O Treme-Treme não tremeu :: Por José Lima Santana
José Lima Santana
No artigo intitulado“Edvaldo Nogueira é zabumbeiro? E daí?” que eu publiquei aqui no CLICK SERGIPE em 29 de junho último eu disse dentre outras coisas que Edvaldo Nogueira contava “com um bruxo ao seu lado: o publicitário Carlos Cauê vitorioso em várias campanhas políticas. Gente de casa que conhece muito bem a casa da gente”. Embora sob a minha ótica ele não tenha ido bem no marketing do primeiro turno no segundo turno saiu-se muito bem. É evidente que os marketings dos dois candidatos Edvaldo e Valadares Filho deixaram a desejar no que tange à apresentação bem escorreita das propostas de ambos. Mas em se tratando do marketing político que vingou no Brasil nas últimas décadas o que se tem visto é a desconstrução dos candidatos. Todos têm apelado para isso.
No mesmo artigo eu disse: “O governo do estado passa por dificuldades de caixa como ademais passam os demais estados ou quase todos eles. Essas dificuldades fazem com que Jackson Barreto não esteja em boa cotação diante do eleitorado a começar pelos servidores públicos estaduais. JB entretanto é tinhoso. É macaco que sabe manejar os galhos das árvores. Sabe como se mover em situações embaraçosas. Já deu provas disso. E é rápido. Sabe ver julgar e agir”. Pois é: o governador Jackson Barreto ainda consegue dar as cartas ou no mínimo ajudar a dar as cartas. Dizia-se no começo da campanha do segundo turno que JB estava liquidado e que ninguém tomaria o governo dos irmãos Amorim em 2018. Devagar com o andor porque o santo é de barro.
No artigo “Edvaldo Nogueira X Valadares Filho” publicado no Jornal da Cidade edição de 4 de outubro eu finalizei dizendo: “Vamos ver o que virá por aí. Edvaldo Nogueira terá que rearrumar a casa. Já Valadares Filho poderá continuar subindo [nas pesquisas]. Como detê-lo? Isso é trabalho para o marketing de Edvaldo”. O marketing funcionou sim. No programa eleitoral gratuito e nas redes sociais. Foi mais impactante do que o marketing adversário. É evidente porém que uma série de fatores contribuiu para a vitória de Edvaldo com mais de onze mil votos de diferença. Vitória que o candidato apoiado pelo governador Jackson Barreto só viu se consolidar na última hora ou seja na última semana da campanha. E por falar em Jackson Barreto a ele também deve ser creditada uma parcela dessa vitória. A bem dizer JB foi salvo pelo gongo. Politicamente. Os seus adversários já davam como favas contadas a conquista da Prefeitura e por extensão do governo do estado em 2018. A aliança dos irmãos Amorim com os Valadares parecia ser imbatível quando findou o primeiro turno. E com a adesão do grupo ligado a João Alves (vereadores eleitos candidatos derrotados em busca de uma “boquinha” etc.) aí então davam JB como carta fora do baralho. Ledo engano!
No artigo publicado em 4 de outubro como está dito acima eu disse que “se a situação econômico-financeira do país e do estado passar por melhoras a partir do ano que vem JB ganhará fôlego. E aí a cobra vai fumar. De novo”. Ora nem precisou. A cobra já fumou. O fôlego de Jackson Barreto parece não ter fim. O governador brioseiro está sorrindo à toa. Porém ele precisa dar a volta por cima na sua administração ou nalguns setores da mesma. Vire o jogo JB! Ajeite as coisas. Azeite a máquina administrativa. Movimente algumas peças se for preciso. A resposta nas urnas do povo de Aracaju além de um doce lenitivo para você governador dá-lhe a responsabilidade de responder à altura. O povo disse não aos seus opositores. Retribua com mais trabalho. Mais segurança pública. Mais educação. Mais saúde. E muito mais. Você governador sabe muito bem o que deve ser feito.
Disse-me um ex-vereador aracajuano muito ligado a JB no passado que o governador mandou chamar os seus velhos cabos eleitorais de todos os bairros de Aracaju para lhes pedir empenho no segundo turno ou orientou Edvaldo e outras pessoas entrosadas na campanha a chamarem tantas outras lideranças de bairros. Eu creio que isso deve ser verdade. JB sabe muito bem onde buscar votos e como buscá-los. Ainda não chegou a hora de acuarem o governador do estado. Ao que parece o seu fôlego é de gato. Se não for parece ser.
Com relação a Edvaldo ele deverá enfrentar poucas e boas ao assumir a Prefeitura Municipal. A situação financeira não é boa. João Alves não amargou o terceiro lugar no primeiro turno aliás com uma votação pífia tão somente pelo desastre que foi a sua administração em boa parte por conta de algumas escolhas muito mal feitas que por fim lhe pesaram sobre os ombros. A situação financeira também contribuiu para o seu fracasso nas urnas. É inegável. Edvaldo precisará de muito discernimento para tocar mais uma gestão. Que busque as pessoas certas ou seja pessoas que possam fazer a gestão que o povo precisa e merece. Que possam administrar com os lhos postos no prefeito e não nos seus próprios umbigos. Afinal secretários não são votados. Votado é o prefeito.
A eleição aracajuana finalmente mostrou uma realidade insofismável: os irmãos Amorim e os Valadares estão longe de angariarem a plena confiança do eleitorado aracajuano. Quanto a Jackson Barreto apesar de altos e baixos ainda consegue atrair o seu eleitorado.
Um recado para Edvaldo: sujeito disseram que você era o Treme-Treme. Bem. No segundo turno você provou que não tremeu. Planeje a sua administração. Faça isso o mais depressa possível. Muitas serão as dificuldades. Não decepcione quem não lhe deixou passar decepção: o povo de Aracaju. O povo Edvaldo! Não esqueça o povo...!
(*) DIÁCONO. ADVOGADO. PROFESSOR DA UFS. MEMBRO DA ASL DA ASLJ E DO IHGSE
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