Compostos de plantas podem ser usados para criar protetores solares veganos
Desenvolvimento de produto sem testes ou produtos de animais é tema de pesquisa que está sendo realizada em universidades do Brasil e de Portugal
A pesquisa busca extrair bioativos de plantas típicas do Nordeste brasileiro e, a partir deles, desenvolver formulações cosméticas, como protetores solares - Foto: Acervo pessoal/Divulgação
O uso de ativos e substâncias de plantas da biodiversidade nacional para a fabricação de cosméticos veganos é tema de uma pesquisa que começou a ser desenvolvida na Universidade Tiradentes (Unit), em Aracaju, mas terá parte de seus trabalhos realizada em Portugal. O estudo é para a tese de doutorado do pesquisador Thigna de Carvalho Batista, que está sendo realizada no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA/Unit) e foi aprovado no último edital do Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE), promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes).
A pesquisa busca extrair bioativos de plantas típicas do Nordeste brasileiro e, a partir deles, desenvolver formulações cosméticas para uso tópico, sem a necessidade de testá-lo em animais ou utilizar insumos com origem animal. “A minha pesquisa trata de desenvolver um protetor solar vegano e multifuncional (como uma formulação com ação antioxidante e anti-idade) que seja também ecofriendly e sustentável”, explica Thigna, com a perspectiva de que a pesquisa chegue a um novo produto no mercado, seguindo as normas vigentes para o veganismo - filosofia que restringe o consumo e a venda de produtos com origem ou uso de animais.
“Ao inserirmos um novo produto de origem vegana, fruto de uma árvore que está incluída na biodiversidade brasileira, ela pode impactar positivamente uma região para o cultivo e extração das partes de interesse do trabalho, podendo gerar renda para comunidade”, acrescenta o pesquisador, referindo às possibilidades socioeconômicas que podem ser abertas a partir dos resultados da pesquisa.
Com a bolsa da Capes, Thigna Batista fará parte de seus trabalhos de pesquisa na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), uma das mais antigas do ramo farmacêutico em Portugal e na Europa. Existente como escola desde 1836 e como faculdade desde 1921, a instituição pública é uma das mais conceituadas do continente, com mais de 2.800 publicações científicas indexadas nas principais bases de dados especializadas, além de seis prêmios de excelência e inovação pedagógica concedidos a seus professores.
O pesquisador é graduado em Farmácia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e fez o mestrado no próprio PSA/Unit, sendo aprovado em duas seleções para o PSDE, sendo uma feita internamente, pelos programas de pós-graduação stricto sensu da Unit, e outra pela Capes, envolvendo todos os programas de doutorado do Brasil. Ele acredita que os fatores determinante para a sua aprovação no doutorado-sanduíche foram a dedicação ao trabalho e a experiência adquirida na pós-graduação da Unit e nos grupos de pesquisa do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), além do grande potencial do produto estudado.
“Essa etapa representará um divisor de águas na minha carreira, pois a oportunidade do doutorado-sanduíche vem da cooperação da Universidade do Porto com outras universidades sob a forma de atribuição de diplomas em conjuntos, bem como a assinatura de vários acordos com instituições europeias e latino-americanas para a atribuição de duplos diplomas existentes entre a Unit e a U. Porto, de doutoramentos em regime de co-tutela, e concessão do título de doutoramento europeu”, disse Thigna, que também está na expectativa de vivenciar uma intensa troca de experiências profissionais, acadêmicas e culturais. “Digamos que a ficha ainda não caiu. Mas espero voltar com uma bagagem de conhecimento científico enorme e poder dividir com os colegas de laboratório toda experiência lá vivida”, concluiu.
A tese de Thigna é orientada pelas professoras-doutoras Juliana Cordeiro Cardoso e Maria Nogueira Marques, ambas do PSA/Unit, com co-orientação da professora Eliana Barbosa Souto, da FFUP. O embarque para Portugal está previsto para junho deste ano e a volta ao Brasil será em dezembro. Já a defesa da tese na Unit deve ocorrer em abril de 2026.