Desnutrição infantil em Sergipe: um olhar profundo sobre uma realidade urgente
Os impactos da desnutrição não se limitam ao âmbito físico. Crianças desnutridas podem ter estatura reduzida, desempenho escolar inferior e doenças infecciosas recorrentes.
A desnutrição infantil, embora tenha sido em parte eclipsada pelo aumento do sobrepeso e obesidade em certas regiões do Brasil, continua sendo uma séria preocupação em áreas de alta vulnerabilidade socioeconômica. Recentemente, o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 divulgou dados alarmantes, especialmente para as regiões Norte e Nordeste, que ultrapassam a média nacional.
Em Sergipe, a situação é particularmente preocupante, com 121 bebês menores de um ano internados em 2022 devido a complicações associadas à desnutrição, conforme dados do Observa Infância, da Fiocruz.
Especialista explica casos de desnutrição no Brasil e esclarece os dados alarmantes em Sergipe - Foto: Acervo Pessoal
A desnutrição infantil se torna ainda mais preocupante quando observamos os índices de insegurança alimentar. No Norte e Nordeste, esses números chegam a 71,6% e 68%, respectivamente, ultrapassando a média nacional de 58,7%. A fome afeta significativamente a rotina de 25,7% das famílias na região Norte e 21% no Nordeste.
"Fatores diversos contribuem para a desnutrição infantil, desde elementos ambientais até aspectos familiares. A pobreza, problemas do ambiente e a insegurança alimentar são determinantes ambientais que afetam diretamente. Além disso, a baixa renda, a falta de instrução dos pais, desemprego e outras questões familiares também desempenham um papel crucial”, destaca.
Os impactos da desnutrição não se limitam ao âmbito físico. Crianças desnutridas podem ter estatura reduzida, desempenho escolar inferior e são mais suscetíveis a doenças infecciosas recorrentes. Em casos graves, a desnutrição pode resultar em sequelas como atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, o que afeta a produtividade na vida adulta e se associa a uma maior taxa de mortalidade.
A preceptora enfatiza a importância de estratégias e programas governamentais. "Iniciativas governamentais como o Bolsa Família e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) desempenham um papel vital na redução da desnutrição. O PNAE, por exemplo, não apenas fornece alimentos aos estudantes da educação básica, mas também promove o desenvolvimento local sustentável, ao priorizar a compra de produtos agrícolas provenientes da agricultura familiar”, reforça.
A desnutrição infantil no Brasil requer uma abordagem abrangente, envolvendo não apenas políticas públicas efetivas, mas também a conscientização da população sobre a importância de uma alimentação equilibrada e nutritiva para o pleno desenvolvimento das crianças.