Atividades manuais contribuem para reduzir o estresse; veja 4 opções e seus benefícios
As diversas formas de artesanato podem ajudar a reduzir os sintomas de ansiedade, trabalhar a criatividade e melhorar a concentração
O saltador britânico Tom Daley tem chamado a atenção nas Olimpíadas de Paris não só por sua performance nos saltos de plataforma, mas também por ser flagrado diversas vezes tricotando nas arquibancadas e na Vila Olímpica. Isso acontece desde as Olimpíadas de Tóquio. O atleta descreve esse hobby como uma forma de permanecer relaxado e aumentar a concentração.
Não só nas Olimpíadas, as atividades manuais têm feito sucesso entre diversos públicos. Adeptos ao tricô, por exemplo, compartilham seus talentos na produção de diversas peças, seja por meio de fotos ou vídeos nas redes sociais. Antes consideradas por muitos como atividades monótonas e apenas para pessoas mais velhas, os hobbys manuais vem conquistando pessoas de várias faixas etárias devido aos seus benefícios.
Uma pesquisa realizada pela empresa Wickes, do Reino Unido, constatou que mais da metade dos entrevistados associou fazer atividades manuais ao relaxamento e aumento do bem-estar. As pessoas que participaram do estudo também associaram esses hábitos ao alívio dos sintomas da ansiedade.
Outro aspecto positivo dessas práticas é sua acessibilidade para muitas pessoas, mesmo para aquelas que não têm experiência prévia em artes. No caso, não é necessário ter um histórico acadêmico específico. Encontrar alguém disposto a ensinar ou consultar vídeos disponíveis na internet que detalham o passo a passo é suficiente.
Costura, bordado e tricô
Essas três atividades relacionadas ao uso de agulhas estão ligadas a memórias afetivas que remetem à infância de muitas pessoas. Elas relembram mães e avós próximas às máquinas de costura, criando ou remendando roupas, ou criando novas peças.
A costura, o bordado e o tricô são três práticas distintas, cada uma com suas próprias técnicas. A primeira delas envolve a união de dois ou mais pedaços de tecido por meio de pontos feitos com uma agulha e linha de costura. Essa prática de costurar é mais usada para predominantemente para criar roupas e outros itens de vestuário, podendo incluir técnicas como a montagem de peças, a aplicação de acabamentos e a realização de ajustes — que podem ser feitos manualmente ou com o auxílio de máquinas de costura.
O bordado, por outro lado, é uma técnica decorativa que utiliza uma agulha e linha para criar padrões ou imagens sobre um tecido. Os pontos de bordado podem variar amplamente, incluindo pontos simples como o ponto cruz e o ponto cheio, até técnicas mais complexas e elaboradas. A prática é frequentemente usada para embelezar roupas, toalhas e outros tecidos.
Já o tricô envolve a criação de tecidos a partir de fios, utilizando duas agulhas para formar laçadas interligadas. Diferente da costura e do bordado, o tricô cria um tecido contínuo a partir de uma única peça de fio, resultando em peças como suéteres, cachecóis e meias. A técnica do tricô pode variar em complexidade, podendo produzir roupas e acessórios funcionais.
Essas atividades promovem tanto o exercício da criatividade — ao incentivar a produção de peças novas e diferentes —, quanto a concentração pela repetição de movimentos mecânicos. Além disso, essas práticas fazem com que a mente se afaste de assuntos que geram preocupações, já que a produção com a agulha exige concentração e foco.
Pintura
A pintura e outras práticas relacionadas, como colorir, permitem explorar emoções e pensamentos de forma não verbal, o que facilita no autoconhecimento e autoexpressão. É um espaço seguro para experimentar e criar, o que pode reduzir o estresse e a ansiedade, além de promover uma sensação de realização e satisfação pessoal.
Essas atividades estimulam a mente ao desafiarem habilidades cognitivas e motoras. A concentração necessária para o processo de criação pode servir como uma forma de meditação ativa, ajudando a melhorar a atenção e a reduzir a ruminação mental. Uma prática regular também pode fomentar um estado de fluxo, onde a pessoa se sente imersa e envolvida na atividade, o que é conhecido por contribuir para o bem-estar mental.
Cerâmica
Em 2021, o evento Casa Vogue Experience destacou o papel da produção das cerâmicas como uma conexão entre o produtor e o produto. De acordo com ceramistas presentes no evento, a prática vai muito além da finalidade de criar objetos decorativos, sendo também um processo manual que pode ser meditativo e relaxante. A atenção necessária para modelar e esculpir, assim como o foco exigido para decorar e preparar as peças para o forno, pode promover um estado de mindfulness, reduzindo o estresse e a ansiedade.
A ceramista Danielle Raiola, responsável por um workshop no evento, explicou que, nesse processo, os participantes são capazes de se sentirem como alquimistas, manipulando terra, ar, água e fogo. Essa prática de cerâmica estimula a criatividade e a autoexpressão, além de aumentar a sensação de realização e autoestima com o ato de criar algo físico e duradouro.
O envolvimento com a cerâmica pode servir como uma forma de terapia ocupacional, oferecendo uma pausa das preocupações diárias e promovendo um espaço para a reflexão pessoal. A prática também pode criar um senso de comunidade quando praticada em grupo, promovendo interações sociais e suporte emocional entre os participantes.
Desenho
Outra prática artística muito considerada para alívio do estresse e das tensões do dia a dia é o desenho. Também é uma prática que não exige conhecimento prévio, sendo uma forma eficaz de expressão pessoal e alívio do estresse. Desenhar permite externalizar pensamentos e sentimentos de maneira visual, promovendo uma forma de comunicação não verbal que pode ser útil para quem tem dificuldade em se expressar com palavras.
O desenho estimula habilidades cognitivas e motoras, como a coordenação olho-mão e a percepção espacial, o que pode ser gratificante e aumentar a autoestima. A sensação de completar uma obra de arte pode trazer um senso de realização e satisfação pessoal, contribuindo para o bem-estar.
Além da forma tradicional, utilizando papel, lápis e outros utensílios, atualmente é possível desenhar digitalmente. As ferramentas visuais permitem que os desenhistas explorem novas técnicas, deixando os desenhos cada vez mais profissionais.