Aracaju (SE), 21 de novembro de 2024
POR: Fátima Almeida airam22_fafa@hotmail.com
Fonte: Fátima Almeida
Pub.: 24 de abril de 2015

O Rádio :: Por Fátima Almeida

Fátima Almeida  airam22_fafa@hotmail.com

O Rdio  ::  Por Ftima Almeida - Divulgao

O Rdio :: Por Ftima Almeida - Divulgao

A minha relação com a música sempre foi algo singular. Em 1957, com apenas três aninhos, eu já tinha desenvoltura suficiente para subir no balcão do armazém do papai e cantar a plenos pulmões as músicas que faziam sucesso no rádio, para quem quisesse ouvir. Cantar e declamar poesias? Eu adorava! “Essa menina não se cria!” diziam alguns. E não é que me criei? E o rádio! Nossa!... Era enorme! Tinha caixa de madeira e acho que funcionava a pilha. Luz elétrica? Ninguém sonhava com isso por lá. Chiava que era uma beleza, mas era o único meio de comunicação que chegava até nós, naquele fim de mundo, que mais tarde, comentando Garcia Marquez com uma amiga, achamos muito parecido com Macondo. Lá adiante darei mais detalhes dessa semelhança.

Acordávamos com um programa da PRA-4 – Rádio Sociedade da Bahia. O programa? VAMOS ACORDAR! O locutor eu não lembro bem o nome, mas acho que tinha o sobrenome Luna.

Durante o dia, todos se ocupavam dos seus afazeres. Eu ia para a Escola, brincava e quando a noite chegava era hora de ouvir o maior noticiário do país – A HORA DO BRASIL, cuja abertura nos deixava emocionados e só depois de alguns anos eu fiquei sabendo que se tratava de um trecho da ópera O GUARANI, de Carlos Gomes.

Foi através do rádio que tomamos conhecimento de muitos fatos importantes, como a trágica morte de JFK. Ora, eu só tinha nove anos, mas, nunca esquecerei aquela cena. Junto ao rádio, minha mãe chorava ouvindo a narração do funeral de John Kenned, enquanto Ray Charles fazia o fundo musical com a belíssima canção I CAN’T STOP LOVING YOU. E ali, sem entender o porquê do pranto da minha mãe, eu também chorei, embora não tivesse a mínima noção do que dizia aquela música, que me soava tão triste. Hoje eu tenho consciência de que naquele dia, o mundo perdeu um grande estadista.

Muitos outros fatos chegaram até nós, dessa maneira. O Repórter Esso se encarregava de nos informar em edições extra-ordinárias.

Chegou a Jovem Guarda! O Rei, Roberto Carlos lançava um LP todo final de ano. Como eu não tinha “radiola”, sequer uma vitrolinha portátil, contentava-me em copiar as letras e cantar suas canções maravilhosas, nem que para isso tivesse que acordar na madrugada para ouvi-las na Rádio Globo, porque era quem primeiro fazia os lançamentos musicais e o sinal só chegava limpo nas primeiras horas do dia.

O futebol também fazia parte do meu domingo junto ao rádio, e mais tarde ainda “assisti” algumas edições das Olimpíadas tão maravilhosamente narradas por Luciano do Vale. Disse “assisti” porque era como se eu estivesse presente em cada competição, tal a qualidade da narração.

Estudava em uma cidade grande, mas eu não dispensava minhas famosas férias no lugarejo. Quando acabavam as aulas, lá estava eu de volta para mais uma temporada de aventuras, mas esta será outra história!

Por: Fátima Almeida  @fafahreis
https://www.facebook.com/fafah.reis

Notas:

O RÁDIO NO BRASIL

Em 07 de setembro de 1922 o Brasil conhecia oficialmente o rádio. Na data, o Presidente da República Epitácio Pessoa apresentava a novidade aos brasileiros na solenidade de abertura da Exposição Comemorativa do Centenário da Independência realizada no Rio de Janeiro. Dentre os presentes dois baianos que mais tarde seriam alguns dos fundadores da Rádio Sociedade da Bahia: os Doutores Agenor Augusto de Miranda e Cesário de Andrade.

A Radio Sociedade da Bahia nasceu identificada como PRA-4, sigla de prefixo 4. O "A" era uma classificação para ordenar alfabeticamente as emissoras. Prefixo era uma convenção internacional que determinou para o Brasil as letras PR, sigla que prevaleceu durante quase duas décadas, depois sendo substituída pelas iniciais ZY acrescida da faixa de freqüência. A Rádio Sociedade da Bahia recebeu o prefixo número 4 por ter sido a quarta rádio a ter autorização oficial para funcionar.

A VOZ DO BRASIL

O programa foi criado por Armando Campos, amigo de infância de Getúlio, com a intenção de ajudar o seu amigo, colocando suas idéias para a população escutar, e assim serem a favor de seu governo. Passou ser transmitido em 22 de julho de 1935, durante o governo de Getúlio Vargas com o nome de "Programa Nacional", sendo apresentado pelo locutor Luiz Jatobá. De 1934 a 1962, foi levado ao ar com o nome de Hora do Brasil. Em 1938, já com o nome de Hora do Brasil programa passou a ter veiculação obrigatória, somente com a divulgação dos atos do Poder Executivo, sempre das 7 às 8 horas da noite, horário de Brasília. Em 1962, a partir da entrada em vigor do Código Brasileiro de Telecomunicações, o Poder Legislativo passou a ocupar a segunda meia hora do noticiário. Em 1971, por determinação do presidente Médici, o nome "Hora do Brasil" muda para "A Voz do Brasil".

A Voz do Brasil por muitos anos iniciou-se com a frase "Em Brasília, dezenove horas", hoje substituída para "Sete da noite em Brasília". O tema inicial do programa é O Guarani, de Carlos Gomes, recebeu novas versões, em samba, choro, capoeira, entre outros.

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