Aracaju (SE), 16 de abril de 2025
POR: Gabriel Damásio
Fonte: Ascom Unit
Em: 15/04/2025 às 09:44
Pub.: 15 de abril de 2025

Ex-secretário do Tesouro prevê fortes impactos de guerra tarifária na economia

O economista Mansueto Almeida falou sobre as consequências da disputa econômica travada entre China e Estados Unidos, em palestra para estudantes e professores da Unit

O economista Mansueto Almeida, chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, falou sobre a conjuntura econômica e outros assuntos no Tiradentes Innovation Center - Foto: Asscom Unit

Uma guerra que será ruim para todos os lados. Esta é a definição dada pelo economista Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro Nacional e atual economista-chefe do banco BTG Pactual, sobre a atual disputa tarifária que está sendo travada entre os Estados Unidos e a China. Em palestra para estudantes e pesquisadores, promovida pela Universidade Tiradentes (Unit) na última sexta-feira, 11, ele abordou os impactos da guerra tarifária para o Brasil e para o mundo, com desdobramentos em praticamente todos os setores da economia. 

A guerra tarifária vem se arrastando desde o chamado “Liberation Day” (“Dia da Libertação”), em 2 de abril, quando o presidente norte-americano Donald Trump ordenou a cobrança ou reajuste de tarifas de importação para produtos importados pelo país, atingindo praticamente todos os países do mundo. O mais afetado foi a China, que tem a segunda maior economia do mundo e terá que pagar impostos de até 125% por cada produto exportado. O líder do país asiático, Xi Jin Pin, respondeu aplicando a mesma tarifa aos produtos dos EUA que entram no país e buscando acordos com outros blocos econômicos, como o Mercosul e a União Europeia. 

Mansueto, que tem experiência como pesquisador e ex-funcionário de carreira do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), acredita que o aumento generalizado das tarifas de importação pode causar uma recessão generalizada na economia global, com a diminuição do consumo. “Se os Estados Unidos crescerem menos, a China crescer menos, e o mundo crescer menos, isso derruba o preço de commodities, que é muito importante para as exportações do Brasil e todo mundo sai perdendo. O que todo mundo quer é que essa guerra tarifária não ocorra. Se a gente tem uma onda na qual cada país aumenta a sua tarifa de importação, isso significa que, em cada país, os preços dos produtos serão mais caros”, alerta. 

O palestrante também questionou a justificativa do governo Trump, que alega ter adotado a estratégia para forçar uma negociação que resulte na retirada das tarifas cobradas sobre os produtos e serviços norte-americanos. “Não é uma forma muito adequada, porque num primeiro momento, criou um conflito e levou a retaliação de um grande parceiro comercial dos Estados Unidos, que é a China. No contexto que dois países grandes ficam brigando um com o outro, todo mundo sai perdendo”, reforça. 

O economista cearense, que ocupou a secretaria do Tesouro Nacional durante os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, avalia também que os setores ligados à inovação podem ser fortemente afetados pela disputa tarifária e ainda por posturas anti-globalização que vêm sendo adotadas por alguns países, incluindo os próprios EUA. 

“A questão da guerra tarifária e um ambiente de mundo mais protecionista, inclusive com mais dificuldade de imigração, é muito ruim para todo esse esforço de inovação mundial. A gente sabe que, para fomentar inovação e pesquisa, precisa muito de troca de experiência entre pesquisadores de diferentes países. E num mundo mais protecionista, todo esse esforço de empreendedorismo, inovação e pesquisa ligada à inovação diminui. É muito importante que as nações e que os países resolvam seus problemas por meio de cooperação e não com proteção e aumento de tarifa, porque nesse contexto, todo mundo sai perdendo”, lamenta Mansueto. 

Bancos digitais

O advento dos bancos e negócios digitais, a conjuntura econômica brasileira, os investimentos em educação, ciência e tecnologia, o mercado de trabalho para carreiras de tecnologia e o atual mercado financeiro também foram assuntos tratados durante a palestra, realizada no Tiradentes Innovation Center, no Campus Farolândia, com uma grande participação de professores e estudantes dos mais variados cursos. Entre eles, os de Tecnologia da Informação, que já respondem por boa parte dos profissionais contratados pelos bancos digitais e pelas chamadas fintechs, instituições financeiras que ganharam grande espaço no mercado sem exigir grandes estruturas físicas.  

Mansueto explicou que o próprio BTG, que já está entre as 10 maiores instituições financeiras do país, já tem cerca de 40% de seus profissionais ligados à área de tecnologia, o que abre um grande campo de trabalho para os profissionais da área que ainda estão na universidade. “O banco digital é muito importante porque, com o advento da tecnologia, surgiram bancos que não tem agência bancária. Isso aumenta muito a concorrência na concessão de crédito do sistema financeiro. Claro que esse é um novo nicho que atrai muitos engenheiros e cientistas de computação para trabalhar no sistema financeiro. Hoje, temos um setor financeiro com muito mais competição e quem se beneficia, no final, é o consumidor”, argumenta o economista.

Temas atuais

O objetivo do evento promovido pela Unit foi trazer para o ambiente universitário um tema bastante atual e relevante, que levanta a possibilidade de grandes impactos para a economia mundial, com desdobramentos sociais e geopolíticos. Estes impactos podem afetar praticamente todos os setores da economia, incluindo o da inovação e da ciência, o que provoca pesquisadores e empreendedores a buscarem alternativas e criarem soluções para resolver problemas e atender demandas geradas por esta nova crise. 

“Quando a gente fala que o Tiradentes Innovation Center é um centro de inovação, a gente tem que estar atualizado com as políticas que estão acontecendo para que a gente busque também novas formas de interagir com o mundo. A gente fala muito das dores do mundo e das pessoas para desenvolver projetos de inovação. Se a dor de um mundo está passando aqui, então a gente precisa comentar e debater, para que soluções cada vez mais criativas e novas possam ser desenvolvidas. E por que não Sergipe também contribuir para esse debate internacional que está acontecendo agora?”, disse o presidente do Tiradentes Innovation Center, Domingos Machado.

“Eu acredito que foi uma palestra bastante informativa para inserir os alunos nesse contexto, que ele acha às vezes que está tão distante dele, mas não está. Não dá para a gente negar que a gente vive na globalização e o impacto é real. Para os negócios, para as empresas, é muito importante entender como isso acontece, para que elas possam ver tanto as ameaças quanto as oportunidades que podem ter nesse mercado. E entender sobre esse assunto, para tomar decisões mais assertivas, é fundamental”, destaca a professora Ivânia Maria de Morais Souto, coordenadora operacional dos cursos da área de Administração e Negócios da Unit.


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