Os imbecis, Jackson Barreto e a política sergipana
“Eu tenho medo dos imbecis, ou melhor, de suas imbecilidades”, dizia o velho João de Buzinho, um sujeito de poucas letras, mas que era tido como um sábio entre pessoas simples do meu subúrbio, em Dores. Eu faço coro com ele.
Um exaltado suposto eleitor do senador Eduardo Amorim, nas últimas eleições, embora, em 2006 e em 2010, esse exaltado tenha votado em Marcelo Déda, de saudosa memória, fez-me uma reclamação em face do artigo “Depois do carnaval, a administração de JB já será velha”, publicado aqui no Jornal da Cidade, edição de 01 e 02 deste mês. O exaltado disse que eu peguei leve contra Jackson Barreto. Ora, eu tinha que pegar leve ou pesado? Nem uma coisa nem outra. Eu escrevo o que eu quero sem dever favor ou desfavor a ninguém. Muito menos aos imbecis. Que isso fique claro. Alguns também não gostaram do último artigo “Nota 6 para João Alves Filho”. E eu com isso? Não escrevo para agradar ou para desagradar. Simplesmente, escrevo.
Os imbecis estão em todos os lugares e, obviamente, em todos os lados da vida político-partidária em Sergipe, no Brasil e no mundo. Bem. É como eu vejo. Pois não é que um auxiliar do segundo ou do terceiro escalão – sei lá! – do governador Jackson Barreto, um desses que, na hora da bonança é tido como do tipo “segura-peido”, que lambe botas e arrasta o rabinho, como se fora um cãozinho de estimação, ou melhor, cãozinho de adulação (com todo o respeito aos cães), andou, numa roda de amigos, alguns dos quais também meus amigos, dizendo, de forma desgraçadamente suja que Jackson Barreto deveria me dar um “corretivo”, na DESO. O imbecil não sabe que, primeiro, como advogado da DESO, eu não deveria qualquer favor ou obediência ao Chefe do Poder Executivo, qualquer que fosse ele, quando se tratasse de minhas atividades não funcionais, como é o meu pobre ofício de escrever. E, em segundo lugar, eu fui advogado da DESO por 25 anos (1988-2013), tendo me aposentado em 1º de março de 2013, ao completar, ao todo, com acessio temporis, 40 anos de efetiva contribuição previdenciária. Esse sujeito deveria estar informado, para não dizer asneiras.
Pois bem. Permitam-me os editores deste matutino e os leitores, informar ao desavisado lambe-botas, que eu tenho pelo governador Jackson Barreto o mais profundo respeito. Ainda. Respeito pelo que ele representou para a oposição ao regime autoritário, pela luta diuturna que ele travou ao lado de muitos companheiros, alguns dos quais, hoje, dele afastados, e, especialmente, porque fui seu secretário de Administração, na Prefeitura Municipal de Aracaju, quando de sua segunda gestão. E nele eu votei em algumas oportunidades, para deputado estadual, deputado federal, senador e governador (em 1994 e 2014). Não votei nele para vereador ou prefeito da capital, pois sou eleitor em Dores. Aliás, na última eleição, inclusive, discursei em Dores, no palanque, ao seu lado. E assinei uma moção em favor de sua candidatura, ao lado de outros professores da UFS, publicada em alguns órgãos de imprensa. O que eu jamais farei é deixar de cutucar, de comentar ações governamentais ou a falta delas, seja de Jackson Barreto, de João Alves, Valadares, Almeida Lima, com os quais eu também trabalhei, no estado e na capital, ou, seja lá de quem for. Está ouvindo, ó imbecil desinformado? Quer mais, ó tresloucado espinha de peixe podre? Quer saber mais, ó despudorado imbecil? Pois lá vai.
