Lavagem nasal com soro fisiológico ajuda a prevenir doenças respiratórias
Médica otorrinolaringologista destaca a importância da prática diária para prevenir doenças e aliviar sintomas durante variações climáticas
Dra. Arlete Granizo, médica otorrinolaringologista e professora da Universidade Tiradentes - Foto: Acervo pessoal
As variações bruscas de temperatura e os efeitos das mudanças climáticas têm um impacto significativo na saúde das vias respiratórias. Exposição a ambientes secos ou poluídos, além da presença de alérgenos e microorganismos, são fatores que podem comprometer a mucosa nasal, causando desconforto e predispondo a doenças. Por isso, é crucial estar atento aos sinais que o corpo manifesta.
Durante o período mais frio, doenças respiratórias como gripes e rinites tornam-se mais frequentes, afetando diretamente o bem-estar. Uma prática amplamente recomendada por especialistas para combater esses problemas é a utilização diária de soro fisiológico no nariz, conforme explica a médica otorrinolaringologista e professora da Universidade Tiradentes (Unit), Dra. Arlete Granizo.
“A lavagem nasal auxilia na remoção de secreções retidas, que frequentemente são espessas, prevenindo potenciais infecções secundárias, principalmente bacterianas. Para pacientes alérgicos, também é fundamental para remover antígenos que desencadeiam alergias”, destaca a Dra. Arlete.
Momentos indicados para a lavagem
Durante o inverno, quando aumentam as infecções respiratórias, o uso de soro fisiológico é particularmente benéfico devido à sua composição osmótica, que não agride a mucosa nasal, permitindo seu uso frequente sem necessidade de controle de dose. Para crianças em creches, escolas e profissionais expostos à poeira, a lavagem nasal deve ser parte da rotina diária. "O soro fisiológico ajuda na eliminação de microorganismos e facilita a drenagem de secreções, prevenindo infecções bacterianas", enfatiza a especialista.
Em ambientes secos, manter a mucosa nasal umidificada é ainda mais importante e deve ser feito com maior frequência para aliviar os sintomas relacionados à baixa umidade. Dra. Arlete observa que a lavagem nasal também pode melhorar a qualidade do sono em indivíduos com condições respiratórias, como rinite alérgica ou obstrução nasal. “Geralmente, recomendo de 1 a 3 vezes ao dia, ajustando conforme a necessidade. Por exemplo, após exposições excessivas à poeira, é aconselhável aumentar a frequência da lavagem nasal”, acrescenta.
Soro fisiológico e sprays nasais
Ao contrário dos sprays nasais, o soro fisiológico não contém conservantes que podem limitar seu uso prolongado, garantindo uma opção segura para lavagens frequentes. “Para uso em lavagens nasais, é importante que o soro fisiológico seja armazenado corretamente, preferencialmente em ampolas individuais para aplicação única ou em frascos de 100ml com tampa. É crucial notar que soluções salinas, quando não aplicadas com pressão excessiva, apenas umedecem a mucosa e não executam eficazmente as funções desejadas da lavagem nasal”, recomenda Dra. Arlete.
Como aplicar corretamente
Não há contraindicações significativas para o uso de soro fisiológico no nariz, exceto em casos raros de malformações craniofaciais ou histórico de otites médias recorrentes. A médica sugere realizar a lavagem com a cabeça ligeiramente inclinada para frente, com cuidado para não aplicar pressão excessiva. "Existem discussões sobre a disseminação de infecções bacterianas em casos infecciosos, mas os benefícios da lavagem nasal superam essas preocupações", comentou.
A prática diária de lavagem nasal com soro fisiológico é recomendada para todas as idades, com orientações específicas para crianças e idosos, e deve ser feita da seguinte maneira:
- Inclinar a cabeça suavemente para frente e para o lado da narina que receberá o soro.
- Manter a boca aberta e interromper a respiração durante a aplicação.
- Introduzir suavemente a seringa no nariz em direção à nuca, sem tocar no septo nasal.
“É importante destacar que não é necessário que o soro retorne pela narina oposta. Algumas pessoas tentam isso sem sucesso, comprometendo a eficácia do procedimento. A saída do soro pela narina contralateral é mais relevante em situações específicas, como presença de crostas nasais ou após cirurgias nasossinusais. Contudo, mesmo nessas circunstâncias, não é obrigatório. A lavagem nasal, realizada de maneira adequada, é extremamente benéfica para prevenção e tratamento”, aconselha Dra. Arlete.
Adotar a rotina de lavagem nasal diária com soro fisiológico é uma medida simples e eficaz para manter a saúde das vias respiratórias, prevenindo infecções e aliviando sintomas de alergias. “Seguir esse hábito pode proporcionar uma melhor qualidade de vida, especialmente durante mudanças climáticas e épocas propensas a infecções respiratórias”, conclui a médica.