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Aracaju (SE), 26 de dezembro de 2024
POR: Fátima Almeida airam22_fafa@hotmail.com
Fonte: Fátima Almeida
Pub.: 13 de dezembro de 2015

A César o que é de César :: Por Fátima Almeida

Fátima Almeida  airam22_fafa@hotmail.com

A Csar o que  de Csar  ::  Por Ftima Almeida - Imagem web/formatao byfafah

A Csar o que de Csar :: Por Ftima Almeida - Imagem web/formatao byfafah

“Então, retirando-se os fariseus, projetaram entre si comprometê-lo no que falasse. E enviaram-lhe seus discípulos, juntamente com os herodianos, que lhe disseram: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e não se te dá de ninguém, porque não levas em conta a pessoa dos homens; dize-nos, pois, qual é o teu parecer: é lícito dar tributo a César ou não? Porém Jesus, conhecendo a sua malícia, disse-lhes: Por que me tentais, hipócritas? Mostrai-me cá a moeda do censo. E eles lhes apresentaram um dinheiro. E Jesus lhes disse: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe eles: De César. Então lhes disse Jesus: Pois dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E quando ouviram isto, admiraram-se, e deixando-o se retiraram.”(Mateus, XXII: 15-22; Marcos, XII: 13-17).

Como é difícil para a humanidade decifrar e aceitar  as diferenças  entre esse mundo e o Reino de Deus! Quantos sacrifícios seriam poupados se as pessoas se dignassem pelo menos, a raciocinar, tentar entender, encontrar uma explicação lógica! Quantas vezes Jesus repetiu  em suas pregações que o “Seu reino não era deste mundo?” e continua não sendo.

Por que tanta resistência? Por que insistem tanto em confundir “o que é de César” com o que é de Deus?

O primeiro a não saber interpretar essa máxima de Jesus foi o Apóstolo Judas, tão execrado até os nossos dias, principalmente por pessoas que também não entenderam a mensagem. Há dois mil anos, apesar de funestas as consequências, seu ato foi perfeitamente compreensível para o Mestre, uma vez que Ele lidava com pessoas simples, com capacidade de entendimento de situações mais complexas ainda na “primeira infância”. Eram ingênuos, no que tangia a determinados aspectos das pregações do Messias. Judas talvez tenha sido o Apóstolo que mais acreditou no poder do Filho de Deus. Sua fé era tão grande, que ele vislumbrou uma saída vitoriosa para aquele povo que vivia sob a opressão do Império Romano. Um Rei mais poderoso que César era tudo que esperavam.

Sabemos que na Judéia, em fins do século I a.C. facções políticas locais viviam em constantes embates. A aristocracia, que visava vantagens comerciais e os sacerdotes judeus que não abriam mão do monopólio religioso, aceitavam a dominação romana. Várias seitas judaicas coexistiam na região, como os fariseus, dedicados ao estudo do Torá e os essênios que pregavam a vinda do Messias que seria um Rei muito poderoso e libertaria os judeus do jugo romano. Assim nasceu Jesus Cristo, na Palestina, durante o reinado de Otávio Augusto, primeiro imperador romano e foi então estabelecido, o ano I da Era Cristã.

“As circunstâncias em que Jesus Cristo, já adulto, teria surgido na cidade de Jerusalém eram altamente explosivas. A Palestina jamais se submetera totalmente ao domínio romano, levando o Império a uma postura repressiva em relação à população local, que reagia inclusive por meio de movimentos armados contra a presença romana.”(Gilberto Salomão)
Confiante que o Messias poderia fazer cair por terra todos os exércitos do mundo, Judas tentou persuadi-Lo a enfrentar o Império, mas não obteve sucesso e ele não entendia porque um Rei com tanto poder, profetizado como Salvador, recusava-se tanto a ajudar ao seu povo. Estava acima do seu entendimento  e então achou uma forma de provocar uma reação. Arquitetou um plano e entregou-o aos soldados romanos, esperando que convocasse os seus exércitos e marchasse contra Roma, afinal, no Velho Testamento é o que mais se lê: Exércitos a serviço de Deus. Como ele poderia advinhar que todos estavam enganados? Que a luta dos exércitos do Pai era sempre pacífica? Todos precisam saber que as guerras sangrentas pertencem a “César” e não a Deus.

Os Evangelhos nos dizem, que em momento algum Jesus ameaçou o domínio romano. As Suas mensagens eram basicamente de amor ao próximo, perdão e desapego aos bens materiais. Seus objetivos eram  cumpridos sobretudo, através do exemplo, o que nos mostra que com Ele “não funcionava” o famoso dito popular “faça o que eu digo, não faça o que eu faço.”

Mas, deixando lá no passado remoto, Judas, suas culpas e seus motivos, aportemos no tempo presente. Tudo continua da mesma maneira. Ainda não se aprendeu a “dar a César o que é de César.”Dois mil anos se foram e  boa parte da humanidade ainda confunde este mundo com o Reino de Deus. Lamentável! Compramos indulgências, como se fossem artigos em prateleiras. Fazemos propostas de troca de favores com o mundo espiritual. Continuamos fazendo guerras, em nome de um deus que não existe, quem sabe são adoradores de Ares. Comercializamos a fé. Trocamos preces por dinheiro. Fazemos Jejum do corpo quando o que agradaria a Deus seria a abstinência de pensamentos, atos e atitudes não louváveis e mil coisas mais que não fazem sentido se pensarmos que,  o nosso dinheiro, os nossos bens materiais não têm valor algum no Reino do Pai. Ora, quando deixamos este mundo, nada disso levamos, nem o próprio corpo, será que não basta como exemplo? E os ensinamentos de Jesus,  quando nos afirma que só os tesouros do coração serão bem-vindos ao seu Reino?

Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mateus 6: 19-21)

Em Sua imensa bondade e sabedoria Deus nos enviou Seu Filho Maior há dois milênios, fazendo com que nascesse em uma estrebaria, num berço de feno, acolhido pelos animais (donos daquele espaço), condições em que jamais nasceria o filho de um rei deste mundo, para mostrar-nos que em Seu Reino, a humildade e o desapego material são riquezas incontestáveis. Que o Reino dos céus não está à venda, como acreditam alguns incautos e que não devemos esquecer de “dar à Terra o que é da Terra e ao Céu o que é do Céu.”

 

Fátima Almeida  airam22_fafa@hotmail.com - em 05/12/2015

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Nota:

Ares – deus da guerra na mitologia grega que correspondia a Marte, deus da guerra na mitologia romana.


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