Compliance em 2025 - O erro fatal que pode colocar empresas na mira das penalidades
A necessidade de aprimorar as práticas de compliance e governança corporativa tornou-se uma prioridade para empresas que buscam manter sua competitividade e reputação.
As exigências regulatórias mais rigorosas e a crescente demanda por transparência e responsabilidade impulsionam as organizações a rever suas estratégias e a adotar boas práticas.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como Advisor à frente da MORCONE, auxiliando e orientando empresas, especialmente empresas familiares brasileiras a se estruturarem para chegar aos 100 anos, Carlos Moreira aborda sobre as principais tendências de compliance e governança em 2025 para os próximos anos.
Empresas – O que esperar do compliance e governança em 2025?
Empresas que buscam excelência devem se atentar às principais tendências de compliance e governança para 2025:
ESG como diferencial competitivo
A adoção de critérios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) não é mais uma opção, mas uma necessidade.
O estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), analisou 162 empresas de capital aberto na bolsa de valores brasileira durante o primeiro semestre de 2020. Os resultados indicam que um melhor desempenho socioambiental (ES, da sigla ESG) está associado a um melhor desempenho financeiro. Especificamente, uma variação de um desvio padrão no índice ES resultou em um aumento de 4,36% no retorno anormal no primeiro trimestre de 2020, além de uma redução de 7% na volatilidade média no mesmo período.
Tecnologia e automação no compliance
Ferramentas de monitoramento e inteligência artificial são aliadas na detecção de riscos e na prevenção de fraudes.
Um bom exemplo, entre muitos, é o do CESAR, centro de pesquisa e inovação, que aplicou técnicas de IA (inteligência artificial) para aprimorar a detecção de fraudes em serviços de atendimento ao cliente, resultando em economias significativas para as empresas.
Espera-se que, em 2025, a adoção dessas tecnologias seja ainda mais ampla, com um aumento significativo na utilização de softwares para auditoria e compliance contínuo.
Eficiência operacional e riscos regulatórios
Com normativas cada vez mais rigorosas, as empresas precisarão investir em processos bem estruturados para garantir conformidade e evitar sanções.
Entretanto, um estudo da McKinsey revelou que empresas que aplicam inteligência artificial na gestão de riscos podem reduzir perdas em até 30% e aumentar a eficiência em 50%. Isso reforça que a implementação de práticas avançadas de gestão de riscos pode levar a reduções significativas em perdas financeiras.
Engajamento da alta administração
Nenhum programa de compliance será efetivo sem o comprometimento da alta administração.
De acordo com um estudo da KPMG, 73% dos Diretores de Ética e Compliance (CCOs) esperam maior escrutínio sobre compliance nos próximos anos, indicando pressão crescente dos conselhos de administração e órgãos reguladores.
Além disso, uma pesquisa da EY revela que 66% dos executivos no Brasil percebem melhora na integridade e confiança corporativas nos últimos anos, atribuída ao maior comprometimento da gestão na diligência de assuntos de integridade.
Esses dados reforçam que o C-Level deve liderar pelo exemplo, garantindo que os valores e diretrizes sejam disseminados para todos os níveis hierárquicos.
Conselho Consultivo como facilitador da governança
Para enfrentar os desafios e as complexidades do ambiente de negócios atual, muitas empresas têm adotado a prática de criar conselhos consultivos.
Diferentemente do conselho de administração, que tem poder deliberativo e toma decisões estratégicas, o conselho consultivo atua como um corpo de aconselhamento, sem autoridade formal sobre as operações da empresa.
Por meio de visões externas e especializadas sobre os assuntos que impactam o negócio, o conselho consultivo agrega valor estratégico por meio da análise objetiva e independente.
O órgão desempenha um papel essencial na identificação de oportunidades e na mitigação de riscos.
Composto por profissionais altamente qualificados e experientes em áreas como finanças, marketing, tecnologia, recursos humanos e operações, o conselho consultivo proporciona uma visão multidisciplinar dos desafios que a empresa enfrenta.
Essa diversidade de expertise permite que as empresas abordem questões de perspectiva mais ampla, considerando diferentes vieses antes de tomar decisões importantes.
Como empresas brasileiras podem se preparar diante de constantes mudanças?
Diante dessas tendências, algumas ações são essenciais para que as empresas se mantenham competitivas:
- Avaliação contínua de riscos: implementar sistemas de monitoramento para identificar riscos de compliance antes que se tornem problemas graves;
- Capacitação e cultura organizacional: promover treinamentos regulares sobre ética e conformidade para toda a equipe;
- Uso de tecnologia: investir em ferramentas que automatizam processos e garantem maior segurança na gestão de dados;
- Participação ativa do conselho consultivo: ter um grupo de especialistas externos para fornecer insights e orientar as decisões estratégicas.
Vale ressaltar:
Nos últimos anos, a governança corporativa e o compliance passaram por uma profunda transformação.
O cenário de negócios está em constante mudança, com a evolução das tecnologias, o aumento das expectativas por parte dos consumidores, a intensificação das regulamentações e a maior cobrança por práticas empresariais éticas e transparentes.
Empresas que reconhecem e se adaptam a essas novas exigências não apenas garantem a conformidade com as normas, mas também constroem uma base sólida de confiança e credibilidade junto a stakeholders, investidores e o mercado em geral.
A adoção de boas práticas de governança e compliance não é mais uma opção, mas uma necessidade estratégica para a sustentabilidade e longevidade empresarial.
As empresas que se antecipam às mudanças e implementam essas práticas têm maior segurança para enfrentar crises e desafios, além de fortalecerem sua reputação.
Em um mundo de informações rápidas e de intensa pressão regulatória, o comprometimento com a governança sólida e o compliance pode ser um diferencial crucial.
O conselho consultivo pode ser a chave para aprimorar suas práticas de governança e compliance, ajudando sua empresa a ser mais resiliente, inovadora e ética.
Se sua empresa ainda não conta com esse tipo de estrutura, talvez seja hora de refletir sobre os benefícios de integrar conselheiros com experiência e visão integrada dos desafios do mercado.
As mudanças no cenário de governança e compliance não são apenas uma tendência, afinal, respondem a demandas da realidade. E a sua empresa, como está se posicionando diante dessa transformação?
Carlos Moreira - Há mais de 37 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria), CCO (Diretor Comercial e de Marketing). e Conselheiro Administrativo.