Falta de promoção e de infraestrutura são entraves para turismo em Sergipe, diz FGV
Governo tem projetos para investir R$ 1 bilhão no setor, mas ainda busca recursos.

Falta de promoção e de infraestrutura são entraves para turismo em Sergipe, diz FGV (Foto: Via F5 News)
Deficiências na infraestrutura, promoção e qualificação profissional estão entre os problemas que Sergipe enfrenta para ampliar sua participação em um mercado que injetou US$ 152,5 bilhões ao PIB do Brasil no ano passado. Essa é a conclusão de um estudo divulgado nesta quinta-feira (28) pela Fundação Getulio Vargas, em Aracaju, durante um Fórum promovido pelo Governo do Estado para discutir estratégias visando ampliar a participação sergipana nesse setor.
Os pesquisadores da FGV analisaram a demanda atual de turistas que desembarcam em Sergipe, mas também identificaram uma demanda potencial que está reprimida. Segundo a análise, a maior parte dela está nos principais estados emissores do país, a exemplo de São Paulo e Rio de Janeiro. “Até nos estados do Nordeste, que são atualmente os principais emissores para Sergipe, ainda existe um potencial a ser explorado”, disse o gerente de projetos da FGV, André Coelho.
A Fundação identificou a necessidade de mais investimentos na infraestrutura de hotéis, pontos turísticos e estradas, como também na oferta turística sergipana. “A partir destes investimentos, o setor privado, junto ao setor público, pode aumentar a promoção para que os turistas efetivamente cheguem”, apontou Coelho.
Uma publicação da Secretaria de Estado de Turismo (Setur) descrevendo a demanda turística do ano passado não possui dados consolidados sobre a movimentação econômica do setor, mas há a compreensão de que a sazonalidade com que os turistas chegam a Sergipe é um entrave.
A rede hoteleira de Aracaju, por exemplo, registrou uma taxa de ocupação média de 60% no ano passado. Segundo o empresário Antônio Carlos Franco Sobrinho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Sergipe (ABIH), no período de janeiro e fevereiro deste ano esse percentual cresceu, mas há uma tendência de que ele retraia a partir de abril, tendo como um dos efeitos imediatos a redução da mão de obra.
“Em janeiro tivemos 90% de ocupação, em fevereiro 70%, mas em março já cai para 60%, ou seja, na alta estação você emprega, mas depois desse período o empresário vai ter que desempregar”, afirmou Antônio Carlos, ao comentar o impacto na dinâmica do mercado.
A percepção do visitante atual e o perfil de turista mais adequado para atração também foram observados pela pesquisa. Segundo o especialista da FGV, Sergipe é bem avaliado e há um forte reconhecimento das questões culturais nativas por quem vem de fora. Nesse aspecto, o estudo indica o ecoturismo e o turismo cultural como nichos a serem explorados.
“Sergipe já recebe uma grande parcela de turistas com interesses nesses segmentos, mas ainda existe um número de pessoas baixo nas classes de maior poder aquisitivo”, disse André Coelho, acrescentando que o planejamento estratégico para o setor deve conter ações de curto e médio prazos, executáveis entre dois a três anos.
Segundo o secretário de Estado do Turismo, Manelito Franco Neto, esse documento norteará o direcionamento dos recursos públicos nos próximos anos. O Prodetur tem projetos orçados em quase R$ 1,8 milhão em investimentos na área, mas o Estado ainda vai começar a fazer a captação dessa verba.
O Fórum marcou a entrega do selo "Mais Turismo", que habilita Sergipe a apresentar projetos e acessar recursos para o desenvolvimento de obras e ações estruturantes na área, e também o lançamento da primeira fase do projeto “Construindo o Turismo de Sergipe”, iniciativa do Governo do Estado, desenvolvido com a parceria entre o Ministério e a Fundação Getúlio Vargas.