Unit já enviou 41 alunos de doutorado em Engenharia para estudos no exterior
Pesquisadores complementam os estudos em universidades estrangeiras, através do chamado “doutorado-sanduíche”; modalidade contribui com o aumento da qualificação da universidade e dos próprios alunos.

O pesquisador Raul José Alves Felisardo, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP) da Unit, apresentou parte de seu estudo durante um simpósio no Arizona (EUA) - Foto: Arquivo Pessoal
Um dos grandes atrativos e atributos de um programa de pós-graduação é a sua capacidade de interação com o que há de melhor e mais avançado na pesquisa e na inovação em todo o mundo. Isso se dá, por exemplo, através do chamado “doutorado-sanduíche”, no qual um aluno de doutorado passa parte do curso, geralmente entre seis meses e um ano, realizando parte de sua pesquisa para a tese em faculdades, universidades e institutos de pesquisa do Brasil e do exterior.
Um dos programas de stricto sensu que mais investem neste tipo de qualificação é o Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP), da Universidade Tiradentes (Unit). Desde sua criação, em 2005, 41 pesquisadores foram contemplados com doutorados-sanduíches em 24 institutos e universidades de oito países: Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Chile, Cuba, Canadá e Estados Unidos. Desses, três estão no exterior com o projeto em andamento, devendo voltar ao Brasil até o início de 2024.
Já entre as instituições contempladas, estão universidades bastante conhecidas internacionalmente, como as de Coimbra (Portugal) e da Califórnia-Berkeley (EUA). “Geralmente, é em uma instituição de renome no exterior. Durante esse período, o estudante aproveita as expertises e a infraestrutura do grupo estrangeiro para complementar seus estudos”, explica o professor-doutor Giancarlo Richard Salazar Banda, coordenador do PEP/Unit.
Esses envios são possíveis graças à concessão de bolsas e incentivos à pesquisa, através de agências públicas de fomento, como Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica de Sergipe (Fapitec/SE), além de instituições estrangeiras como a Fulbright Program, dos EUA.
“O doutorado-sanduíche geralmente não exige nenhum investimento por parte do aluno ou da universidade. Assim, quando o aluno é contemplado com uma bolsa de estudos, o órgão de fomento também cobre as passagens e o seguro saúde do discente durante o período de permanência na instituição estrangeira”, explica Banda.
O doutorando pode concorrer a essas bolsas através de processo seletivo interno ou da apresentação do projeto de pesquisa pelo orientador. A seleção atende a critérios definidos pela agência ou instituição, como aprovação no exame de qualificação ou projeto de tese, proficiência mínima em língua estrangeira, viabilidade, relevância científica e potencial de impacto, entre outros definidos em cada edital. Na Capes, o edital específico com as normas de seleção é publicado geralmente no início do ano. Há ainda previsão de que o CNPq e o Fulbright abram editais específicos para envio de propostas de pesquisa.
Vantagens
Para o professor Giancarlo, o investimento em doutorados-sanduíche no exterior representa uma série de ganhos e benefícios para o Programa e para a Universidade. Entre eles, estão o aumento da qualidade da formação dos alunos, a cooperação entre pesquisadores de diferentes países e a participação dos alunos em publicações conjuntas em revistas científicas de renome internacional.
“O doutorado sanduíche é uma importante estratégia para fortalecer a formação de uma cultura internacional na universidade, e para o desenvolvimento de uma visão global dos seus estudantes e pesquisadores. Ele também pode ser um diferencial para atrair novos talentos para o programa de pós-graduação, o que pode contribuir para o aumento da competitividade do programa e para a formação de uma massa crítica de pesquisadores qualificados”, ressaltou.
Ainda conforme o coordenador, o aluno que faz “doutorado-sanduíche” ganha mais vantagem ao se colocar no mercado de trabalho, pois esse período no exterior permite que o estudante adquira uma série de competências e habilidades valorizadas pelas empresas. “O aluno tem a oportunidade de aprimorar o seu domínio de um idioma estrangeiro, o que é essencial para a comunicação e colaboração internacional. Pode conhecer uma nova cultura e viver em um ambiente multicultural. Tem ainda a chance de adquirir uma visão global do mundo e dos seus desafios, além de construir uma rede de contatos com pesquisadores e profissionais de outros países. Tudo isso pode ser útil para a sua carreira acadêmica ou profissional”, destaca Salazar.