Reabilitação Pós-AVC: entenda pesquisa na busca por novas soluções
Pesquisadora da Unit desvela projeto que ressignifica a vida após o acidente vascular cerebral.
Reabilitação Pós-AVC: entenda pesquisa na busca por novas soluções - Foto: Acervo Pessoal
No universo acadêmico e científico, há indivíduos cuja paixão pela pesquisa não só molda suas carreiras, mas também impacta diretamente a sociedade. A egressa do curso de Fisioterapia da Universidade Tiradentes (Unit) e atual aluna do doutorado do Programa de Pós-graduação em Saúde e Ambiente (PSA), Kathlen Almeida, é um exemplo dessa tradição de excelência e compromisso.
Kathlen relembra sua entrada no curso de Fisioterapia em agosto de 2013. Desde então, dedicou-se a cada disciplina, buscando assimilar e aplicar o conhecimento oferecido. Sua experiência como monitora na disciplina de semiologia em fisioterapia no quarto período foi um momento crucial. "Quando ensinamos, aprendemos cada vez mais", ressalta, destacando a simbiose entre ensinar e aprender.
Sua participação ativa em eventos, minicursos e palestras enriqueceu não apenas sua formação, mas também a preparou para os desafios práticos que enfrentaria adiante. O contato inicial com pacientes no sexto período marcou uma transição vital, representando a aplicação prática do aprendizado teórico.
O compromisso com a pesquisa
Dentro desse contexto, seu percurso se torna uma inspiração, um exemplo vívido de dedicação com a reabilitação neuromuscular. No campo da pesquisa voltada para a qualidade de vida pós-AVC, o trabalho de Kathlen surge como um pilar essencial.
"Minha pesquisa é um estudo clínico com pacientes que tiveram AVC, com idades entre 18 e 95 anos, e que apresentam espasticidade muscular no membro superior", explica.
O projeto é conduzido no Centro de Reabilitação da Universidade Tiradentes, o Ninota Garcia, oferecendo sessões de fisioterapia gratuitas para a comunidade local. “Essa iniciativa visa aprimorar a funcionalidade do membro afetado, promovendo uma melhoria substancial na qualidade de vida dos participantes”, explica.
Kathlen anseia que sua pesquisa não apenas restaure a capacidade dos pacientes de realizarem atividades que haviam deixado de lado devido ao AVC, mas também contribua significativamente para a área da saúde, apresentando uma nova abordagem de tratamento para pacientes com espasticidade muscular.
"Espero que com essa pesquisa os pacientes possam voltar a realizar suas atividades que não realizam há algum tempo devido ao comprometimento do AVC. Além da recuperação individual, o estudo traz uma contribuição valiosa para a área da saúde, oferecendo uma nova abordagem de tratamento para pacientes acometidos com espasticidade muscular", enfatiza a pesquisadora.
É importante frisar que o objetivo da pesquisa é melhorar a atividade do braço desses participantes que devido a lesão acaba ficando inutilizado, fazendo com que esse desuso acabe impactando nas realizações de suas atividades de vida diária, desde uma simples atividade de vestir-se, comer, até atividades mais complexas de alcançar e manusear objetos.
“A proposta da pesquisa é avaliar o membro superior destes voluntários e após essas avaliações específicas com escalas e instrumentos apropriados será realizado o tratamento também específico com exercícios associados a estimulação elétrica funcional e o uso ou não de um fitomedicamento”, reforça.
A escolha desse tema começou na Iniciação Científica. Ao atender pacientes com AVC durante a graduação, a identificação e o desejo de fazer a diferença na vida dessas pessoas ganharam força. Suas experiências práticas desde os primeiros períodos proporcionaram uma formação sólida, permitindo-lhe compreender as complexidades de cada área.
Além do projeto focado em AVC, Kathlen atua no grupo de pesquisa do laboratório LBPN (Laboratório de Estudos Biológicos e Produtos Naturais) e no Grupo de Estudo em Fisioterapia – GEFIS. Durante a pandemia, concentrou seus esforços em um estudo sobre a Covid-19, correlacionando óbitos, comorbidades e índices de desenvolvimento humano.
O trabalho do LBPN, orientado pela professora Drª Edna Aragão, tem como foco a espasticidade muscular em humanos e ratos, incluindo pesquisas com o uso de um fitomedicamento à base da Alpinia zerumbet. A linha de pesquisa de Kathlen, centrada na biodiversidade e saúde, promete contribuir significativamente para o campo da saúde.
Essa trajetória não apenas sublinha a importância da pesquisa na área de fisioterapia, mas também destaca a relevância de iniciativas dedicadas a melhorar a vida daqueles que enfrentam desafios após um AVC. Seu trabalho não só transforma vidas individualmente, mas também abre portas para novos horizontes na reabilitação neuromuscular.