Março Amarelo: cantora Anitta tem diagnóstico de endometriose após 9 anos, doença silenciosa e dolorida
Quando a intervenção cirúrgica é necessária e como realizar com segurança?
Março Amarelo: cantora Anitta tem diagnóstico de endometriose após 9 anos, doença silenciosa e dolorida - Foto: Divulgação
A doença se caracteriza por células do endométrio que se fixam fora do útero, por refluxo menstrual associado a fatores genéticos. Podendo causar dores abdominais de forte intensidade, principalmente no período menstrual.
Diariamente, apenas nos hospitais públicos da cidade de São Paulo, segundo dados disponibilizados pela Secretaria de Saúde, a endometriose é a responsável por levar sete mulheres à mesa de cirurgia.
Um dos dramas que envolvem a endometriose é o tempo que se leva para diagnosticar a doença (entre 7 e 9 anos). A cantora Anitta, recentemente foi submetida a uma cirurgia de endometriose, após nove anos convivendo com a doença, sem saber que sofria do problema.
Neste mês é celebrado o Março Amarelo, campanha de conscientização sobre a endometriose e o portal Acupuntura para Engravidar, sob a direção da acupunturista, Aniele Hayashi, convidou alguns especialistas para falar sobre diferentes temas relacionados à doença, dentre eles, a cirurgia de endometriose.
Cirurgia como um dos tratamentos para a endometriose
A ginecologista, Renata Hayashi, especialista em cirurgia minimamente invasiva, expõe a problemática de que a mulher descobre que sofre de endometriose por duas vias:
- Devido a cólicas menstruais
- Por conta da infertilidade.
Ela explica que o processo de investigação envolve a ecografia, que é o mapeamento de endometriose em que é realizado um exame de ultrassom transvaginal com preparo intestinal ou pela ressonância pélvica, a qual deve ser realizada com preparo intestinal e contraste:
“O bom resultado cirúrgico se baseia em um bom exame de imagem”, explica a médica.
Mas como saber se a cirurgia realmente é indicada?
Quando o diagnóstico por métodos de imagem não era avançado como hoje, a cirurgia laparoscopia (videolaparoscopia) era utilizada como instrumento de diagnóstico de endometriose (laparoscopia diagnóstica). Hoje, é consenso que não se deve mais fazer cirurgia para diagnóstico porque a cirurgia é para tratamento.
Renata enfatiza que em um caso de cirurgia, o cuidado cirúrgico se baseia em retirar toda a doença sendo o mais conservador na preservação das estruturas neurovasculares e causando o menor dano possível ao útero e ovários.
É importante salientar, que o anticoncepcional não trata a doença, mas pode ser um grande aliado para tratar a dor. Porém, diante do desejo da maternidade, é importante consultar o ginecologista para definir qual o melhor tratamento.
A endometriose é uma doença ginecológica que não tem cura, sendo assim, a cirurgia é um tratamento para melhorar a qualidade de vida, podendo aumentar a possibilidade de fertilidade.
Qual é o momento de realizar a cirurgia de endometriose?
A especialista explica que a principal indicação da cirurgia é a dor e que o ginecologista é o médico que irá coordenar a equipe quanto ao tratamento da endometriose e também tem o papel de esclarecer junto à paciente todas as suas dúvidas.
Renata explica que um dos principais questionamentos entre as mulheres que não têm o desejo de engravidar é se será necessária a retirada do útero (cirurgia conhecida como histerectomia).
A médica explica que existe a doença adenomiose, que é considerada um tipo de endometriose que acomete a musculatura do útero, atuando de forma inflamatória, geralmente provocando sangramento de grande quantidade e, nestes casos, a discussão em torno da histerectomia é levantada.
Porém, ao definir sobre a cirurgia, é muito importante levar em consideração o fator emocional desta mulher, pois geralmente está vinculado ao quadro de infertilidade.
Renata ressalta que o tratamento da endometriose precisa ser multidisciplinar, envolvendo outras terapias como é o caso, por exemplo, da Psicologia, já que o emocional da mulher é altamente afetado, principalmente nos casos de infertilidade.
Ela alerta que em caso de opção pela cirurgia, após as constatações por meio do diagnóstico de endometriose, é necessário que seja montada uma equipe médica de acordo com o quadro da paciente.
Se houver o comprometimento de outros órgãos como é o caso da bexiga e intestino, será necessário ter na equipe, cirurgiões experientes de cada área para um procedimento altamente satisfatório.
“A decisão pela cirurgia é algo que deve ser pensado com muita cautela pela paciente junto ao seu médico e se está na tentativa de uma gestação, é essencial que o procedimento seja altamente eficiente, sem que comprometa o útero e a reserva ovariana”, conclui a especialista.
Além da Psicologia, outras terapias são fundamentais para a melhora da qualidade de vida ou se o desejo é engravidar, como é o caso da Nutrição, Acupuntura e até mesmo da Fertilização In Vitro (FIV), no caso de mulheres acima de trinta e cinco anos.