Deus nos livre! :: Por Almeida Lima
Que futuro nos espera?
Almeida Lima*

Almeida Lima - Foto de arquivo: Jadilson Simões/Alese
A ampliação da faixa de idosos na pirâmide demográfica brasileira é uma realidade. Esse fato determina a necessidade de aumento do número de leitos hospitalares. Afinal, como iremos atender ao povo e cuidar dos nossos idosos, já que somos deficitários em número de leitos e, nesse requisito, estamos na periferia do mundo?
Em Sergipe nos últimos doze anos o que prevaleceu foi um modelo devastador de gestão em saúde pública. A marca foi o desmantelo das estruturas e dos serviços. A tônica foi o fechamento de leitos dos Hospitais de Pequeno Porte (HPP) e de maternidade como a Hildete Falcão. Essa perversidade levou o próprio Hospital de Urgência – HUSE a armar barracas de lonas em sua porta para que pudesse acolher pacientes, já que dentro do hospital não haviam leitos disponíveis.
Essa tragédia teve nome e sobrenome: Rogério Carvalho e seus tentáculos (instrumentos de esperteza, cobiça e astúcia), que ainda hoje estão empoderados nas estruturas do governo, aguardando um patrocinador para dar o bote.
Assumi a saúde com o propósito de extirpar esse mal. Não me refiro a “caçar as bruxas”, embora teria sido um grande feito. A saúde pública estava na sarjeta. Tudo estava putrefato. Iniciar as ações por qualquer ponto era legítimo, e começamos por vários deles ao mesmo tempo, inclusive, pela criação de leitos, tema objeto deste artigo.
Sem dinheiro extra, mas apenas com recursos orçamentários e gestão adequada entregamos 80 novos leitos e mais 479 estão em andamento, totalizando 559, aí incluídos os leitos de UTI, UTIN, UCIN, RPA, enfermaria, isolamento, pediátricos, pré-parto..., beneficiando o hospital de Glória que estava há dez anos com obras paralisadas, o de Socorro em licitação para ampliação, o de Estância que passará a funcionar com dez leitos de UTI e mais trinta de enfermaria, o Garcia Moreno em Itabaiana que foi reformado, e o HUSE que recebe 218 novos leitos, além da Maternidade Hildete Falcão Baptista, quase destruída, abandonada há dez anos, e o Hospital da Criança já em fase de licitação e com recursos assegurados no próprio orçamento.
Enfim, uma nova política de saúde pública foi instaurada com resultados promissores. Nesse item, o de leitos hospitalares, o estado sairá de 1.425 leitos para 1.984, um ganho de 39,22% em tão pouco tempo, e com tão pouco recursos. Prevaleceu o princípio do fazer mais, com menos.
Entretanto, gravíssimo é afirmar que tudo isso cairá por terra e voltará à mesma sarjeta de antes, diante da decisão tomada pelo governador Belivaldo Chagas de paralisar todas essas obras, sob a alegação de que “Sergipe não está precisando de novos leitos hospitalares”. Mais ridículo, ainda, é saber que essa estupidez vem sendo ratificada pelo novo superintendente do HUSE, o médico Darcy Tavares, que tem dito e reafirmado essa desgraça em todas as suas entrevistas.
Por isso, não sem razão eu roguei: “Deus nos livre” de mais quatro anos de governo Belivaldo Chagas. Nada de política eleitoral: o clamor que aqui se dá é contra o obscurantismo: o estado de ignorância do governador; um homem rude, de pouca instrução, estabanado, desprovido do necessário conhecimento daquilo que pretende intervir. Deus nos livre!"
*É advogado, ex-deputado estadual e federal, ex-prefeito de Aracaju, ex-senador e ex-secretário de Estado da Saúde de Sergipe.