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Aracaju (SE), 26 de dezembro de 2024
POR: Fátima Almeida airam22_fafa@hotmail.com
Fonte: Fátima Almeida
Pub.: 14 de novembro de 2015

A BELA E A FERA :: Por Fátima Almeida

Fátima Almeida  airam22_fafa@hotmail.com

A BELA E A FERA  ::  Por Ftima Almeida (Imagem: ByFafah)

A BELA E A FERA :: Por Ftima Almeida (Imagem: ByFafah)


Acordei como sempre, ao som do apelo insistente dos bem-te-vis, que só param de gritar quando abro a porta para o quintal e os saúdo com um sonoro “Bom diaaaaa meus lindões, mãe já acordou!!!” Desta vez, a barulheira tinha um tom diferente e eu o conhecia muito bem. Eles tentavam avisar-me que havia um elemento estranho na área. Era sempre assim quando um gavião sobrevoava a casa, um gatinho matreiro armava tocaia no cantinho do telhado, ou os sagüis apareciam em busca de bananas. Que barulho! Mas todo aquele escândalo não era por medo. Bem-te-vis não têm medo a não ser do bicho homem. São valentes e em bandos enfrentam seus predadores com seus bicos afiados. Eles não perdoam ratos e répteis. Reconheci o chamado, porque outro dia um deles tentou pegar uma cobra-de-duas-cabeças que insistia em sair por um íngreme orifício no quintal. Quando cheguei ao local, o pequeno guardião atacava sem piedade o “inimigo” enquanto gritava exprimindo um som que, jocosamente, meu filho interpreta como “Mãae! Mãae!”. Mas voltando ao caso inicial, agi como sempre. Abri a porta e os cumprimentei, mas a gritaria continuava. Então desviei o olhar para minha roseira maravilhosa, que me presenteia todos os dias com lindas e perfumadas rosas. É outro hábito matinal, conversar com as minhas rosas, sentir o cheiro da manhã, olhar para o céu e agradecer a Deus, por estar viva e poder interagir com a natureza! Quando olhei para a roseira, parei extasiada! Uma enorme rosa pendia de um dos galhos mais afastados do tronco principal. A beleza era tanta, que fiquei sem ar, estupefata, por alguns segundos. Como seria bom ter o poder de mantê-la ali eternamente! Mas era só uma rosa. Não, era a minha rosa, uma das muitas que coloriam a roseira de verde e rosa! Parecia a Mangueira na Avenida do Samba. Uma BELA rosa! E eu uma simples mortal embevecida diante de tanta beleza, tanto perfume. Tenho paixão por essa flor. Apesar de ser muito frágil é perfeita!
Os pequenos vigilantes não paravam de clamar pela minha atenção. Foi então que olhei para o chão, embaixo da rosa e recuei assustada! Enojada! Um cadáver maculava aquela visão celestial. Uma FERA jazia inerte e impotente numa pequena poça d’água que a chuva da madrugada criou. Era um rato enorme e asqueroso que havia saboreado avidamente um alimento impróprio, que costumávamos acondicionar em lugares visitados pela espécie.
Eis que eu estava ali, as cinco da matina, diante de uma situação conflitante! Não sabia se continuava admirando a BELA ou cuidava de livrar-me da fera, que nada acrescentava à cena, mas os Guardiões do Quintal em sua frenética gritaria acabaram convencendo-me a decidir por eliminar a mácula, a FERA, para deixar brilhar somente a pureza da minha BELA.

Não basta admirar e exaltar a grandeza da natureza. É preciso cuidar para que ela permaneça bela e possa ser também apreciada pelas gerações futuras.

A título de esclarecimento:

Os pássaros que freqüentam o meu quintal são livres, como Deus os criou e eu os respeito como parte da natureza. Apenas dou uma “mãozinha”, disponibilizando alimento, água, sombra e muito amor, que eles retribuem mantendo afastados insetos e pequenos animais nocivos.

A Bela é minha, mas a Fera... Recusei-me a fotografar.

 

Fátima Almeida  airam22_fafa@hotmail.com 15/05/2010 (revisado)

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Notas:

Bem-te-vi

O bem-te-vi é uma ave passeriforme da família dos Tiranídeos..
Seu nome científico significa: do (tupi) Pitanguá guaçú = nome ameríndio tupi para várias espécies de papa-moscas; e do (latim) sulphuratus, sulfur = amarelo sulfúreo, sulfúreo, enxofre. ⇒ Pitanguá amarelo sulfúreo.

Cobra-de-duas-cabeças:                                        

anfisbena ou anfisbênia é o nome genérico de répteis escamados popularmente chamados, no Brasil, de cobra-cega ou cobra-de-duas-cabeças, por ter a cauda arredondada, mais ou menos no mesmo formato da cabeça. O fato de ser também conhecida por cobra-cega é devido a seus olhos, bem pequenos, ficarem cobertos por uma pele, pouco visíveis ao observador. Não é peçonhenta!


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