Casos de gripe e VSR têm tendência de alta em 17 estados, incluindo Sergipe
Dados são da edição mais recente do boletim Infogripe, da Fiocruz; dados são motivados pela alta circulação dos vírus e a vacinação é apontada como importante forma de prevenção
A vacinação contra a gripe e a Covid-19 vem sendo adotada como estratégia para enfrentar o aumento de casos das doenças - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
A transição do outono para o inverno, com a intensificação das chuvas e a diminuição das temperaturas, vem provocando um aumento, em todo o país, nos casos da chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com maior atenção para as síndromes gripais, causadas pelo vírus influenza, e para o VSR (vírus sincicial respiratório), que afeta principalmente crianças e bebês. A edição mais recente do boletim Infogripe, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que 17 estados brasileiros estão em um quadro de crescimento da incidência destas doenças, apesar de uma tendência nacional de estabilização e até de queda nos casos a longo prazo,
Até a Semana Epidemiológica 21, entre 19 e 25 de maio, o Brasil já teve 63.489 casos notificados de SRAG. Desse total, 30.918 foram confirmados, sendo 42,6% de VSR, 25,3% de Covid-19 e 18,8% de Influenza A. A prevalência do VSR foi maior principalmente nas últimas quatro semanas epidemiológicas, com 56% dos casos confirmados. Já as mortes relacionadas à SRAG somaram 2.362 ao longo do ano, sendo a maioria causada por Covid-19 (66,8% dos óbitos) e pela Influenza A (22,0%).
Segundo o relatório, os estados que apresentaram sinal de crescimento da SRAG nas próximas seis semanas foram: Acre, Amazonas, Amapá, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe. Já entre as capitais, 11 mostraram os mesmos indícios de aumento: Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Macapá (AP), Natal (RN), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ) e São Luís (MA).
O cenário atual é provocado sobretudo pela circulação dos vírus VSR, Influenza A e rinovírus (causador do resfriado comum), que hoje são os mais presentes na população. “O aumento dos casos de síndrome respiratória ocorre em virtude do aumento de vírus respiratórios circulantes que são cíclicos nessa época do ano. A presença desses surtos é cíclica, faz parte da história natural dos vírus e de seus ciclos”, explica o médico Ivan Mendes Ribeiro, professor assistente de Pneumologia do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit). Ele destaca ainda que fatores como o ambiente, as estações do ano, a pouca cobertura vacinal, as aglomerações, os núcleos escolares e as mutações dos vírus contribuem para a rápida disseminação das doenças.
Vacinação
Em geral, estas doenças só podem evoluir para casos graves ou para óbitos em pessoas com menor resistência em seu sistema imunológico, como crianças, parte dos idosos e pacientes imunossuprimidos. Isso se explica pela ampla cobertura das vacinações contra a gripe e contra a Covid-19. O Ministério da Saúde ampliou recentemente a sua campanha nacional de vacinação contra a Influenza, com a meta de vacinar mais de 75 milhões de pessoas pertencentes aos públicos prioritários. “É essencial que a população esteja vacinada, especialmente para o vírus causador de influenza para que essa casuística seja controlada”, alerta Ivan.
E em paralelo, os casos de Covid-19 vem sendo cada vez mais controlados, por conta da aplicação das doses de reforço dos imunizantes, incluídas no Calendário Nacional de Vacinação. “A Covid sempre esteve presente, mas os casos graves diminuíram significativamente. O advento do tratamento já disponível, além da cobertura vacinal deixou o cenário um pouco melhor, porém ainda há casos graves que evoluem para síndromes respiratórias graves, mas esses não são a maioria”, afirma o professor, acrescentando, além da vacinação, outras práticas devem ser adotadas pelas pessoas para se prevenir contra a SRAG, como a lavar ou higienizar corretamente as mãos, evitar aglomerações e, na medida do possível, usar máscaras de proteção individual.