Peço vênia ao governador Jackson Barreto por expor algo que é estritamente pessoal, mas que ele próprio já expôs em mais de uma ocasião, como, afinal, hei de revelar. Em 1994 – está lendo, ó imbecil carrapatoso? – JB, enquanto candidato a governador contra Albano Franco, foi à SMTU, hoje SMTT, fazer uma visita, como os candidatos costumavam fazer às repartições públicas. Após a visita, de sala em sala, ele foi ter comigo, na Superintendência. E foi então que ele fez algumas ligações do celular, umas três ou quatro, pedindo aos interlocutores que lhe avalizassem um título de crédito junto a um Banco, ou seja, um papagaio, como se diz na gíria bancária. Ninguém se propôs avalizar o documento creditício. Voltando-se para mim, ele disse, com voz lamentosa: “Como é que pode Zé Lima, um candidato a governador, não achar um amigo que avalize um papagaio junto a um Banco, para despesas pessoais?”. Prontamente, eu lhe disse: “Eu avalizo”. Surpreso, ele perguntou: “Você confia em mim?”. E eu: “Confio”. A quantia não era tão grande assim. Na verdade, para um candidato a governador, era uma miséria. De verdade. Para mim, claro, era alguma coisa. À tarde, ele me ligou, para informar que o Banco somente lhe emprestaria a metade do que tinha acertado. Logo mais, um portador foi levar o papel creditício para que eu avalizasse. Após assinar, tomei uma resolução. Liguei de volta para JB e lhe disse: “Jackson, eu vou lhe emprestar a outra metade”. E assim eu o fiz. Está lendo isso, seu imbecil falador? Eu não sou um estranho.
Quando Jackson Barreto foi candidato a senador, ao lado de Albano Franco, em 1998, numa atividade realizada no Colégio General Calasans, em Dores, Jackson estava conversando com as pessoas que ali se encontravam e, ao me avistar, disse, ao microfone, para todos ouvirem: “Albano, na eleição de 94, que eu disputei com você, Zé Lima avalizou um papagaio num Banco e ainda me emprestou uma quantia”. Do mesmo modo, quando, em 2011, após a inauguração de um complexo residencial, no Lamarão, pelo governador Marcelo Déda, eu estava com o prefeito de Dores de então, Aldon Luiz dos Santos, e ao nos acercar do governador com quem o prefeito, ao lado do deputado federal Valadares Filho, precisava falar, Jackson, mais uma vez, se referiu ao aval e ao citado empréstimo, dizendo, em tom de gracejo, ao governador Déda, o que dissera a Albano e aos dorenses, em 1998. Está lendo, seu imbecil, que de nada sabe, a não ser puxar o saco de quem, momentaneamente, lhe interessa?
A política é, deveras, algo a merecer a atenção de todos os cidadãos e de todas as cidadãs. Desde a velha Grécia. Desde muito antes. Enfim, desde sempre. Porém, a cada dia que passa, as pessoas se desencantam com a política. Melhor seria dizer, com a forma com que a política é exercida por alguns políticos, mandatários ou auxiliares destes. E entre os auxiliares há os rastejantes e imbecis. Que Deus nos livre dessas bestas espumosas!
Quanto aos meus artigos, que venham a falar sobre política ou administração pública, eu os farei como me der na telha, sem, contudo, hostilizar nenhum político ou governante. Quando eu quiser falar, falarei o que for preciso. Falarei sobre o que sinto. Sobre o que eu compreendo. Sobre meus pontos de vista. Sem ferir deliberadamente quem quer que seja: Jackson Barreto, João Alves etc. Mas, também, sem ocultar fatos, quando for preciso expô-los. Para que a verdade seja conhecida. E para que os imbecis lambe-botas continuem lambendo. Desafortunadamente. “Burro por onde passa, deixa a marca da ferradura”. Tenho dito. Por enquanto.
Publicado no Jornal da Cidade, edição de 22 e 23 de fevereiro de 2015. Publicação neste site autorizada pelo autor.
(*) Advogado, professor da UFS, membro da ASL e do IHGSE
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