Aracaju (SE), 21 de novembro de 2024
POR: Gabriel Damásio
Fonte: Asscom Unit
Em: 07/05/2024 às 14:24
Pub.: 07 de maio de 2024

Impactos da ação humana na natureza se revertem para a saúde do homem

Pesquisas e disciplinas desenvolvidas em programa de mestrado e doutorado estudam analisam como as atividades e intervenções humanas impactam na natureza e se revertem  em consequências 

Através de pesquisas e visitas técnicas, alunos de mestrado e doutorado da Unit buscam entender como acontecem as mudanças e alterações no meio ambiente - Foto: Divulgação|Asscom Unit

Através de pesquisas e visitas técnicas, alunos de mestrado e doutorado da Unit buscam entender como acontecem as mudanças e alterações no meio ambiente - Foto: Divulgação|Asscom Unit

Como as atividades e intervenções humanas impactam e interferem na natureza? E até que ponto esses impactos podem se reverter em consequências para a própria humanidade? Uma série de estudos e pesquisas científicas buscam respostas e entendimentos para estas perguntas, motivadas por fenômenos climáticos e problemas ambientais como a poluição, o desmatamento e o descarte irregular de lixo. Algumas destas pesquisas e disciplinas sobre o tema são desenvolvidas pela Universidade Tiradentes (Unit), através dos cursos de mestrado e doutorado do seu Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA). 

Os cursos envolvem profissionais de áreas de Saúde e de Ciências Biológicas, como Enfermagem, da Medicina, Fisioterapia, Educação Física, Biologia e Biomedicina, entre outros. Através de pesquisas e visitas técnicas, eles buscam entender como acontecem as mudanças e alterações na fauna, na flora, na vegetação, no clima e nos ciclos naturais, bem como a interferência destas mudanças na saúde do ser humano e dos animais. 

“Um problema que o homem tem, desde a Revolução Industrial para cá, é que o homem se desligou da natureza e não se enxerga como elemento dela. A gente tem essa visão de que a natureza está aqui para servir a gente, e isso é o que tentamos quebrar, mostrando para os alunos que eles também são elementos desse ambiente que vivemos, e qualquer influência, qualquer alteração que eles fazem no ambiente vai voltar também para eles, que vão sofrer essa consequência”, detalha o professor Rubens Riscala Madi, do PSA, referindo-se ao que chama de “efeito bumerangue”. 

O tema é desenvolvido através de disciplinas como “Biodiversidade e Transformações Ambientais”, que estuda a influência das transformações naturais ou antropogênicas (produzidas pelo homem) no ambiente natural; “Desenvolvimento de Conservação Ambiental”, que tem o foco no homem como ferramenta de alteração de ambiente de influência no ambiente, bem como nas ações que são feitas para reparar, resolver ou mitigar tais influências; e “Ambiente de Saúde de Sociedade”, que discorre sobre a influência do homem no desenvolvimento ao longo da história e as questões de saúde e do ambiente relacionadas, passando por temas como poluição, desmatamento e desenvolvimento sustentável.

Uma das atividades práticas realizadas recentemente foi a visita técnica de alunos e pesquisadores do PSA ao aterro sanitário Ecoparque, em Rosário do Catete, a 37 quilômetros de Aracaju, que recebe e processa mais de 1,4 mil toneladas de resíduos sólidos recolhidos na região metropolitana e cidades circunvizinhas. Nela, os visitantes puderam conhecer o funcionamento de um aterro e as etapas de processamento e transformação do lixo e de seus subprodutos, como gás metano e chorume, e substâncias como biogás, biomassa e água, entre outros materiais. E também alertaram para a necessidade de planejamentos de longo prazo para a manutenção de equipamentos de grande intervenção ambiental, bem como de processos que minimizem os impactos ambientais, como o de regeneração de matas nativas ou nascentes de rios. “Essa visão ambiental precisa ser mais ampla do que o ‘aqui e agora’, que as consequências vem lá para frente. Elas não vão refletir em nós, mas vão refletir ou continuar refletindo na humanidade”, acrescenta Madi.

A pesquisadora Ravanna Elizíe, aluna do mestrado do PSA/Unit, acredita que a importância de tratar os temas ambientais no curso agrega mais conhecimento para a atuação profissional, considerando os fatores ambientais e socioeconômicos na saúde global dos pacientes e na eficácia dos tratamentos. “Embora minha pesquisa atual não aborde diretamente esses aspectos, estou aberta a entender como a inclusão de disciplinas que abordam questões ambientais e socioeconômicas pode complementar minha pesquisa e enriquecer minha compreensão dos determinantes da saúde”, afirma.

Pesquisas

Algumas pesquisas em andamento no PSA/Unit investigam as consequências das mudanças ambientais na saúde humana. Uma delas, que faz parte de uma linha de pesquisa existente há mais de 10 anos, está relacionada ao derramamento de manchas de óleo no Oceano Atlântico em setembro de 2019, que provocou alterações nas populações de parasitas presentes em peixes pescados e consumidos pela população. Esses parasitas nem sempre provocam danos à saúde humana, mas podem indicar alguma mudança anormal no ambiente. 

“O ambiente é muito sensível e tem uma cadeia de relações, que são microanimais que vão sendo engolidos por outros e transmitindo energia daqui pra ali. Esses animais são primeiramente afetados por qualquer alteração mais drástica que acontece no ambiente. E dentro dessa cadeia de relações, vai numa crescente, com os pequenininhos que vão afetar um pouquinho maior para afetar um pouquinho maior que vai chegar naquele animal maior grande que geral é pescado e trazido para a mesa da gente”, explica Rubens. 

Outro estudo está sendo desenvolvido para a tese da aluna de doutorado Jessy Tawanne Santana, tendo como um dos objetivos a busca por focos dos vetores da Doença de Chagas, os triatomíneos (conhecidos como “barbeiros”), e o aperfeiçoamento do rastreamento desta doença, que ainda é negligenciada em muitas regiões brasileiras. Para ela, a avaliação das relações entre a sociedade e o ambiente são fundamentais na compreensão do processo saúde-doença e dos marcadores socioeconômicos.

“Nesse sentido, a abordagem dessas temáticas nos cursos de Mestrado e Doutorado tornam-se cada vez mais necessárias no processo de formação multidisciplinar dos profissionais. A implementação dessas discussões promovem reflexões e estimulam o desenvolvimento de um pensamento que vai além da minha formação primária, a enfermagem. Dessa forma, é possível agregar diversas perspectivas de conhecimento e avaliar uma determinada problemática de forma mais abrangente e eficiente”, afirma Jessy. 


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