Presidente da Câmara vai trabalhar pela união da base do Governo Temer
Rodrigo Maia e Acio Neves: compromisso pela unio da base aliada ao governo do presidente Michel Temer (Foto: J. Batista/Cmara dos Deputados)
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse nesta quinta-feira (14) que vai trabalhar para que o governo do presidente interino da República, Michel Temer, tenha a base parlamentar unida. A declaração foi dada durante o primeiro compromisso de Maia como presidente da Casa, após a eleição nesta madrugada — uma visita de agradecimento ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) pelo apoio no pleito. O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), também esteve no encontro.
“A nossa vitória foi construída no domingo à noite em uma conversa entre mim, Imbassahy, o presidente [do PSDB] Aécio e o ministro da Educação, Mendonça Filho. Dali saiu a estratégia para a vitória”, destacou Maia. “Foi uma vitória da Casa, com 285 votos e quórum de 460 no segundo turno”, acrescentou.
Segundo ele, é preciso olhar para o futuro. “Hoje nós temos uma base do governo, com 400 deputados. Não vamos separar mais a base entre a antiga oposição e o chamado ‘Centrão’ — isso gerava divisões desnecessárias e atrapalhava o Brasil. Vamos trabalhar em conjunto com os líderes para que o governo tenha uma base unida. Ninguém é do bloco A ou do bloco B. Temos um projeto de governo e a base precisa trabalhar junta. É assim que eu vou, como presidente da Câmara e deputado do governo, ajudar.”
União das Casas
Maia informou que vai atuar junto com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para que deputados e senadores voltem a trabalhar de forma integrada: “Vamos escolher pautas em conjunto, para que possamos superar a crise e reformar muitos temas no Brasil. É fundamental que a Câmara e o Senado voltem a ter um diálogo saudável, que deixamos de ter há muito tempo.”
Entre as prioridades da pauta, o presidente da Câmara citou a agenda econômica e temas da reforma política. “Nosso sistema político faliu, ruiu”, apontou. Questionado pela imprensa sobre um possível esvaziamento da Câmara no segundo semestre, por conta do período eleitoral, Maia disse que a ideia é fazer acordo com os deputados para estabelecer “semanas de votação” e “superar agendas que estão na ordem do dia e construir outras, como os temas da reforma política”.
Fim das coligações
Durante o encontro, o senador Aécio Neves anunciou a apresentação de proposta de Emenda à Constituição, juntamente com o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), para colocar fim às coligações nas eleições proporcionais (cargos do Poder Legislativo) e para restabelecer gradualmente a cláusula de barreira (percentual mínimo de votos para que partidos tenham direito a recursos do fundo partidário e a tempo gratuito de rádio e TV). Segundo ele, a proposta deverá permitir a transição de partidos menores para partidos com maior representação junto à sociedade.
O objetivo dele, com a proposta, é conferir mais força e representatividade aos partidos políticos. “É um caminho necessário para que tenhamos, no futuro, um conjunto de partidos que representem segmentos de pensamento da sociedade, diferentemente deste excesso atual de siglas partidárias”, salientou.
Aécio pediu apoio do presidente da Câmara para que essa seja uma pauta prioritária do Congresso. Já tramita, no Senado, proposta de reforma política aprovada pela Câmara que, entre outros pontos, proíbe a reeleição para cargos majoritários, como presidente e governador. Porém, Neves observou que a tramitação da matéria “está paralisada”.
O senador elogiou a disposição do presidente Rodrigo Maia de “estabelecer diálogo mesmo com quem pensa diferente”. Segundo ele, a eleição de Maia “acena ao Brasil com a possibilidade de uma agenda econômica necessária para a superação da crise e o retorno da harmonia entre a Câmara e o Senado”. Na visão do senador, a principal tarefa do novo presidente será a pacificação da política brasileira. “A radicalização e a intolerância não servem a ninguém”, completou.
Maia seguiu no fim da manhã para visita ao presidente da República, Michel Temer, e mais tarde deverá visitar o presidente do Senado, Renan Calheiros.
Edição: João Pitella Junior