Risco de osteoporose aumenta depois da menopausa
A queda nos níveis hormonais durante o climatério e a menopausa agrava a fragilidade óssea em mulheres, elevando o risco de fraturas graves
A osteoporose, uma condição marcada pela redução progressiva da densidade óssea, é uma preocupação global de saúde. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 200 milhões de pessoas convivem com a doença no mundo, o que resulta em milhões de fraturas a cada ano. Conforme aponta a Fundação Internacional de Osteoporose (IOF), uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens com mais de 50 anos terão uma fratura relacionada à osteoporose ao longo da vida.
O reumatologista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Denison Silva, explica que a osteoporose primária ou idiopática afeta principalmente mulheres após a menopausa, devido à perda de proteção hormonal sobre os ossos. “Os hormônios sexuais desempenham um papel essencial na preservação da saúde óssea. A testosterona, por exemplo, ajuda a fortalecer os músculos, aumentando a carga sobre os ossos e retardando sua degradação nos homens. Já o estrogênio, nas mulheres, promove a calcificação óssea e melhora a absorção de nutrientes, além de garantir a sobrevivência dos osteoblastos. Com a chegada da menopausa, as mulheres perdem essa proteção, ficando mais vulneráveis à fragilidade óssea, osteoporose e fraturas”, esclarece.
A doença silenciosa
Uma das maiores dificuldades no enfrentamento da osteoporose é que ela geralmente não apresenta sintomas. “O diagnóstico costuma acontecer somente após uma fratura. Muitas pessoas convivem com a osteoporose sem saber, pois ainda não sofreram fraturas e não sentem nenhum desconforto. Não é recomendável esperar por dores nos ossos para avaliar o risco da doença e de fraturas. A chave está na prevenção, por meio de exames regulares, como a densitometria óssea”, orienta o médico.
Denison explica que, em casos de osteoporose já instalada, o osso torna-se “poroso”, ou seja, há uma diminuição na produção de matriz óssea e na calcificação. Ossos menos calcificados estão mais propensos a fraturas, mesmo sem traumas ou em traumas de baixa intensidade, conhecidos como fraturas por fragilidade óssea. “Uma fratura de quadril é tão séria quanto doenças como câncer ou insuficiência cardíaca nos primeiros seis meses após o ocorrido. Além disso, fraturas vertebrais podem causar dores crônicas nas costas, sintomas neurológicos por compressão e até alterações pulmonares e gastrointestinais devido à mudança no eixo do corpo. Por isso, a osteoporose é uma condição grave e potencialmente fatal, especialmente quando associada a fraturas, sendo as de quadril as mais severas”, ressalta.
Prevenção e tratamento
A prevenção da osteoporose é essencial e envolve várias práticas, como:
- Reposição hormonal: Pode ser recomendada para mulheres na menopausa, em determinados casos.
- Alimentação equilibrada: Garantir a ingestão de cálcio e vitamina D.
- Atividade física: Focar em exercícios de resistência e equilíbrio.
- Evitar hábitos prejudiciais: Como fumar, consumir álcool em excesso e ingerir cafeína em grandes quantidades.
- Acompanhamento médico: Realizar exames periódicos, como a densitometria óssea.
“Existem tratamentos eficazes e comprovados para a osteoporose disponíveis no Brasil. A suplementação de cálcio e vitamina D é indispensável, assim como a prática de exercícios físicos e o controle de fatores de risco. Além disso, há terapias específicas, como os bisfosfonatos, denosumabe, teriparatida e romosuzumabe. Não há razão para que qualquer pessoa dentro dos grupos de risco no Brasil deixe de ser avaliada para osteoporose e iniciar o tratamento o quanto antes, prevenindo assim as graves consequências da doença, como as fraturas”, complementa Denison.
Com a chegada do climatério e, especialmente, da menopausa, o rastreamento da osteoporose torna-se ainda mais importante para a saúde das mulheres. O especialista também recomenda que homens a partir dos 50 anos realizem essa avaliação. “É imprescindível que o médico solicite, no mínimo, a densitometria óssea, exame adequado para diagnosticar a osteoporose. Além disso, podem ser pedidos exames complementares para descartar outras condições, como doenças endocrinológicas, inflamatórias crônicas, autoimunes ou de má absorção”, orienta.
O monitoramento deve ser contínuo, com a repetição da densitometria em intervalos determinados pelo resultado inicial e os fatores de risco individuais. Denison também ressalta a relevância de exames de imagem, como raio-X de coluna e quadril, para identificar fraturas assintomáticas. “Muitos pacientes descobrem a osteoporose ao investigar dores nas costas. Em muitos casos, detectam-se fraturas anteriores que ocorreram sem que o paciente relatasse um trauma significativo”, alerta o médico.