Componentes da semente do maracujá podem ser usados em produtos naturais

Pesquisa desenvolvida no mestrado em Biotecnologia da Unit estuda técnicas sustentáveis para a extração de antioxidantes naturais, que podem ser usados pela indústria alimentícia.

Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), da Universidade Tiradentes (Unit), estuda a extração e o uso de substâncias encontradas nas sementes do maracujá, que podem ser usadas no desenvolvimento de produtos e medicamentos naturais, bem como para tratamentos de saúde em geral. O tema é estudado pela biomédica e pesquisadora Any Eduarda Nanes de Oliveira, que faz doutorado no PBI/Unit e já o abordou em sua dissertação de mestrado, concluída no ano passado.

Estas substâncias são os compostos fenólicos, que são antioxidantes naturais com potencial benefício para a saúde, e cujo interesse pelo uso vem crescendo junto à indústria alimentícia, principalmente em seu ramo voltado ao beneficiamento de produtos naturais. As pesquisas de Any, que têm orientação dos professores-doutores Elton Franceschi e Cláudio Dariva, ambos do PBI/Unit, buscam entender e aperfeiçoar métodos e técnicas para a extração destas substâncias, de modo que elas sejam eficientes, viáveis e sustentáveis.

Uma delas, que foi tema da dissertação de mestrado, envolve o uso de gás carbônico expandido (CO²) e solventes como etanol e acetona. Outro método, cujo estudo está sendo aprofundado na tese de doutorado, prevê o uso do aquecimento em alta pressão acoplada com absorção. De acordo com Eduarda, as pesquisas buscam analisar a eficiência da extração, as propriedades antioxidantes dos compostos fenólicos obtidos e a viabilidade prática desse processo na biotecnologia.

“A escolha desse tema está relacionada a diversos motivos. Primeiramente pela relevância crescente dos compostos fenólicos na indústria de alimentos e saúde devido às suas propriedades antioxidantes, que estão associadas a benefícios como a prevenção de doenças crônicas. Além disso, a utilização de CO2 supercrítico como solvente é uma abordagem mais sustentável em comparação a métodos tradicionais, o que contribui para práticas ambientalmente amigáveis na indústria alimentícia. Portanto, a pesquisa pode influenciar a produção de alimentos mais saudáveis e ecologicamente conscientes”, explicou a pesquisadora.

A pesquisa da dissertação de mestrado, sobre o uso do gás carbônico expandido, já foi apresentada no 9º Simpósio Internacional de Inovação e Tecnologia (9º Siintec), que aconteceu no último mês de outubro, em Salvador (BA), onde recebeu o prêmio de melhor trabalho na modalidade pôster. Any Eduarda atribui o destaque do seu estudo a uma combinação de fatores e diferenciais, como a abordagem inovadora no processo de extração de compostos fenólicos a alta pressão, a relevância prática dos resultados obtidos e a clareza na apresentação visual. “Destacar a sustentabilidade da técnica utilizada, seus potenciais impactos na área biotecnológica e a contribuição para a saúde pode ter sido determinante na avaliação positiva do trabalho. A originalidade e a qualidade da pesquisa certamente desempenharam um papel importante nesse reconhecimento”, avalia.

Experiência acadêmica

Eduarda realizou toda a sua trajetória acadêmica na Unit, onde fez a graduação em Biomedicina e em seguida o mestrado em Biotecnologia Industrial. Agora, ela está concluindo o primeiro ano do doutorado no PBI. Ela conta que tem planos de seguir a carreira acadêmica, o que foi influenciado pelas atividades que desempenhou na própria universidade, desde a iniciação científica e passando pelos projetos de extensão, desenvolvidos junto à comunidade.

“A minha experiência na Unit foi fundamental para esse caminho, pois proporcionou ambientes propícios à pesquisa, ensino qualificado e oportunidades de participar em projetos relevantes. A instituição desempenhou um papel fundamental na minha formação, fornecendo recursos e suporte necessários para o desenvolvimento acadêmico. A Unit se destaca como um elemento essencial na minha trajetória, contribuindo significativamente para meu crescimento profissional e pessoal”, conclui a biomédica.