Longevidade e sucessão contribuem para voos mais altos em empresas familiares
Raro no Brasil é que as empresas sobrevivam à segunda geração, pois o índice de sobrevivência é muito baixo.
Por aqui temos bons exemplos de empresas rumando ao centenário que são referência de longevidade e sucessão estruturada. Já até mencionei algumas delas em artigos tratando do tema, como é o caso do Grupo Jacto, Baterias Moura, Grupo Votorantim, Gerdau, Klabin, entre outras.
Manter-se no mercado por décadas exige das empresas a constante busca por se manter relevante no mercado, apostando, principalmente, em novas tecnologias capazes de promover a inovação em diferentes frentes do negócio.
Além disso, em um mundo regido por constantes transformações, de VUCA para BANI, responder rapidamente às mudanças é imprescindível para que as empresas consigam transmitir um legado através das gerações.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como Advisor à frente da MORCONE, auxiliando e orientando empresas familiares brasileiras a se estruturarem para chegar aos 100 anos, Carlos Moreira aborda sobre a longevidade e sucessão estruturada como meio de fazer com que as empresas familiares alcem voos seguros e longínquos.
Premissas que levam a muitos voos são as mesmas da trajetória de uma empresa familiar
Recentemente fiz uma analogia da aviação com a longevidade e sucessão nas empresas familiares e gostaria de me aprofundar mais sobre essa relação.
Vamos lá!
Empresa familiar como um avião
A empresa familiar brasileira pode ser comparada a um avião que, nos primeiros anos, quando a empresa inicia suas atividades na garagem de casa é como um “teco-teco”. Com o tempo, deixa de ser micro empresa, passa a ser pequena empresa, média e, com o tempo, evolui para uma grande empresa, ou seja, um avião de porte, com propulsão a jato, capaz de atravessar o oceano atlântico.
A primeira geração, os fundadores são o piloto, copiloto e tripulação, assumindo a responsabilidade de, ainda com seu avião em terra, planejar e estruturar um bom e seguro plano de voo, garantindo chegar ao primeiro destino em segurança: chegar aos 30 anos da empresa no mercado. Cada detalhe da rota é cuidadosamente pensado e, ao decolar, o avião começa a ganhar altitude.
Ao alçar voo, este avião terá alguns problemas, dará alguns solavancos na subida, e em vários momentos o computador de bordo pronunciará, em alto e bom som, “Stall”, indicando que medidas corretivas urgentes precisam ser tomadas para garantir a segurança da decolagem até a altitude de cruzeiro, para seguirem para o primeiro destino, que será os 35 anos da organização.
Este é aquele momento em que a empresa familiar precisa de tempo, planejamento sucessório, metodologia de gestão adequada e de uma governança sólida que a ajude a seguir adiante, evoluindo, expandindo e atravessando o tempo.
Primeira escala – transição para a segunda geração
Foram enfrentados tempestades, dúvidas, receios, “Stall”, mas o radar meteorológico e o piloto automático são, na metáfora da avião, a governança corporativa e seus órgãos de apoio, para preparar para a próxima decolagem, rumo ao segundo destino, com nova tripulação. Agora a segunda geração no comando.
Decola, mais solavancos, mais “Stall”, mais tempestades, mas a Governança Corporativa tomou todos os cuidados e todas as providências para que esta nova tripulação, a segunda geração, esteja muito mais preparada que a primeira.
Sem dúvidas, a segunda escala será ainda mais desafiadora, mas o nosso avião tem mais preparo, mais tecnologia e conta com uma tripulação mais atualizada, demandando do negócio ainda mais visão de longo prazo, gestão de inovação e olhar focado nas principais tendências de negócios para os próximos anos.
Segunda escala e preparação para a terceira geração
Pousamos o avião no segundo destino, ou seja, setenta anos se passaram e uma nova fase de pensar na longevidade e sucessão estruturada acontece. Nova tripulação, agora a terceira geração. Mais responsabilidade e mais preparo do que a primeira e a segunda. O avião sofre mais atualizações que exige muito mais horas de simulador desta terceira geração. Não só no planejamento, mas na gestão, porque a tripulação, a família empresária, está exponencialmente maior do que a primeira e isto exige muita habilidade de gestão.
É comum que no processo de transição de uma geração para a outra, conflitos surjam entre os membros das famílias empresárias. Conflitos de interesse, desavenças, medo de que a tradição da empresa se perca, são alguns dos pontos que deverão ser cuidadosamente mediados por uma governança corporativa eficaz.
A governança corporativa segue sendo fundamental para que a empresa prossiga em sua caminhada rumo à longevidade. A empresa familiar nunca deixou de voar, vencendo as principais intempéries e seguindo com o seu propósito no mercado.
Terceira geração e a jornada para os 100 anos
Após os setenta anos, chega o momento da nova decolagem, agora rumo ao centenário. As premissas para o voo em segurança continuam sendo as mesmas: governança corporativa robusta e sólida.
Este avião que é a empresa familiar não deixa de voar e ele chegou à terceira geração porque a primeira geração se preparou para isso! O que traz a reflexão de que as decisões tomadas pelas gerações anteriores são fundamentais para que a empresa se mantenha sustentável no mercado ao longo dos anos.
A empresa não é mais um teco-teco porque evoluiu para ser uma aeronave robusta e consolidada para voos cada vez mais altos e longínquos.
Conselho consultivo para a longevidade da empresa familiar brasileira
Se a governança em todo o tempo atua como piloto automático e como radar meteorológico, o conselho consultivo neste caso assume o papel do “controlador de voo” que será responsável por garantir o avião na rota planejada, em que cada pouso acontece em segurança e no seu tempo planejado.
Hoje, o desafio é para que as empresas familiares brasileiras consigam não só decolar, mas principalmente, que cheguem aos seus destinos, ou seja, à segunda e terceira geração, e mais, pois encontramos poucos casos de organizações no mundo com mais de 200 anos de existência.
Enquanto a governança for apenas encarada como um “protocolo” que a empresa precisa seguir para expandir no mercado, a longevidade será apenas um desejo distante. É necessário que a cultura da empresa aponte para o futuro e que as lideranças consigam visualizar o mesmo destino de sucesso para o negócio.
Como costumo dizer que a GOVERNANÇA é estrada PAVIMENTADA, SINALIZADA e ILUMINADA, que levará à longevidade da empresa e o conselho consultivo é o “guard Rail” que não deixa a empresa sair da estrada assumindo atuação fundamental para que todo o processo ocorra de maneira segura.
Para pousos e decolagens bem-sucedidas, tenha um conselho consultivo e, neste caso, o Advisor, conselheiro independente, poderá orientar na construção de um conselho sólido que assumirá o controle do voo rumo aos 100 anos de existência do negócio.
Deseja uma empresa centenária, que marcará história no mercado brasileiro? Vamos juntos construir esse futuro glorioso.
Carlos Moreira - Há mais de 37 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria), CCO (Diretor Comercial e de Marketing). e Conselheiro Administrativo.