Aracaju (SE), 25 de novembro de 2024
POR: Asscom Unit
Fonte: Asscom Unit
Em: 14/09/2023 às 14:00
Pub.: 15 de setembro de 2023

Preconceito prejudica apoio a quem precisa cuidar da saúde mental

Setembro Amarelo incentiva as pessoas a buscarem ajuda para tratar de problemas como depressão, doença apontada como uma das principais causas de suicídios no mundo.

O atendimento especializado, seja com psicólogo ou psiquiatra, é importante para um tratamento eficiente da saúde mental - Foto: Alex Green | Pexels

O atendimento especializado, seja com psicólogo ou psiquiatra, é importante para um tratamento eficiente da saúde mental - Foto: Alex Green | Pexels

Prestes a completar 10 anos no Brasil, a campanha Setembro Amarelo volta a ser amplamente adotada em todo o país, sob a iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e de outras instituições e entidades de saúde. Além de atuar na prevenção ao suicídio, ela tem o objetivo de enfrentar e desfazer o preconceito e os estigmas que ainda persistem em boa parte da população pesam contra um tratamento mais correto e adequado aos casos de depressão e outras doenças que afetam a saúde mental.

De acordo com a própria ABP, citando as últimas estatísticas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil suicídios foram registrados em todo o mundo apenas no ano de 2019, sem contar com os episódios subnotificados. Já no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde, estima-se que sejam quase 14 mil mortes por ano, o que perfaz uma média de 38 casos por dia. 

A depressão é apontada como uma das principais causas de suicídio no mundo, e também atinge boa parte da população. O Ministério da Saúde aponta que a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%. “O indivíduo depressivo é o mais predisposto a cometer o suicídio. Você observa nele uma tristeza que nunca passa, desânimo, desesperança…A pessoa começa a trazer uma percepção a todos que estão ao seu redor de que viver não vale mais a pena, já é um peso…”, explica César Santiago, professor de psiquiatria do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit). 

Autoridades e entidades médicas consideram o suicídio e os problemas de saúde mental como caso de saúde pública. No entanto, boa parte da sociedade demonstra não pensar assim, ao manter pensamentos e comentários depreciativos que, geralmente, associam tais problemas à loucura ou a comportamentos humanos. É o que aparece em frases como “Isso é frescura!”, “Está ficando doido!”,  ou “Dá uma trouxa de roupa para lavar!”. 

“Sabe aquela coisa que muitos pacientes com depressão ouvem muito? ‘Seja forte!’, ‘Tenha força!’... Por que a gente não fala isso para uma pessoa que está, por exemplo, com infecção intestinal, mas fala quando é mental? Isso é preconceito. É como se fosse uma escolha estar depressivo. A gente tem que entender que depressão, e falando dela como a maior causa de suicídios, é uma doença. A gente tem alterações cerebrais, repercussões orgânicas…”, esclarece o professor. 

Este preconceito e o medo do julgamento público inibe muitas pessoas com depressão ou ansiedade a buscarem ajuda especializada. “A saúde mental já foi muito olhada com preconceito, com a perspectiva de que, ‘se eu vou ao psiquiatra ou ao psicólogo, é porque eu estou maluco ou estou doido’. Isso não existe mais. A gente busca o psiquiatra pra não ficar maluco e nem ficar doido”, desmente César, citando ainda que outro receio mais comum das pessoas é de ficar dependente das medicações que venham a ser receitadas. “No tratamento feito com especialista, com os devidos critérios, a grande parte dos pacientes vai ter resultados excelentes, vai melhorar e vai ter alta”, diz ele. 

Busque ajuda!
O incentivo à busca por ajuda é o principal mote da campanha Setembro Amarelo em 2023, que adotou o lema “Se precisar, peça ajuda!”. O professor da Unit acrescenta que a existência de sofrimento a partir das emoções ou das situações do cotidiano é um grande sinal de que a pessoa deve buscar ajuda. “Essa ansiedade, essas angústias, esse nervosismo, essas preocupações, fazem parte da existência humana. O problema é quando essas angústias e esse tipo de sofrimento ocupam a maior parte do tempo e duram muito tempo. Houve sofrimento? Ou percepção de que as coisas não estão acessando? É outro sinal. Busque ajuda, porque tem tratamento”, orienta o psiquiatra. 

Muito além de medicações ou tratamentos, as principais ferramentas de ação dos profissionais são o acolhimento e a escuta qualificada, na qual o paciente sente-se à vontade para contar sobre sua a vida, expor seus sentimentos, falar abertamente sobre questões que o afligem. “O psicólogo está aberto a compreender o funcionamento psíquico do paciente, saber o que que leva o paciente a agir daquela forma, a sentir daquela forma ,a se comportar daquela forma…  e dentro dessa busca ativa, a gente ajuda o paciente a se compreender, a se perceber, a se conhecer, e entender muitas vezes determinados comportamentos e sentimentos”, detalha a professora Micaely Tavares, coordenadora da Clínica de Psicologia da Unit. 

Qualquer pessoa que se disponha a ouvir, acolher e apoiar quem está com depressão, ansiedade ou desejos suicidas pode formar a chamada “rede de apoio”, o que se aplica a amigos, pais, familiares, professores e colegas de trabalho. “São essas pessoas ao redor, que muitas vezes não entendem como é que se aborda uma pessoa suicida ou com depressão, e devem estar à disposição desta pessoa sem julgamentos. É de suma importância que as pessoas ao redor não tenham preconceito. Que elas, no mínimo, escutem sem julgar. E nessa escuta, mesmo que não saibam o que dizer, escutem e saibam encaminhar da melhor forma”, complementa Santiago. 

Clínica de Psicologia
A Clínica de Psicologia da Unit mantém um plantão psicológico gratuito, de segunda a sexta-feira, entre 8h e 20h, com atuação dos estudantes de Psicologia e supervisão de professores do curso. “A gente tem os alunos do 9º e 10º período constantemente na clínica para fazer o acolhimento da demanda. Dentro dele, o aluno está aberto realmente a ouvir e fazer qualquer tipo de encaminhamento, caso seja passível de orientação”, explica a professora Micaely.  

A Clínica fica na Avenida Murilo Dantas, 54, bairro Farolândia, Aracaju. O interessado pode comparecer pessoalmente ou entrar em contato pelo telefone 3218-2213 ou pelo WhatsApp (79) 98107-9590. 

Com informações da ABP


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