Vídeos falsos utilizando inteligência artificial distorcem a realidade
Cada vez mais aprimorada, a deep fake utiliza inteligência artificial e fomenta a propagação de conteúdos falsos.

Vídeos falsos utilizando inteligência artificial distorcem a realidade - Imagem: Asscom Unit
Cada vez mais sofisticada, a indústria da fake news tem contribuído com a desinformação. E a mais nova técnica utilizada para criar conteúdos falsos é a inteligência artificial. A chamada depp fake substitui rostos em vídeos e imagens, imita vozes e distorce o conteúdo das falas originais. Essa forma de transmitir informações falsas ainda é pouco conhecida, mas tende a aumentar. Por isso, é preciso estar atento, se informar apenas por fontes confiáveis e sempre checar antes de repassar mensagens e informações.
“A deep fake utiliza inteligência artificial para criar um outro vídeo a partir de imagens ou de outros vídeos para fazer de conta que é real. Chega-se ao nível de falsificar frame a frame, utilizam a mesma voz em um vídeo, que parece ser você falando e quem está vendo tem a percepção realmente que é você movimentando os lábios e utilizando expressões faciais. Então, é muito difícil de uma pessoa identificar se realmente é ou não real”, explica o professor dos cursos de Computação da Universidade Tiradentes, Fábio Santos.
A utilização da técnica não é recente, mas tem sido utilizada de maneira mais acreditável. Antes da criação da inteligência artificial já era possível fazer montagens, mas era muito mais complexo e exigia conhecimento aprofundado da ferramenta utilizada. “As técnicas de inteligência artificial são técnicas que já existiam e haviam sido estudadas, só que agora estão sendo utilizadas com a vertente que antes não se fazia”, afirma.
“Começou com as fake news por mensagens. E na deep fake são vários tipos: as de texto, em que a pessoa simula como se fosse a escrita de alguém e tem a deep fake de imagem. Então, vão-se criando diversas situações utilizando as técnicas da computação. É isso o que está acontecendo hoje, efetivamente”, acrescenta o professor.
Cuidados
A maioria das pessoas desconhece o que é deep fake. E de acordo com Fábio, desconhecem o que é a maior parte das pessoas não se preocupa com esse tipo de ocorrência. “O ideal é que você veja todo o vídeo e se tiver dúvida, passar ele de trás pra frente, de frente pra trás várias vezes para ver possíveis falhas. Só que você não é especialista na área de imagem, então, dificilmente vai conseguir perceber, mas pode ser que tenha uma percepção”, indica.
Para evitar cair na crença de falsos conteúdos, o professor sugere: “ao receber uma notícia, eu olho e não acredito. Na maioria dos casos não é uma coisa que me chama atenção ou que não faz nenhum sentido. Aquelas que eu julgo pertinentes, eu me coloco em dúvida ‘será que isso é real’ e faço uma curadoria de conteúdo porque pode ser algo totalmente falso”, recomenda.
“Mas, é absurdamente difícil para a maioria das pessoas identificar a deep fake. Infelizmente, é uma técnica que vão utilizar cada vez mais e pode causar um dano muito grande para a sociedade”, lamenta o professor.
Eleições
As fake news têm impactado as eleições em diversos países. O termo tornou-se popular após as eleições dos Estados Unidos, em 2016. Normalmente, elas geram desinformação, polêmica e desconforto em torno de uma situação ou pessoa, buscando confundir os eleitores e a população em geral. Dessa mesma forma, a depp fake pode influenciar negativamente.
“Geralmente, você está em um grupo em aplicativos de comunicação e redes sociais nos quais têm pessoas em que você confia, dificilmente você entra em um grupo de alguém que é desconhecido. Então, são grupos de pessoas ou de interesses em comum e você acaba tendo uma relação de confiança. Quando aquela notícia vem de pessoas nas quais você confia, muitas vezes ela já está repassando sem saber. Isso vai influenciar realmente o seu pensamento”, esclarece.
Efeitos legais
Segundo o professor, utilizar técnicas para criar conteúdo falso não tem nenhuma aplicação legal, a princípio. “Então, eles não estão cometendo nenhuma ilegalidade. As autoridades estão buscando realmente punir quem divulga coisas falsas em relação a eleição, mas oficialmente, não tem uma lei realmente em que se possa enquadrar diretamente como um crime. Primeiro surgem as inovações e a lei não acompanha”, lamenta.