Prática de exercícios físicos combina força e mobilidade física

Programas de treino definidos corretamente por profissionais habilitados buscam priorizar um equilíbrio coordenado dos exercícios que promovem e fortalecem as duas capacidades do corpo humano

Muitas pessoas, ao iniciarem suas atividades físicas e definirem seus planos de treino, costumam ficar em dúvida em relação aos tipos de exercícios que devem ser priorizados, com mais séries e repetições. Uma questão recorrente diz respeito à escolher o foco entre duas capacidades do corpo humano: ganhar força ou melhorar a mobilidade, aqui entendida como o conjunto de fatores que favorecem a fluidez do movimento corporal. Os programas de treino definidos corretamente, e por profissionais habilitados, buscam priorizar um equilíbrio coordenado dos exercícios que promovem e fortalecem as duas capacidades. 

Os exercícios físicos, em geral, trazem benefícios tanto para a força quanto para a mobilidade. No entanto, existem alguns tipos específicos de exercícios que priorizam determinadas áreas e funções do corpo. Um exemplo é o conjunto de exercícios de alongamento, indicados para ampliar as articulações e melhorar a flexibilidade dos movimentos. Estas sequências são, inclusive, recomendadas para serem feitas antes de iniciar uma série de exercícios ou uma prática esportiva, a fim de evitar lesões. 

A professora Thaysa Passos Nery Chagas, doutora em Ciências Fisiológicas e que leciona nos cursos da área de Saúde da Universidade Tiradentes (Unit), diz que a priorização de uma capacidade em relação a outra pode ser adotada a depender do tipo de esforço físico que será realizado. “Isso depende muito de especificidade. Precisa de mobilidade para a especificidade do seu gesto esportivo e a força. Ela pode ser uma prioridade da fase básica ou mesmo ser a valência mais importante ou determinante para o desempenho no esporte. Se a gente for pensar em levantamento olímpico, ou em um salto, tudo isso depende de força, só que acompanhada da aceleração do movimento. Então a força é crucial, assim como a mobilidade, que seria o ato de você desempenhar bem o gesto esportivo”, afirma. 

Ela explica também que o termo “mobilidade” é um conceito que se refere à capacidade de mover-se livremente, mas acabou sendo usado popularmente para definir os fatores que favorecem o movimento do corpo, como a flexibilidade, a força, a estabilidade e a resistência. “A gente se apropria desse conceito dentro do exercício físico pensando na melhor forma de executar exercícios ou aplicá-los no nosso dia a dia. Então, a mobilidade é formada a partir de um conjunto de valências que vão favorecer a execução dos movimentos. E para que a gente desenvolva essa mobilidade, a gente precisa de alguns componentes, como a flexibilidade muscular, o controle do sistema nervoso e a estabilidade dos movimentos”, explica Thaysa. 

Já em relação ao termo ‘força', ela o qualifica como uma valência física, que pode ser definida pela intensidade do trabalho (no âmbito do exercício físico) ou pelas repetições máximas (na musculação). É um elemento que auxilia em atividades diárias, inclusive as de carregar objetos e subir escadas, e melhora o desempenho do corpo na prática de esportes. “Você está mantendo ali músculos fortes, articulações extremamente protegidas, acaba favorecendo ali a redução de risco de lesões, e colabora também no âmbito da saúde, porque colabora também para a manutenção da densidade mineral óssea, metabolismo, controle postural. Desempenho esportivo também, já que existem muitas modalidades esportivas que necessitam de muita força para que você tenha o melhor rendimento”, destaca a professora.

Ela acrescenta que o equilíbrio entre força, estabilidade e flexibilidade garante a execução eficiente, segura e correta de cada exercício ou movimento exigido na prática esportiva. “Se eu estou precisando realizar um agachamento, tenho que ter uma boa amplitude de tornozelo, estabilidade no meu joelho, uma boa amplitude no meu quadril e estabilidade ali na minha musculatura paravertebral abdominal, para que estabilize muito bem ali o movimento. Então, para que eu execute esse agachamento, eu preciso de tudo isso funcionando em sincronismo. Isso é a mobilidade, o ato de você desempenhar bem uma função”, exemplifica. 

Evitando lesões

A literatura científica da área esportiva estima que cerca de 80% das lesões físicas sofridas pelos praticantes de exercícios ou esportes, são causadas por excesso de carga ou de repetições de um determinado movimento. Este dado chama a atenção para a importância de executar os exercícios e movimentos de maneira orientada, planejada e correta.

“Muitas vezes a pessoa faz de forma repetitiva, por exemplo, uma corrida. A corrida é uma sequência de saltos, que causa impacto e fadiga. Essa fadiga acaba diminuindo a resposta muscular, deixa as articulações mais desprotegidas e, com isso, acaba causando micro-lesões. Se não tiver o intervalo adequado para a sua recuperação, essas micro-lesões podem se cronificar e efetivamente afastar esse praticante do ambiente de treinamento, da performance, do exercício”, alerta Thaysa, recomendando que cada pessoa, ao fazer um exercício, procure entender e, principalmente, respeitar o próprio condicionamento físico.

Este respeito ao corpo passa, inclusive, por respeitar os intervalos de tempo entre um exercício e outro, para que o organismo descanse e se recupere do esforço empregado. “Tente trabalhar de forma a melhorar a qualidade do gesto esportivo, a qualidade da valência e não a quantidade. O excesso vai inibir qualquer tipo de melhoria na performance, porque quando a gente pensa no que a gente ganha com exercício é justamente no período de recuperação e não quando a gente está ali realizando”, orienta a professora da Unit.