HIV e Aids: entenda a diferença entre ter o vÃrus e a doença
Apesar de ter sido descoberto há cerca de quatro décadas e ser considerada uma epidemia mundial, mesmo que sobre controle, muitas dúvidas ainda pairam na população a cerca do Vírus HIV e da Aids. Quem tem um não necessariamente tem o outro, e, quando tratado, o paciente consegue ter uma vida normal, como explica o médico Almir Santana, gerente do Programa Estadual de IST/Aids, da Secretaria de Saúde (SES).
HIV e Aids: entenda a diferença entre ter o vírus e a doença (Imagem: Assessoria SES/SE)
“Ter o HIV é ter o vírus. Neste caso, a pessoa é considerada soropositiva. Ela é assintomática, geralmente com uma carga viral (que é a quantidade de vírus no sangue) baixa”, esclarece.
É possível, inclusive, que mulheres nesta condição planejem uma gravidez, pois, com os cuidados adequados, os riscos de uma transmissão vertical (da mãe para o bebê) são reduzidos para até 3%.
Antigamente, segundo Almir Santana, a terapia antirretroviral somente era iniciada quando a doença já estava manifestada, o que diminuía as chances de uma boa qualidade de vida.
“Hoje isso pode e deve ser feito em ambas as situações – a não ser que o paciente se recuse a iniciar a medicação assim que descoberta a presença do vírus. Quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento, melhores serão os resultados”, reforça Almir Santana.
Mas o que é ter Aids?
É quando o paciente, além do vírus HIV circulando no sangue, tem as manifestações que acompanham a Aids, que são as chamadas infecções oportunistas. “O quadro clínico mais comum é ter diarreia, febre ou tosse seca por cerca de dois meses, às vezes perda de peso, monilíase oral, mais conhecido como ‘sapinho’, candidíase vaginal ou pneumonia de repetição”, explica o gerente do programa estadual.
Duas doenças aparecem com mais frequência nos pacientes com quadro de Aids: a Tuberculose Pulmonar e a Toquisoplasmose Cerebral. Ambas são as principais causas de mortes em consequência da doença.
“A evolução do vírus para a doença propriamente dita depende de vários fatores. Uma pessoa que agride o organismo pelo modo de vida que leva, não se alimenta bem, usa drogas, tem uma tendência a desenvolver Aids mais rápido”, informa.
Mesmo com os inúmeros avanços quanto ao diagnóstico e ao tratamento dos pacientes, mais de 36,9 milhões de pessoas vivem com a doença no mundo e 734 mil no Brasil, segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). Sergipe tem 4.858 casos notificados de Aids desde 1981 até maio de 2016, com 1.262 óbitos. Desse total, 4.751 casos são adultos e 107 são crianças.
Ações do Estado
Ao longo dos anos, o Programa Estadual de IST/Aids tem desenvolvido diversas ações. A principal delas é o estímulo à realização do teste para a detecção do vírus o mais cedo possível.
“Toda pessoa sexualmente ativa deve realizar o exame ao menos uma vez no ano, afinal, já foi comprovado que quanto mais cedo se inicia o tratamento, mais eficaz ele é”, orienta Almir Santana.
No entanto, é importante lembrar que o teste não é método de prevenção. “Fazê-lo e não usar preservativo no sexo não adianta”, orienta o médico.
O Estado também começou a implantação da Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que visa diminuir os riscos da transmissão em situações especiais, como num caso de rompimento da camisinha ou em uma relação sem preservativo e onde uma das pessoas tem Aids.
“A PEP é um procedimento que deve ser adotado em no máximo 72h após o ato sexual, onde são utilizados os mesmos medicamentos que tratam o HIV. Durante o tratamento, que ocorre por 28 dias, a pessoa precisa adotar medidas preventivas contra a possibilidade de novas exposições e infecções, como é o caso do uso de camisinha. Ao final do processo a pessoa será submetida a um novo teste para identificar se a infecção foi evitada ou não”, esclarece.
Além disso, o Programa Estadual se preocupa com a efetividade do tratamento, e, nesse sentido, o comprometimento dos municípios é de fundamental importância. “Somente testar não resolve. O Serviço não pode perder esses pacientes soropositivos, eles precisam ser acompanhados e orientados a realizar a terapia antirretroviral”, reitera Almir Santana.