OS CANDIDATOS :: Por José Lima Santana
José Lima Santana(*) jlsantana@bol.com.br
Alguém sem bom discernimento deu para inventar maluquices. Como se os seres humanos, em geral, já não fossem habituées em fazer rolar múltiplas insanidades. Todavia, dentre as maluquices acima mencionadas está a invenção maldita do segundo turno nas eleições majoritárias para o Executivo. Quem foi esse desvairado, que deu para castigar os pobres eleitores, que, além de ter que ir às urnas forçosamente, ainda por cima eles têm de retornar às urnas, nalguns casos, para votar, às vezes, em um dentre dois candidatos nos quais alguns eles, os eleitores, não votaram no primeiro turno? Pois bem. A invenção do segundo turno não foi obra de ser humano nenhum. Afinal, nenhum ser humano seria tão desumano assim para criar uma besteira dessas. Segundo turno é, sim, uma besteira tão grande que não tem no mundo uma besta tão quadrada assim, capaz de legar ao mundo tamanha idiotice. Como dizia o velho Juquinha de Nonô, grande prefeito da minha terra, de saudosa memória, “quem perdeu que chore”. E quem ganhou que vibre, eu completo.
Ora, eu ouvi dizer que quem inventou esse bicho famigerado chamado segundo turno foi um jumento. De verdade. Dizem até que foi “Miúdo”, o jegue de “seu” Zezé Barbeiro, lá do João Ventura. Terá sido mesmo ele? Disso eu não tenho lembrança. Mas, é bem possível que tenha sido mesmo o velho “Miúdo”, jegue sabido por demais, que nunca relinchou fora de hora. Cada relincho que ele fazia bramir nos ares era na hora certinha. Podia-se conferir o relógio. Nunca falhava. Além do mais, ele era presepeiro por excelência. Que o dissesse o velho Zeferino, dono de estimada e valorosa jumenta com a qual “Miúdo” acabaria flertando algumas vezes.
Mundo cruel! Jumento cruel, que inventou o segundo turno! Terrível. Terrível. Terrível. Para que serve mesmo o segundo turno? Para a elaboração de novas alianças, de novos acordos para achacar os eleitores, de novas maneiras para dar fim ao dinheiro do povo com a distribuição de mais cargos em comissão e sabe-se lá o quê mais. E o povo se ferrando cada vez mais.
O segundo turno é igual ao portal do inferno. Eu não sei como é o portal do inferno, porém, deve ser algo horroroso. Entretanto, eu sei muito bem como é o segundo turno. Uma indecência. A gente perde (esse “perde” deve ser entre aspas) dois domingos, ou uma parte deles. Se a gente vota pela manhã, perde bons momentos na praia; se vota à tarde, perde o cinema ou a soneca vespertina domingueira, tão essencial para o salutar exercício da “preguicite” aguda.
Segundo turno... Ninguém merece. Para quem gosta de bater boca por causa de ideologias, em defesa deste ou daquele candidato, ou atacando um ou outro, o segundo turno é um prato cheio. Na verdade, cheio de titica de cachorro, com todo o respeito a todos os caninos, que, como diria o ex-ministro Magri (lembram-se dele?), também são seres humanos. Santo Deus!
Segundo turno! Quando eu penso nesse maldito, dói-me o corpo todo. Dá-me nos nervos. Com quem irá o candidato Fulano, que ficou em terceiro lugar? Ih, ninguém quer o apoio dele, mas os dois candidatos querem os votos dele! Votos, claro, todo candidato os quer. Venham de onde vierem. E o outro candidato, o que ficou em quarto lugar? Este vai ficar neutro. Os correligionários assim o desejam. E a candidata, ou as candidatas, que ficaram lá no fundo das urnas? Ah, quem haverá de saber? Deixem-nas para lá. É o melhor que se faz.
Segundo turno. Segundo turno. Segundo turno. Dá-me, sim, nos nervos. Eu não aguento o segundo turno. Eu seria capaz de cometer uma besteira: esganiçar o jumento que criou o segundo turno. Jumento desalmado. E desde quando jumento tem alma? Sei lá! Os meus nervos estão à flor da pele só de pensar no segundo turno. Eu não vejo o programa eleitoral gratuito. Como é gratuito, ninguém me paga para vê-lo. Se me pagassem, eu até poderia vê-lo. Poderia, mas não tenho certeza. Agora, contudo, eu sou capaz de assistir a todos os programas. Assistir a todas as inserções. Sabem os leitores qual é a razão desta minha decisão? É que eu quero pirar de vez. Segundo turno... Segundo turno... Se eu pirar de vez, por favor, alguém me entregue aos cuidados do meu querido amigo, Dr. José Hamilton Maciel, profissional exemplar.
Todo segundo turno é enlouquecedor. Os assessores e/ou partidários ficam aperreados. Chegam até a trocar farpas nas mídias sociais. Os candidatos se descabelam. Os que têm cabelos, claro. Nem todos os têm.
Caro leitor: no último domingo do mês, vá à urna. Ela lhe espera. Leve o seu contributo para a democracia. Vote. Neste ou naquele candidato. Vote em branco ou nulo. Se ao chegar à seção eleitoral, os miolos começarem a ferver, cuidado! São as consequências do segundo turno. Consulte um médico e diga-lhe que o seu mal-estar tem como origem a guerra declarada entre dois candidatos. Mas, se você preferir, corra para casa e beba um licor de jenipapo. Sempre ajuda.
(*) DIÁCONO. ADVOGADO. PROFESSOR DA UFS. MEMBRO DA ASL, DA ASLJ E DO IHGSE.
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