Aracaju (SE), 25 de novembro de 2024
POR: Ascom Unit
Fonte: Ascom Unit
Em: 07/12/2023 às 08:55
Pub.: 07 de dezembro de 2023

Vacinas autorizadas aumentam anticorpos contra a dengue e reduzem complicações

Os imunizantes já autorizados pela Anvisa ainda estão disponíveis somente em farmácias, mas uma delas poderá ser incluída no SUS em breve; outra vacina contra a chikungunya foi aprovada recentemente nos EUA.

Mesmo com diferenças, os dois imunizantes têm baixo risco de efeitos e protegem contra os quatro sorotipos do vírus causador da dengue - Foto: Walterson Rosa | MS | Via Agência Brasil

Mesmo com diferenças, os dois imunizantes têm baixo risco de efeitos e protegem contra os quatro sorotipos do vírus causador da dengue - Foto: Walterson Rosa | MS | Via Agência Brasil

Duas vacinas contra a dengue, aprovadas recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estão em processo de análise e negociação para serem incluídas no Programa Nacional de Imunizações (PNI), que é operacionalizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma delas, a QDenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, pode ser disponibilizada na rede pública a partir do primeiro semestre de 2024, mas, segundo reportagem publicada em 20 de novembro pelo jornal O Globo, isso depende da resolução de pelo menos três entraves apontados por uma comissão técnica do Ministério da Saúde: o preço considerado alto, a capacidade de produção para atender a demanda e restrições no público-alvo. 

Até a conclusão das negociações com o Ministério, tanto a QDenga quanto a Dengvaxia, vacina da empresa francesa Sanofi, seguem disponíveis apenas em farmácias, a preços que variam entre R$ 300 e R$ 800. “O que diferencia uma da outra é que, para a pessoa tomar a Dengvaxia, ela tem que ter tido dengue antes, havendo a necessidade de se fazer a sorologia para a dengue antes de receber a dose. A QDenga já não exige essa necessidade, ou seja, pode tomar todas as pessoas acima de quatro anos e até os 60 anos, que já tiveram ou não a dengue”, explica a imunologista Fabrizia Tavares, professora do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit). 

Ela acrescenta que tais vacinas são de vírus vivos atenuados e não estão indicadas em pessoas com qualquer condição de imunossupressão. Mesmo com as diferenças, Fabrizia ressalta que os dois imunizantes são bons, têm baixo risco de efeitos indesejados e protegem contra os quatro sorotipos do vírus causador da dengue, que é transmitido pelo mosquito aedes aegypti. “Nenhuma vacina é 100% eficaz. Mas a eficácia sendo maior que 80%, que é o caso da QDenga, é excelente. Essas vacinas induzem a produção de anticorpos contra os quatro sorotipos, e representam a diminuição drástica nos casos graves e óbitos provocados pela doença, principalmente em grupos populacionais de maior risco para desfechos negativos”, frisa.

Outros estudos e o acompanhamento dos efeitos da vacina em vida real ainda são realizados pelos pesquisadores, que verificam se a imunização proporcionada pelas vacinas anti-dengue é válida para para a vida toda, ou se haverá a necessidade de doses de reforço. 

Uma terceira vacina ainda não está liberada para o público, mas já apresentou resultados promissores: é o imunizante contra a chikungunya, desenvolvido pela empresa franco-austríaca de biotecnologia Valneva, em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. Em junho deste ano, a revista científica The Lancet publicou os resultados do ensaio clínico de fase 3 da pesquisa, que apontou a indução de anticorpos em 98,9% dos participantes. E com base nestes dados, a Food and Drug Administration (FDA), agência dos Estados Unidos que equivale à Anvisa, aprovou a vacina no último dia 9 de novembro. Sabemos que, se chegar aqui pelo Brasil, o que ainda não tem previsão, vai ser avaliado para liberação pela Anvisa, e provavelmente também para a rede particular. Mas está aí uma boa notícia de grande avanço”, completa Fabrizia. 

Casos de dengue

As vacinas chegam no momento em que o Brasil lidera os casos de dengue nas Américas. segundo o relatório divulgado em 21 de julho pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,3 milhão casos da doença foram confirmados nas Américas entre maio e junho deste ano, e que o Brasil foi o país mais afetado por estes surtos, com mais de 1 milhão de notificações confirmadas, 1,2 mil classificadas como dengue grave e 769 óbitos. Tais números representam um aumento de 13% em comparação com o mesmo período do ano passado e de 73% em relação à média dos últimos cinco anos.

A professora da Unit acredita que, mesmo com o avanço do desenvolvimento das vacinas, não é possível falar em erradicação da dengue. “O controle total, ou seja, a eliminação da doença em nosso meio não vai existir. A soma do controle ambiental (controle do mosquito transmissor), educação em saúde e ambiental por parte da população, mais a vacina contra a doença, tornarão a dengue uma doença endêmica controlada e de mínimo risco de causar óbito ou quadros graves”, frisa Fabrizia, reforçando que a população precisa manter os cuidados domésticos para evitar o surgimento de criadouros do mosquito, sobretudo em locais ou recipientes com água parada. “Os principais e maiores criadouros do mosquito continuam sendo os lares, ou seja, intradomicílio! Mas nosso papel é de fiscalizar e de fazer nossa parte”, conclui Fabrizia.


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