A desatenção da Chesf e Codevasf com a margem do rio São Francisco em Propriá
Surgimento de croas, esgoto, lama, vegetação e pesca de peixes através de venenos são exemplos do que o rio vem passando.
A desateno da Chesf e Codevasf com a margem do rio So Francisco em Propri (Imagem: Adeval Marques/Propri News)
A perda de força das águas do rio São Francisco, devido ao número de barragens em seu curso e a redução da vazão, tem possibilitado o surgimento de pequenas ilhas que os naturais do Baixo São Francisco chamam de “Croas”. Reforçando essa situação observamos que vem
Essas ilhas mostram o quanto o rio está debilitado, ficando cada vez mais raso, deixando de ser um rio para tornar-se apenas uma veia de água onde, diariamente, são depositados uma grande quantidade de esgoto, lixo e dejetos tornando suas águas contaminadas, impróprias para o consumo e vida humana e animal perfazendo um cenário horrível sem que haja avanços reais na política de revitalização das suas águas.
Ajudando na decoração do cenário que mostra cada vez mais o rio que agoniza, observamos o quanto de desatenção existe por parte da Chesf e Codevasf. Ambas criadas para o desenvolvimento e proteção, entre outras, sobre o rio, seu povo e micros regiões. Pergunta-se o porquê....
O porto de Propriá, em contraste com o título de “Princesinha do Baixo São Francisco”, que ganhou por ser uma cidade bem tratada no século 19 (XIX), vem sendo observada pela proliferação de plantas marinhas em toda extensão da frente da cidade. O cais na rua da Frente, especialmente no perímetro do mastro da Banca do Peixe até as portas de captação de água da própria Codevasf aos lites irrigados, está visivelmente tomada pelas plantas e já assoreado. Por onde antes era navegável com profundidade de até seis a doze metros, foi tomado por esgoto, lama fazendo surgir vegetação e local de pastagem de gado. Tudo isso acontece aos olhos da Codevasf, ao saber da Chesf. A sociedade, que só age se instigada, apenas observa sem tomar parte no processo, ou seja, meros espectadores. Não existe uma denúncia da situação na Justiça por parte do cidadão. Esgoto, lama, lixo, vegetação, dejetos, perda de força das águas do São Francisco é o pagamento e consideração ao rio por sua imensa contribuição.
Lugar de potencial turístico, o cenário é feio e desagradável aos olhos daqueles que se preocupam com a situação do rio, pela sobrevivência das espécies de peixes, qualidade de vida e imagem da cidade. Bem distante também, é louvável que seja dito, estão os movimentos que se intitulam de “organizados” quando não se manifestam em defesa do rio; há exploradores que se apropriam da situação para “ter” algum status ou ganhar imagem perante a mídia nacional. A própria novela da Rede Globo, “O Velho Chico”, expôs o lugar como belo, entretanto, de um povo feio, mal vestido e com vocabulário que não é dos naturais da região. A Globo, por ser potentada, se quer faz um documentário sobre a situação do rio através de diálogos com o povo que vive em suas margens e assim levar o que de fato acontece no Baixo São Francisco, o que chamamos de “A solidão do Baixo São Francisco”. A pesca de peixe através de venenos também é outra denúncia. Não só Propriá, mas sim todas as cidades que estão em suas margens na região do Baixo estão em desatenção dos serviços da Chesf e Codevasf. Há anos não se vê uma embarcação marítima dessas empresas no curso no rio. Desatenção é pouco.
Voltemos para a situação em Própria onde veremos um fato ainda mais curioso. Há menos de seis anos as coroas de Cícero Labato e coroa dos Pintos eram separadas da margem de Propriá. As pessoas banhavam-se em sua correnteza e águas limpas, jovens, moços e adultos eram um público só. Pequenas canoas e outras embarcações passeavam ou faziam pescaria artesanal. Hoje, em 2016, o lugar e seco e até o local de captação da Codevasf teve que mais aprofundado. Nesse trecho não existe uma dragagem se quer há muito tempo. Inércia total de uma instituição que parece hoje ser mais lugar de acomodação política do que de trabalho, pesquisa e desenvolvimento do Baixo São Francisco e qualidade de vida de seu povo.
Em Propriá, onde a Codevasf tem sede administrativa, espera-se que ela envolva-se mais com as questões locais e faça valer o valor da propostas de política pública que é o ideal do seu surgimento. A Chesf, inimiga do Baixo São Francisco, pois não reverte nada em prol do desenvolvimento do Baixo, que mude o estado de desatenção e desprezo.
Pede-se então, por último, que a direção da Codevasf remova a vegetação da margem de Propriá; que faça um planejamento e volte o curso do rio entre as croas de Labato e Pinto; Limpeza da margem na ponte da saída Norte da cidade no sentido Telha. Seria o mínimo em termos de atenção e assim a alegria e qualidade de vida e da proteção ao rio e seu povo, cultura, história e tradições voltassem a ser mais belas.
Os antigos índios, Caetés, que viviam nas margens do rio São Francisco o chamavam de “Opará”, que em dialeto Tupi-guarani quer dizer rio que parece mar, ou “rio-mar”, hoje reduzido apenas um veio de água por culpa da desatenção humana.
*Adeval Marques
Graduado em História
Membro do CCP: Centro de Cultura de Propriá
Fundador e Redator dos sites: Propriá News e Revista Sergipe News (Revista Canindé)