte e Salvador. Mas já fui expor no Chile, Portugal, Argentina, Estados Unidos e tenho orgulho de levar o nome de Sergipe para esses lugares, mas sou uma pessoa comum, não me acho melhor que ninguém”, conta com simplicidade.
Amendoim verde cozido é reconhecido como patrimônio imaterial de Sergipe e produção recebe incentivos do Estado - Foto: Igor Matias
Amendoim
Presente nos dias de praia, encontros em família e festa típicas, como o São João, o amendoim verde cozido é reconhecido como patrimônio imaterial de Sergipe e recebe incentivos do Estado, seja por meio da produção nos perímetros irrigados da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) ou a partir de iniciativas como a isenção em até 80% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o amendoim produzidos na região de Itabaiana, o que contribui com o desenvolvimento econômico do estado. Nos perímetros irrigados administrados pela Coderse no estado, a previsão para produção em 2024 é de 1 milhão de toneladas de amendoim.
Anderson Paixão vende amendoim no Centro de Aracaju há dois anos e explica que o produto é muito procurado tanto por turistas quanto por sergipanos. “Tem uma saída boa demais. Daqui tiro o sustento da minha família, tenho dois filhos e esposa. Esse amendoim vem de Itabaiana e todo mundo procura, sergipano, turistas, todos vêm atrás do amendoim e gostam muito”.
Andrezza Messias compra amendoim pelo menos uma vez na semana. Para ela, a iguaria representa as famílias e os encontros entre os sergipanos. “O amendoim traz a representatividade de família para mim, pois desde criança os meus pais, avós e familiares se reuniam no fim de semana para unir a família e sempre tinha. Hoje não tenho mais meus pais nem avós, mas compro e trago esse afeto, essa memória afetiva, de alegria, de comemoração em família. É uma cultura da gente, de festa junina, e ele está presente nas mesas, assim como nos barzinhos e na praia. Também é um elemento importante para a economia do nosso estado”, destacou.
Renda irlandesa foi destaque do palco do Arraiá do Povo 2024 - Foto: Arthuro Paganini
Renda irlandesa
No artesanato, a renda irlandesa, de Divina Pastora, no leste sergipano, é Patrimônio Imaterial de Sergipe e Patrimônio Cultural do Brasil e foi a grande homenageada deste ano dos festejos juninos do Governo do Estado, sendo destaque no Arraiá do Povo. A homenagem foi mais uma ação de incentivo do governo que, desde o início da gestão, por meio da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem), fez do artesanato uma política de Estado. Com apoio do governo, as artesãs e artesãos participam, por exemplo, de feiras nacionais que levam os produtos sergipanos para outros estados.
Neidiele de Jesus Silva, 26, faz peças em renda irlandesa desde os 13 anos e ressalta que a atividade em Divina Pastora é importante na geração de renda, independência e empoderamento de inúmeras mulheres. “Aprendi com minha mãe e minha tia, geralmente a renda irlandesa é passada de geração para geração. É de extrema importância essa política pública que o Governo do Estado está realizando, nunca recebemos tamanha valorização, e isso é cada vez mais evidente. Nos primeiros quatro dias de Arraiá do Povo, comercializamos o equivalente aos dois meses de Arraiá do Povo de 2023, os números não mentem, estamos em produção contínua, isso reforça a importância do fomento econômico, e não só valoriza a renda irlandesa como outros artesanatos de diversas tipologias, a valorização e incentivo é com toda cadeia produtiva do artesanato sergipano. Como artesã me orgulho e, de fato, me sinto valorizada, já tenho a renda irlandesa como projeto de vida e, à frente da Asdrin, diariamente busco contribuir com o fomento e preservação do nosso patrimônio”, afirma a presidente da Associação das Rendeiras Independentes de Divina Pastora (Asdrin).
Valorização e divulgação
O Estado também investe na valorização da cultura por meio de eventos culturais, religiosos e populares apoiados ou patrocinados pelo governo. Um exemplo são os festejos juninos, que têm como atrações principais o Arraiá do Povo e a Vila do Forró, em Aracaju, mas recebem apoio ainda no interior, o que além de resgatar o título de Sergipe como ‘o país do forró’, valorizando a autoestima dos sergipanos, beneficiou 118 atividades econômicas em 2024. Os festejos envolveram 66.545 pessoas apenas no mercado formal de trabalho. Os estabelecimentos se beneficiaram com 94% deles tendo aumento nas vendas; outros 62% estenderam o horário de funcionamento no período de São João; e 61% contrataram novos colaboradores.
Além da valorização das pessoas que contribuem com a sergipanidade, dos bens imateriais do estado e promoção de grandes eventos que incentivam a cultura local, o orgulho de ser sergipano também é levado para fora do estado por meio da divulgação das belezas e riquezas culturais de Sergipe por intermédio das ações de turismo, pela Secretaria de Estado do Turismo. As participações da equipe da Setur nas feiras e congressos pelo Brasil, e também as parcerias firmadas com importantes operadoras de viagens, responsáveis por enviarem grande número de turistas para Sergipe, têm resultado no aumento no número de visitantes ao estado. Em julho deste ano, por exemplo, Sergipe foi o estado que mais cresceu no Nordeste e o 4º em todo o país no turismo, com uma variação acumulada de +6,5%, diante do mesmo período do ano passado.