Luciano Pimentel pede cruzada para salvar Petrobras em Sergipe
Num instante em que só se fala em Operação Lava-Jato, que só se discute se os negócios entre a Prefeitura de Aracaju com a Torre estão certos ou errados, o deputado estadual Luciano Pimentel, PSB, trouxe à pauta da sonolenta Assembleia Legislativa ontem um tema muito importante: a morte lenta, progressiva e gradual da estatal do petróleo em Sergipe.
Luciano Pimentel pede cruzada para salvar Petrobras em Sergipe (Foto de arquivo: César de Oliveira)
E, em tom de alerta, o parlamentar socialista pediu unidade e uma cruzada da sociedade e da classe política para salvar a Petrobras por aqui. “É preciso que haja mobilização e boa vontade para que possamos, todos os parlamentares, de estadual a federal, todos os políticos dos municípios envolvidos, o Executivo estadual, fazer com que haja investimentos da Petrobras, para que ela continue apostando no Estado de Sergipe”, disse.
A pregação de Luciano Pimentel tem base na matemática. Na estatística real, vinda dos dados da Agência Nacional de Petróleo – ANP. Ele mostrou, por A mais B, que nos últimos três anos todos os indicadores da Companhia em Sergipe desceram ladeira abaixo. Dos royalties à prospecção de petróleo em terra e mar, tudo vai virando água.
Em 2014, o Estado foi contemplado com R$ 166 milhões de royalties. Já em 2015 caiu para R$ 97 milhões e no ano passado fechou com apenas R$ 69 milhões. “Entre 2015 e 2016, Sergipe perdeu R$ 28 milhões. Além de possíveis desinvestimentos, é preciso considerar a retração decorrente da queda dos preços do petróleo no mercado internacional”, pondera Luciano.
Ainda com base nos dados da ANP, Luciano Pimentel levou a plenário um informe curioso e perigoso: no todo da Petrobras, a importância de Sergipe na produção petrolífera é de apenas 1.9%. “Como nós representamos apenas esse 1.9% da produção da Petrobras no Brasil, se não houver um entendimento do povo de sergipano e uma união da classe política de Sergipe, podem deixar de investir definitivamente no Estado”, diz ele.
“E aqui reitero: a Petrobras é muito importante para nós sergipanos. Mas nós não temos a mesma importância para eles, para os mantenedores dessa empresa”, avisa Luciano, sempre chamando a atenção para os perigos do chamado Princípio de Pareto aplicado sobre Sergipe.
Mas, afinal, de que trata o tal Princípio? “O Princípio de Pareto, que os economistas e executivos muito citam, é quando você aloca 80% dos seus recursos naqueles espaços de 20% que dão resultado”, justifica. Ou seja, como Sergipe está fora das grandes possibilidades petrolíferas, as favas para o Estado.
Desde o ano passado que este parlamentar vem tentando atrair, cordialmente, o gerente-geral da Petrobras em Sergipe até a Alese para tratar do futuro da empresa no Estado. Não consegue levá-lo.
Diante dessa dificuldade, da queda dos royalties e da aberta falta de investimento, Luciano disse ontem que vai convidar o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho, do seu partido, o PSB, até a Alese, e produziu uma imagem marcante de receio com o futuro.
“E tudo isso me lembra muito a síndrome do sapo fervido. Dizem que quando você joga um sapo numa panela com água fervente, ele reage e, instantaneamente, pula fora. Ao passo que se você botar o sapo na água fria e for aumentando a fervura dela, ele vai se acomodando com a nova situação e daí a pouco morre”, disse.
É frontalmente da morte da Petrobras que Luciano está falando. E não custa nada lembrar que se bem pouco Sergipe significa para a Petrobras, a Petrobras muitíssimo significa para Sergipe. Para um Estado que nunca tem seu Canal de Xingó, que deixa morrer o Projeto Carnalita, o alerta desse parlamentar não soa nada exagerado.