Restos de naufrágio encontrados pela FPI/Sergipe podem ser de canoa de tolda
Restos de naufrágio encontrados pela FPI/Sergipe podem ser de canoa de tolda (Imagem: CBHSF)
A descoberta ocorreu no povoado de Cajueiro, após a equipe receber informações de um pescador local. “Pelo que sobrou da embarcação ainda não podemos afirmar, antes de uma pesquisa arqueológica sistemática, se era uma canoa de tolda ou uma chata. Ambas movidas a vela e bastante comuns no universo da navegação no São Francisco”, explica o coordenador do Laboratório de Arqueologia e Ambientes Aquáticos da Universidade Federal de Sergipe, Gilson Rambelli.
Segundo Rambelli, as pesquisas da equipe continuam e a proposta é identificar novos pontos com informações sobre canoas afundadas. “Vamos aguardar o resultado das pesquisas para confirmar se o achado da FPI trata-se do maior símbolo da navegação no rio São Francisco: a canoa de tolda. Em caso positivo, teremos mais um grande achado arqueológico em Sergipe”, afirma a procuradora da República Lívia Tinôco.
A equipe de Patrimônio Cultural e Comunidades Tradicionais é formada por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), do Instituto Nacional da Colonização e REforma Agrária (Incra), da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Universidade Federal de Sergipe (UFS), do Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe e da Fundação Cultural Palmares.
Canoa de tolda
Chama-se canoa de tolda por causa da cobertura em madeira na parte do convés. Faziam o transporte de mercadoria na região do alto e baixo São Francisco. A canoa de tolda é símbolo do rio São Francisco, assim com o mandacaru é símbolo do sertão.
Segundo o Iphan, “a canoa de tolda só existe no Brasil. As toldas originais eram grandes embarcações, mas a brasileira possui somente 16 metros de casco e foi perfeitamente adaptada para descer o rio, a favor do vento, com o pano aberto”. Há apenas três exemplares no rio São Francisco, e uma delas, a Luzitânia, foi tombada pelo Iphan em 2012.