Aracaju (SE), 24 de novembro de 2024
POR: Laís Marques
Fonte: Asscom Unit
Em: 23/05/2024 às 09:55
Pub.: 23 de maio de 2024

41% da população brasileira é afetada pela insegurança alimentar

Dados apontam os diferentes graus de insegurança alimentar no país e ressalta a necessidade de políticas públicas efetivas para garantir o direito humano à alimentação 

Ticiane Munareto, Nutricionista e professora de Nutrição da Unit - Foto: Acervo pessoal

Ticiane Munareto, Nutricionista e professora de Nutrição da Unit - Foto: Acervo pessoal

No Brasil, a insegurança alimentar é um desafio persistente que impacta milhões de pessoas em todo o território nacional. De acordo com pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a insegurança alimentar se manifesta em diferentes escalas, desde preocupações com o orçamento para adquirir alimentos até situações de privação alimentar extrema. Mais de 70 milhões de brasileiros, aproximadamente 41% da população, vivenciam situações de insegurança alimentar, conforme indicado pelo último relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). 

"Na insegurança moderada, adultos na família podem sacrificar sua própria alimentação para garantir que as crianças sejam alimentadas. Já na insegurança grave, toda a família enfrenta dificuldades para obter alimentos, inclusive as crianças, o que pode levar a situações de privação alimentar, como refeições omitidas ou incerteza quanto à próxima refeição. Este cenário afeta cerca de 5,6% da população em Sergipe, uma preocupação significativa para uma população de mais de 2 milhões de habitantes", esclarece a nutricionista e professora de Nutrição da Universidade Tiradentes (Unit), Ticiane Munareto. 

A insegurança alimentar não apenas afeta a saciedade, mas também a saúde física e mental, o progresso educacional e as oportunidades de vida das pessoas impactadas. As crianças, por serem mais vulneráveis, são as mais afetadas pelas consequências dessa dura realidade. "Temos dados alarmantes, especialmente em nosso estado, onde quase metade da população enfrenta insegurança alimentar. A qualidade nutricional desses alimentos está comprometida, o que acarreta prejuízos para as futuras gerações", destaca Ticiane Munareto. 

Fatores predominantes 

Entre os principais motivos estão a disparidade de renda, que restringe o acesso aos alimentos para uma parcela significativa da população, e a ineficácia das políticas públicas em garantir a segurança alimentar. Além disso, a concentração de terras e recursos nas mãos de poucos, juntamente com práticas agrícolas inadequadas e a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos, contribuem para a instabilidade na produção de alimentos. 

"O direito humano à alimentação apropriada é um princípio fundamental consagrado em nossa Constituição Federal. Ele é universal, garantindo a todos, sem exceção, o acesso a alimentos de qualidade, sem a preocupação com a possibilidade de escassez. Esse direito vai além da simples questão nutricional; inclui também a qualidade sanitária dos alimentos, especialmente diante do crescente uso de agrotóxicos. Portanto, é imperativo assegurar que todos tenham acesso a alimentos que atendam aos padrões de adequação e qualidade, garantindo não apenas a nutrição, mas também a saúde e o bem-estar de toda a população", elenca. 

A falta de acesso à educação e informações sobre nutrição também desempenha um papel importante, pois muitas vezes as pessoas não têm conhecimento sobre como fazer escolhas alimentares saudáveis dentro de suas limitações financeiras. Todos esses fatores combinados criam um cenário onde a insegurança alimentar persiste e afeta milhões de brasileiros, exigindo uma abordagem abrangente e coordenada para enfrentar suas causas subjacentes. 

"O indivíduo frequentemente realiza trocas de alimentos, substituindo alimentos mais caros por opções mais baratas, como substituir carne por salsicha e mortadela, que não são nutricionalmente adequadas. Essa substituição não é justa, pois muitas vezes os alimentos industrializados têm um preço menor de mercado. Assim, quando há essa mudança na qualidade dos alimentos, ocorre a insegurança leve", pontua Ticiane. 

Políticas públicas no combate à fome 

Segundo Ticiane, as políticas públicas desempenham um papel crucial no combate à fome, pois têm o potencial de abordar suas raízes sistêmicas e fornecer soluções de longo prazo. Ao desenvolver e implementar programas voltados para a segurança alimentar, os governos podem ajudar a garantir o acesso equitativo e sustentável aos alimentos para todos os membros da sociedade. 

"Algumas soluções incluem medidas como a distribuição de alimentos em áreas afetadas pela fome, a implementação de programas de nutrição infantil, a promoção da agricultura sustentável e o investimento em educação alimentar e agrícola. Além disso, políticas que visam reduzir a desigualdade social e econômica, garantir salários dignos e acesso a serviços básicos, como saúde e educação, também desempenham um papel fundamental na erradicação da fome", enfatiza a nutricionista.


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